IA generativa domina agenda do Centro de Inovação da Capgemini Brasil
Silvio Dantas, diretor de Inovação e Transformação Digital da Capgemini Brasil, recebeu o IT Forum na sede do AIE
Dos mais de 40 projetos desenvolvidos ao longo deste ano pelo centro de inovação da Capgemini no Brasil, o Applied Innovation Exchange (AIE), todos envolveram a inteligência artificial (IA) generativa em alguma medida. É isso que afirmou Silvio Dantas, diretor de Inovação e Transformação Digital da multinacional francesa de consultoria, ao IT Forum durante uma conversa na sede da empresa, em São Paulo.
O novo espaço físico do AIE foi inaugurado em abril deste ano. Seu objetivo é aproximar parceiros e clientes da Capgemini ao seus times de especialistas em inovação aplicada e ideação para desenvolver projetos que solucionam desafios e buscam novos modelos de negócio. Desde que começou a operar, mais de 1,5 mil pessoas passaram pelo local.
Dantas assumiu a liderança da iniciativa em fevereiro de 2021. Antes disso, atuou na IBM como líder de Transformação Digital e Estratégia do IBM Garage, hub de inovação da big blue. “Inovação é você ter uma necessidade e buscar tecnologia para resolver o problema”, defende o executivo.
E ao longo de 2023, muitas empresas voltaram-se para a IA generativa para resolverem seus problemas. “A demanda está muito grande”, explicou Dantas. “Pode ser que o problema do cliente não necessariamente seja resolvido com IA generativa, mas ele vem querendo falar disso.”
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Os tipos de clientes que chegam ao AIE buscando alguma solução de IA generativa variam. Por um lado, há aqueles que querem implementar a tecnologia de qualquer jeito. “Tem cliente que chega aqui e fala: eu quero fazer barulho”, afirmou Dantas. O executivo não necessariamente discorda da estratégia. Na sua avaliação, muitas vezes é mais barato investir em uma inovação e “ser pioneiro” do que “ser seguidor”.
O outro estilo de projeto que o AIE desenvolveu muito durante 2023 são aqueles bem focados. Dantas explica que esses são os clientes que já chegam com um problema específico e buscam uma solução. “A gente mapeia jornada, identifica os gaps e, então, podemos aplicar automação, robotização, inteligência artificial tradicional ou IA generativa”, pontua o diretor do centro.
Das dezenas de projetos de IA generativa desenvolvidos ao longo do ano pelo time do AIE, as aplicações envolvendo o relacionamento ou atendimento ao clientes foram as mais comuns. Dantas não abriu detalhes sobre os clientes, mas citou que empresas do setor financeiro, de seguros e até do varejo planejaram soluções focadas nessas aplicações junto à Capgemini. O foco, diz Dantas, é na “humanização” do atendimento.
É também o interesse do mercado no uso da IA generativa como ferramenta de humanização que levou o AIE a desenvolver um projeto interno com a tecnologia. Em novembro do ano passado, o time do centro começou a trabalhar na avatar virtual Olívia.
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A personagem é capaz de interagir com o público através de linguagem natural e está disponível em múltiplos dispositivos – até mesmo em realidade aumentada. Ela foi colocada em produção em março e treinada com dados do Technovision, relatório anual de tendências da Capgemini. Com isso, ela é capaz de conversar com pessoas através de voz e responder perguntas gerais sobre tendências de TI, alimentadas com os dados coletados nos mais de 50 países no qual a consultoria atua.
“Eu uso a Olívia como uma referência técnica de onde a experiência e a tecnologia podem chegar”, explica Dantas. “Todo mundo fala de IA generativa, então o que eu faço é mostrar, para o cliente, como é a IA generativa na prática”. Em algumas ocasiões, o time da Capgemini treinou a Olívia nos próprios dados de clientes, para que eles próprios pudessem interagir com ela e perguntar sobre soluções para problemas enfrentados por suas organizações.
“Interesse vai dobrar”
Segundo Silvio Dantas, o avanço da IA generativa neste ano foi uma “quebra” na temática de transformação e inovação no mercado de até então. A tecnologia foi popularizada primeiro pelo lançamento público do ChatGPT, da OpenAI, e, depois, de ofertas comerciais de gigantes como Microsoft, Google e Amazon.
Antes disso, no entanto, era o metaverso que estava em alta no AIE. “Há um, dois anos, os clientes só queriam falar de metaverso”, contou Dantas. O principal driver dessa tendência havia sido Mark Zuckerberg, fundador do Facebook – hoje Meta –, que trouxe os holofotes para o tema ao longo dos últimos anos.
Em 2024, no entanto, a IA generativa continuará em alta. Essa é a aposta de Dantas, que acredita que o interesse em projetos pelo tema deve até “dobrar”.
Há algumas preocupações dos clientes com a tecnologia, é claro. Dantas destaca, por exemplo, a questão do custo da IA generativa. De acordo com o executivo, se o projeto não for bem planejado antes da implementação, clientes podem acabar “tendo um novo sócio”. Outra dificuldade é “provar valor” para a adoção da IA generativa.
Ainda assim, o momento é positivo para a tecnologia – e o interesse do AIE no tema não deve arrefecer. “Tem muita experimentação ainda”, finalizou Dantas.
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