Governos levam quase dois anos em ciclos de compra de TI

Segundo o Gartner, setor possui particularidades que atrasariam compras de tecnologia, como grandes equipes e burocracia

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8:15 am - 20 de setembro de 2022

As compras de tecnologia no setor público levam, em média, cerca de 22 meses, revelou o Gartner em novo estudo divulgado essa semana. Segundo a consultoria, é um ciclo de adoção de tecnologia mais longo quando comparado com outros setores.

“A aquisição de tecnologia traz desafios para o setor público que normalmente não existem em outros setores”, comenta Dean Lacheca, analista e vice-presidente do Gartner, em comunicado. “Cada jurisdição tem suas próprias leis e políticas de compras e cada agência ou departamento pode ter sua própria interpretação delas. O descumprimento das regras pode ter sérias consequências, desde publicidade indesejada até risco pessoal de processo”.

A pesquisa do Gartner realizada entre novembro e dezembro de 2021, ouviu 1.120 executivos envolvidos na avaliação ou seleção de tecnologia, incluindo 79 do setor público, para entender como as organizações abordam os esforços de compra em larga escala para tecnologia corporativa. Quase metade dos entrevistados (48%) relatou seis ou mais atrasos significativos no processo de compra. O impacto cumulativo de fatores, como mudanças no escopo, acrescentou sete meses, em média, ao ciclo de compra de tecnologia do governo.

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Na avaliação do Gartner, o ciclo maior de compras de TI pelo governo se justifica, em parte, pela complexidade ou burocraria. De acordo com o levantamento, uma típica equipe de compras do setor público tem 12 participantes, com níveis variados de participação no processo. Executivos de nível C do governo, por exemplo, tendem a estar menos envolvidos (41%) do que os do setor privado (55%) nas compras de tecnologia para evitar associação com o processo e criar a percepção de influência política no resultado.

Essa realidade, na avaliação da consultoria, torna os gestores governamentais menos dispostos a defender o processo, se forem desafiados por fornecedores malsucedidos ou pela mídia. As equipes de compras do setor público são mais propensas do que outras indústrias a serem compostas por pessoal operacional de grau inferior (46%) impactado pelo processo de compra, assumindo o papel de especialista no assunto de negócios.

Os fatores mais relatados que resultam em atrasos significativos ocorrem antes do início do que seria considerado o processo de aquisição oficial. Algumas dessas condições incluem o desenvolvimento do business case (74%), mudanças de escopo que exigem pesquisa e avaliação adicionais (76%) e chegar a um acordo em torno do orçamento (75%).

“Embora os ciclos de compra do governo possam ser longos, é importante notar que esses prazos não estão definidos”, comenta Lacheca. “Os cronogramas iniciais planejados podem ser atrasados como resultado de uma combinação de fatores controláveis e incontroláveis, especialmente quando não existem prazos externos.”

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