Google Cloud: IA generativa está na fase de “exploração e aprendizado” no Brasil

Líder do Google Cloud para a América Latina afirmou que o momento é de busca por casos de negócios para a IA generativa

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7:30 am - 10 de outubro de 2023
Eduardo Lopez, presidente do Google Cloud para a América Latina (Imagem: Divulgação/Google) Eduardo López, presidente do Google Cloud para a América Latina (Imagem: Divulgação/Google)

A inteligência artificial (IA) generativa está no centro da estratégia do Google Cloud, divisão de serviços de nuvem da Google, para continuar ganhando espaço no mercado. Durante o Next’ 2023, principal evento da companhia no ano, realizado em agosto em São Francisco, os anúncios de IA generativa dominaram a discussão.

Entre as novidades apresentadas pelo organização, esteve a ampliação do acesso ao modelo proprietário de linguagem natural PaLM 2 em português para todos os clientes de Cloud do Google. O Duet AI, interface de linguagem natural, também estará disponível até o final deste ano para todos os usuários do Workspace, a suíte de aplicativos de produtividade do Google. Por enquanto, a ferramenta não estará disponível em português, no entanto.

Com os anúncios, o Google Cloud espera atender ao interesse que já desperta entre os clientes em relação à IA generativa – incluindo no Brasil. Um recente estudo realizado pelo Google Cloud em parceria com a IDC Brasil mediu o interesse de líderes de tecnologia em relação ao tema da IA generativa no país. Entre os 117 participantes – a grande maioria representantes de grandes empresas com mais de mil funcionários no país –, 81% apontaram que o tema de IA generativa é abordado “frequentemente” ou “sempre” em reuniões executivas.

Durante o Google Cloud Summit, evento realizado pela companhia em São Paulo, na semana passada, Luciano Ramos, country manager da IDC Brasil, apontou que o interesse das companhias na tecnologia pode ser dividido em três áreas principais: para ganhos de eficiência e produtividade; para a automação e otimização de processos; e para melhorar a gestão de dados.

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No entanto, uma minoria dos entrevistados está de fato ponto “as mãos na massa” com a tecnologia. Apenas 25% dos líderes de TI das empresas participantes do estudo apontaram já estarem testando alguma prova de conceito (POC) ou realizando testes práticos com a tecnologia. “A grande dificuldade das empresas hoje é aterrissar isso no negócio”, disse Ramos. “As empresas estão buscando capacitação de talentos, buscando estudar sobre o tema, e buscando entender casos e referências de mercado antes de chegar à POC.”

Eduardo López, presidente do Google Cloud para a América Latina – que também assumiu a posição interina de head da empresa para o Brasil, após a saída de Marco Bravo – também vê que o momento da IA generativa na região é de “aprendizado”.

Nos últimos meses, o Google Cloud começou “conversas” com alguns clientes na região sobre o potencial da IA generativa, mas, de acordo com o executivo, muitas companhias ainda estão na fase de entender quais serão as aplicações que de fato trarão valor de negócio. Globo e Bradesco estão entre esses clientes.

“É muito difícil convencer o CFO a investir em uma tecnologia na qual você não tem o caso de negócio que vai ser impactado”, avaliou López em uma rodada de perguntas e respostas com a imprensa. “As empresas precisam, em um ambiente tão competitivo, usar a tecnologia para ter um diferencial de negócio, não pela tecnologia em si.”

Na prática, isso significa que as receitas atuais das soluções de IA generativa ainda não são altas para o Google Cloud. Mas o potencial já existe, na avaliação de López, e, nos próximos “seis a oito meses”, o mercado deverá ver um amadurecimento grande na adoção da tecnologia. “Hoje em dia, o revenue que vem dessas iniciativas está em crescimento. É baixo, mas com uma tendência muito boa para o ano que vem”, afirmou, sem compartilhar números.

O custo da nuvem

Também durante o Summit, Eduardo López falou sobre o momento do mercado de nuvem para a empresa na região. Os dados da pesquisa encomendada pelo Google Cloud ao IDC apontam que 94% das empresas entrevistadas já têm soluções de nuvem adotadas como parte de suas infraestruturas de TI. Dos entrevistados, 52% apontaram que devem manter seus investimentos em nuvem de 2023 para 2024, enquanto 36% dizem que aumentarão as inversões.

Questionado pelo IT Forum sobre os 12% restantes que têm previsão de reduzir os investimentos em nuvem no próximo ano, López afirmou que o movimento vem, principalmente, de clientes que tiveram seus negócios afetados pela pandemia ou por clientes que estão reestruturando suas operações – em busca da otimização de custos.

“O uso da nuvem tem um nível de maturidade. Empresas que começaram pegando o que estava on-premise e levando para a nuvem, fizeram uma economia inicial. Mas, depois, se você não tem um modelo de governança e de administração, essa conta de serviço pode começar a explodir”, comentou. “Nós estamos ajudando clientes com times de FinOps, ajudando os investimentos de OPEX na nuvem a ficarem dentro de valores razoáveis.”

Entre 2017 e 2022, o Google Cloud investiu R$ 1,6 bilhão em expansão de infraestrutura para atender apenas o mercado brasileiro. O investimento não foi direcionado apenas para a oferta de data centers, mas também na capacitação, comunicação, serviços e na infraestrutura de cabeamento submarino para suportar o tráfego do país para o mundo.

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Rafael Romer

Rafael Romer é repórter do IT Forum. É bacharel em Comunicação Social – Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Tem mais de 12 anos de experiência na cobertura dos segmentos de TI, tecnologia e games, com passagens pelo Olhar Digital, Canaltech, Omelete Company, Trip Editora e IG.

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