Fluência digital: como estimular a transformação digital nas empresas

Evento digital debate os impactos do salto de 20 anos que foi dado em questão de quatro meses de pandemia

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7:11 pm - 11 de setembro de 2020
fluência digital

Será que o mundo está preparado para um salto de 20 anos no futuro? Pronto ou não, esse salto já aconteceu durante a pandemia e agora é necessário fornecer à distância a mesma qualidade na prestação de serviços e atendimentos experimentada de forma presencial. Como absorver essa mudança e compreender esse novo panorama foi a questão central do debate “Fluência digital: a hora do salto para uma digitalização sofisticada é agora”, que aconteceu durante o IT Forum Anywhere nesta sexta-feira (11).

O breakout teve a participação de Ailton Brandão (CIO do Hospital Sírio Libanês), João Alvarenga (diretor de TI e Digital do Grupo Hermes Pardini) e Carlos Piazza (consultor e professor da FIAP). A mediação do encontro virtual foi da gerente-executiva de conteúdo da IT Mídia Deborah Oliveira.

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Salto de transformação

Os dois líderes de tecnologia do ramo da saúde apontaram sua experiências dentro da demanda por uma transformação tão acelerada.

Para Ailton Brandão, do Sírio Libanês, tecnologias como telemedicina e analytics foram as que mais impactaram o segmento. “O time de dados nunca foi tão demandado quanto durante a pandemia. Fizemos desde coisas básicas como prever o consumo de máscaras e outros EPIs até o desenvolvimento de um algoritmo sofisticado para preparação do número de leitos disponíveis para essa situação sem precedentes”, conta o CIO do hospital.

Por outro lado, João Alvarenga acredita que a pandemia provou que o desenvolvimento ágil veio para ficar. “As mudanças são muito mais constantes e o tempo de vida do produto tende a ser cada vez menor”, afirma o diretor de TI e Digital do Grupo Hermes Pardini. O executivo vai além: aponta que os tempos de crise tornarão a fluência digital uma obrigação, mas que essa não é uma mudança sem motivo.

“É preciso pensar no retorno do investimento feito nas soluções digitais. Não é só digitalizar por digitalizar. A falta do dinheiro vai nos mostrar isso, que é necessário tornar algo qualitativo em algo mensurável”, comenta Alvarenga.

Dissolvendo a hierarquia

Já o professor da FIAP, Carlos Piazza, a fluência digital é um patamar mais distante de se alcançar no Brasil por uma série de fatores, como corrupção e falta de investimento. Além disso, o professor acredita que é preciso trazer de volta a criatividade para as corporações.

“Precisamos parar de pensar em organizações transacionais e começar a falar de empresas transformacionais. Não dá para ser ágil quando a gente tem todo mundo preso às hierarquias”, explica Carlos Piazza. Segundo o professor e consultor, dissolver as hierarquias é essencial para fazer as decisões fluírem nas companhias. “Hierarquia é uma coisa de 40 anos atrás”, dispara Piazza.

Assim, em linha com esse pensamento, Alvarenga afirma que quebrar a hierarquia faz todo o sentido para que as áreas das companhias pensem em soluções para o negócio como um todo. Nesse cenário, os líderes de TI têm um papel fundamental para o executivo. “É uma transformação brutal dentro da empresa. TI passa a ser mais do que um business partner, a gente passa a ser cobrado como uma unidade de negócio”, explica.

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Segundo o diretor do grupo Hermes Pardini, ele só ocupa 5% de seu tempo falando “de bites e bytes”. “Os outros 95% eu passo ouvindo, entendendo problemas e oportunidades. Como o digital vai contribuir. Anda existe a operação da TI, mas ela não pode ocupar o meu tempo”, conta.

Quebrando as barreiras

Por outro lado, Ailton Brandão explica que essa mudança cultural é tão importante quanto o uso de novas tecnologias. E não pode ficar relegada ao time que usa post-its, barba grande e calças curtas ao trabalhar. “Há três anos, começamos a trabalhar com processos ágeis dentro da TI. Mas, se você quer trabalhar de forma ágil você precisa expandir para dentro da corporação”, explica Brandão.

“O pensamento ágil é bom para qualquer área da empresa, para as enfermeiras, para os médicos. Para as diferentes unidades do negócio”, complementa. Parte dessa abordagem é representada pela democratização de dados para melhor tomada de decisão de cada área do grupo, segundo o executivo que lidera a TI do Hospital Sírio Libanês.

Piazza complementa: “Está na hora de pegar de volta a nossa criatividade, trazer coisas que estão fora do radar. A gente não está acostumado a pensar no futuro porque isso requer criatividade”, diz o professor de pós-graduação e MBA da FIAP. O palestrante ainda lembra que, atualmente, os únicos elos duráveis com os consumidores são os elos de confiança e experiência.

Portanto, a fluência digital também significa se preparar para além do mindset de transformação. As companhias e líderes precisam estar prontos para o mindset da disrupção. Imaginando companhias sem hierarquias, com dados mais acessíveis e diversidade de ideias.

A cobertura completa do evento você confere aqui.

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