Para o recém-nomeado presidente da Ericsson para o Sul da América Latina, Rodrigo Dienstmann, o 5G é uma revolução tecnológica prestes a acontecer. E o papel da fabricante sueca de equipamentos de rede é não só fornecer infraestrutura, mas também auxiliar os clientes – principalmente as grandes operadoras – a não se tornarem provedores de comodities, como já aconteceu em gerações de conectividade móvel anteriores.
Em conversa com jornalistas realizada nesta terça (17), o executivo – conhecido por passagens pela Cisco e Vivo – falou um pouco não só sobre as perspectivas de negócio que o 5G representa para a empresa no Brasil (e na América do Sul), mas também das expectativas para o leilão e as possiblidades de aplicações para verticais.
“Alguns estudos que fizemos estimam em R$ 153 bilhões em valor agregado [gerado no Brasil] somente pelo 5G, e um total de quase R$ 400 bilhões da digitalização como um todo. E quem captura [esse montante]? A sociedade um pedaço, operadoras e indústria outro pedaço, além dos ecossistemas”, disse o executivo.
Segundo ele, o objetivo da Ericsson é manter “o máximo do valor agregado em nossos clientes, as operadoras, e os clientes dos nossos clientes”. Mas para que isso seja possível é preciso, diz, “novas capacidades, novos conhecimentos, que estão muito mais ligados a interpretar a tecnologia de modo diferente”.
“Obviamente as operadoras vão fazer um deslocamento de investimentos para o 5G, esse é um ponto sabido, vale para latam [América Latina] e para o mundo”, disse o executivo, ressaltando que novos modelos de negócio advindos do 5G trarão novos atores para a equação oferecendo serviços.
Assim, tanto operadoras como provedores regionais de internet (ISPs) precisarão se reinventar para não sucumbir à competição de startups e outros players inovadores e se tornarem fornecedores de comoditie – a saber, conectividade barata.
Para exemplificar, Dienstmann lembra do surgimento da internet das coisas (IoT) no Brasil: segundo ele, há cerca de 20 anos surgiram empresas especialistas em rastreamento de cargas usando redes 2G e usando celulares low-end em caminhões para rastrear cargas.
“O curioso é que naquela época as operadoras estavam tão preocupadas com o 2G que não olharam pra isso, e outro ecossistema tomou esse espaço. As empresas de rastreamento de carga usaram as operadoras como rede neutra”, contou. “Esse é o trabalho que vamos fazer com as operadoras, criar capacidades. Tudo que elas não querem é virar rede neutra.”
Dienstmann disse ter expectativas positivas para o vindouro leilão do 5G – cujo edital deve ser analisado nesta quarta-feira (18) pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Primeiro porque é “a porta de entrada para a revolução”, e segundo porque “responde aos anseios da sociedade” na medida em que é baseado em contrapartidas, não arrecadação, ou seja, os espectros de frequência não serão arrematados pelo maior valor possível, e sim pelos compromissos assumidos por parte das operadoras.
“Na minha visão o leilão, que espero que aconteça no fim de setembro ou começo de outubro, nada mais do que é o primeiro passo. Pequeno primeiro passo. O grande esforço dessa indústria vem depois”, disse aos jornalistas.
Muito embora a equipe técnica do TCU tenha manifestado ressalvas quanto a alguns pontos na minuta do edital que veio da Agência Nacional de Telecomunicações (a Anatel), a Ericsson não espera grandes mudanças porque “a redação original era bem consistente”.
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Segundo o presidente, embora as operadoras ainda não tenham fechado contratos de fornecimento de equipamentos – o que deve acontecer só depois de terminado o leilão –, são empresas com horizontes longos de planejamento e que já conversam sobre projetos “há vários anos”.
“Do nosso ponto de vista, inclusive fabril, estamos bem preparados. Uma das quatro fábricas da empresa fica aqui no Brasil, e ela recentemente inaugurou uma linha de produção de 5G. Já temos tudo pronto. Não precisa nem encaixotar, é só botar o selo e enviar”, brincou.
A empresa inaugurou a primeira linha de produção de equipamentos para o 5G na fábrica de São José dos Campos (SP) em março de 2021. Os equipamentos ali produzidos servirão para abastecer projetos no Brasil e na região. Serão investidos pela empresa cerca de R$ 1 bilhão entre 2020 e 2025 – valor que pode aumentar conforme a demanda por parte dos clientes.
“A fábrica serve não só ao Brasil, mas à região. E recentemente começamos a exportar para a Europa, EUA e até China. É um testemunho de que nossas fábricas podem ser altamente competitivas”, disse.
A empresa também tem um centro de pesquisa e desenvolvimento em Indaiatuba (SP), com foco em software e “expressiva produção de patentes brasileiras”, inclusive para o 5G.
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