CPQD: evolução tecnológica ‘mudou o conceito’ de telecomunicações

Centro de pesquisa lança venture builder em momento de mudança do setor e quer apoiar startups de vários setores com conhecimento

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8:25 am - 17 de maio de 2023
sebastio sahao jr, CPQD Sebastião Sahão Jr., presidente do CPQD. Foto: Divulgação

“Hoje não se fala mais de telecomunicações, que significava ‘comunicar à distância’. A evolução tecnológica mudou o conceito”, reflete Sebastião Sahão Jr., presidente do CPQD, durante coletiva de imprensa realizada pela organização no fim de abril. A afirmação considera tanto uma nova definição para todo um setor como também faz referência a uma relação cada vez mais intrínseca e difícil de separar entre três elementos: tecnologia da informação, comunicações e inovação.

Não por acaso o próprio CPQD anunciou, naquela ocasião e às vésperas do Web Summit, uma nova estrutura para investimento em inovação aberta e empreendedorismo chamada Ventures CPQD.

“O conceito da forma de inovar mudou também. E o que garante essa mudança? A conectividade”, continuou Sahão Júnior, enquanto explicava a razão de ser da iniciativa do centro de pesquisa sediado em Campinas (SP), e tradicionalmente vinculado ao setor de telecomunicações desde a fundação, em 1976, pela Telebras.

“Temos uma missão de inovação. Lá atrás era telecomunicações, e agora é tecnologia e inovação”, reiterou o executivo.

O Ventures CPQD é um venture builder de base tecnológica. O objetivo é desenvolver negócios e startups por meio da participação na ideação, construção e evolução do negócio, até a obtenção de retorno. Ou seja, não se trata de uma estrutura de financiamento, mas sim de apoio, principalmente de natureza técnica.

“Já investimos em startups, mas não como anjo. Não somos anjo, somos construtores. Não aportamos capital, isso todo fundo faz. Componentes tecnológicos e conhecimento em vários setores os fundos não têm, e essa foi nossa grande sacada”, disse o presidente.

Desde 2016 a organização tem aumentado esforços junto a startups, hubs de inovação e investidores, com mais de 50 projetos já realizados para o desenvolvimento de produtos e soluções em várias áreas. Principalmente com apoio de investidores e fundos de fomento, inclusive a Embrapii (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial).

Segundo Sahão, o modelo adotado permite ao CPQD participar dos negócios apoiados como sócio ou parceiro. A remuneração obtida pelo Centro – que é uma fundação de direito privado, ou seja, é uma estrutura estatal, mas juridicamente independente, e criada para fim específico – serve para retroalimentar o apoio dado a outras startups no futuro.

Alguns resultados prévios

“É um novo modelo de inovação aberta que estamos lançando. É um processo de mais de cinco anos do CPQD com inovação aberta em vários mercados, incluindo o setor de saúde, agronegócio, dados inteligentes”, explicou em detalhes Fabricio Lira Figueiredo, gerente de desenvolvimento de negócios do CPQD. “Nessa jornada estamos atuando como parceiros de aceleração tecnológica, aportando conhecimento com infraestrutura laboratorial, ativos tecnológicos, propriedade intelectual, para acelerar o desenvolvimento das soluções.”

Além do apoio tecnológico, o CPQD pretende ajudar na captação de recursos financeiros, reembolsáveis e de investidores privados.

Duas startups já estão sendo apoiadas pela iniciativa, ambas do agronegócio e com foco em sustentabilidade: a Sintropica Capital Natural e a Green Bonds Brasil.

A primeira, apoiada em parceria com a Embrapii, desenvolveu uma solução com base em inteligência artificial, automação de processos de mapeamento e monitoramento do solo para conservar e restaurar vegetações nativas. A ideia é transferir recursos para agricultores que conservam vegetações nativas em suas propriedades.

Já a Green Bonds quer criar uma cadeia de custódia e tokenização de ativos ambientais, utilizando blockchain e identidade digital descentralizada. O objetivo é dar integridade e rastreabilidade para o mercado de ativos de carbono.

Missão de longo prazo

Além do agronegócio sustentável, a empresa espera apoiar startups focadas em acessibilidade na saúde, indústria 4.0 e fotônica (estudo da luz), aplicada principalmente nas áreas de energia, óleo e gás.

Até o fim de 2023, a intenção do CPQD é ter quatro startups apoiadas pelo Ventures.

“Nossa missão é fomentar projetos que gerem valor para o ecossistema e impactem positivamente a sociedade. Vamos conjugar a busca de valor e de impacto”, explicou Figueiredo. “Vamos buscar startups em early stage até Series A com alto potencial de inovação.”

Segundo Sebastião Sahão Jr., não se trata de um programa pensado apenas para acelerar startups, mas também uma nova forma de o CPQD se fortalecer e fazer negócios. “O CPQD vive de resultados, e precisamos deles para continuar nosso ciclo de inovação e cumprir nossa missão”, disse.

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Marcelo Gimenes Vieira

Editor do IT Forum. Jornalista com 12 anos de experiência nos setores de TI, telecomunicações e saúde, sempre com um viés de negócios e inovação.

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