Como o 5G impulsionará a próxima geração de jogos em dispositivos móveis

O 5G promete latência extremamente baixa e velocidades muito rápidas, gerando entusiasmo tanto dos jogadores, quanto dos desenvolvedores de videogames

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4:11 pm - 28 de setembro de 2019

Os jogos passaram por décadas de evolução para chegarem ao seu estado atual. Os jogadores de hoje usam controles complexos, computadores potentes e, cada vez mais, os smartphones são uma forma de interagir com o mundo virtual, contrastando com o começo modesto de joystick e monitor de baixa definição. Jogar é um hobby tão popular, ou em alguns casos um estilo de vida real, que muitos até fazem disso uma profissão – algo que já ganha popularidade na Colômbia. Por sinal, o país relançou recentemente uma nova liga profissional de jogos, a Liga de Videojuegos Profesional (LVP). A América Latina é especificamente responsável por 4% da receita total de jogos do mundo e deve continuar crescendo em uma estimativa de 11,4% anualmente até 2023 – bem a tempo de o 5G virar o jogo na América Latina e em todo o mundo.

Abandonando o lag

O 5G promete latência extremamente baixa e velocidades muito rápidas, já gerando entusiasmo tanto dos jogadores, quanto dos desenvolvedores de videogames. O lag (ou atraso) – uma redução perceptível de velocidade resultante de redes congestionadas ao usar um aplicativo – é o pânico de qualquer partida online e pode significar a diferença entre a vitória e a derrota. Esse atraso pode fazer com que os jogadores percam quando, do contrário, venceriam , com que atrapalhe quem tenta acompanhar os amigos com melhores conexões de Internet ou simplesmente fazer com que seja frustrante jogar determinado jogo. O lag é tão importante que as informações de latência em tempo real já são incluídas como uma funcionalidade em muitos jogos. Os dados de jogos em 5G serão enviados de ponta a ponta a uma taxa muito mais rápida, pois o armazenamento e o processamento de dados acontecerão fisicamente em dispositivos mais próximos do jogador pela tecnologia MEC (Multi-access Edge Computing), que reduz efetivamente o lag.

Mais jogos, mais diversão

Um dos aspectos mais empolgantes do 5G na esfera dos jogos eletrônicos virá com a capacidade da rede de lidar com mais usuários ao mesmo tempo e, como consequência o tráfego wireless associado a eles – algo que será crítico para o crescimento do E-sports na América Latina, região que vem estimulando a expansão de torneios e eventos de jogos. Isso permitirá que mais pessoas participem de jogos de alta resolução em tempo real, uma vez que as redes móveis serão capazes de enviar maiores volumes de dados entre os dispositivos.

Ascensão do AR, VR e jogos baseados em nuvem

Os recursos de realidade aumentada e virtual nos jogos eletrônicos terão um enorme impulso com a chegada do 5G. Jogos baseados em localização, como o Pokémon Go, são exemplo de realidade aumentada que podemos esperar ver mais no futuro à medida que o 5G for adotado. Jogos interativos e interconectados que fornecem locais precisos em um intervalo de 1 metro – em comparação com a distância de 10 a 500 metros atualmente oferecida pelas redes 4G – dependem da adoção da 5G. E mais: os jogos de realidade virtual em tempo real poderão fazer com que os jogos 4K HD de hoje pareçam os Nintendo 64 dos anos 90.

O 5G, a partir da difusão de jogos baseados em nuvem, que aproveitarão a tecnologia MEC, também poderá ajudar a eliminar o incômodo de ter que comprar um novo console a cada poucos anos. Para não ficarem ultrapassados, também há possibilidades para os jogadores retrôs. Os jogos baseados em nuvem permitirão que os jogadores transmitam jogos antigos, agora disponíveis na nuvem em qualquer lugar e hora, independentemente de serem ou não donos do console em que o jogo foi originalmente lançado.

As redes que tornam possível o 5G

Nos primórdios da Internet, as redes apresentavam um número enorme e crescente de terminais distribuídos e fixos; enquanto hoje em dia, normalmente, as redes conectam os usuários finais a uma quantidade menor de data centers, mas de tamanhos muito maiores. Isso já causou impacto significativo na latência e na velocidade da rede, hospedando o conteúdo em grandes data centers próximos aos centros das cidades, onde os usuários finais vivem e jogam. As redes do futuro deverão aproximar ainda mais a conectividade dos usuários finais, ao mesmo tempo enquanto suportarão os grandes volumes de dados exigidos pelos jogos, streaming de vídeo e Internet das Coisas.

Os jogos da próxima geração poderão se tornar realidade através de redes mais adaptáveis. Garantir que os dados cheguem do ponto A ao ponto B com desempenho otimizado requer software e análises inteligentes que possam prever onde as falhas ocorrerão e corrigi-las proativamente, antes que ocorra uma interrupção – isso tudo muitas vezes sem qualquer necessidade de intervenção humana. A segmentação da rede 5G garantirá que os serviços de jogos obtenham seu pedaço de alto desempenho na rede geral, a fim de assegurar melhor qualidade na experiência dos jogadores.

O 5G proporcionará uma nova era aos jogos para dispositivos móveis. Ao reduzir bastante o lag ligado à latência da rede, a jogabilidade será mais suave e permitirá um número muito maior de usuários, potencialmente tornando-a uma atividade ainda mais comunitária do que já é. Jogadores de todos os níveis poderão escolher entre uma variedade cada vez maior de novas plataformas e aventuras nas quais poderão embarcar no mundo virtual. Os desenvolvedores não ficarão mais confinados às limitações de desempenho de rede existentes, que geralmente são “o melhor que temos para o momento”, estimulando a criatividade e abrindo novos caminhos para tudo que seja possível em um videogame.

À medida do avanço da tecnologia na América Latina, as redes se tornarão mais adaptáveis ​​e os desenvolvedores poderão ter seu dia de glória com o potencial do 5G, ajudando cidades como São Paulo – que é hoje considerada a principal cidade latino-americana para jogadores e a 23ª no mundo – a subir ainda mais no índice global de pontos de acesso de jogos. À medida que as redes melhorem e o 5G comece a se infiltrar na América Latina, não seria surpreendente ver as cidades latino-americanas concentrarem uma porcentagem maior entre as principais cidades do mundo para jogos – algo que deverá encantar os jogadores da Patagônia ao México, e todos os outros que localizados entre esses dois extremos do mapa.

*Por Hector Silva, CTO e Strategic Sales Leader, CALA, Ciena

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