Como a MRV Engenharia busca, pensa e estrutura a inovação?

Incorporadora tem investido em diferentes tecnologias emergentes. Recentemente, inaugurou laboratório dedicado à inovação

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2:00 pm - 30 de dezembro de 2019

No tradicional setor de construção, a inovação deve ser pensada como um grande ecossistema, sinaliza Flavio Vidal (foto), gestor executivo de inovação da MRV Engenharia, em entrevista à CIO Brasil. A incorporadora, com sede em Belo Horizonte (MG), conta com presença no Brasil todo – atualmente em mais de 160 cidades.

A fundação data de 1979, mas nos últimos anos a MRV tem buscado intensificar sua transformação digital para ganhar ares de “construtech” – nome dado às startups que buscam inovar o setor de construção e engenharia civil.

O empenho tem dado certo. No início de dezembro, inaugurou um espaço dedicado para desenvolver projetos de inovação. Batizado de LAB, o espaço fica localizado na sede da empresa em BH e tem como missão receber equipes que estão por trás de 100 projetos de inovação, sejam de colaboradores da própria MRV, sejam de parceiros externos.

“Esse espaço permitirá que as equipes possam trocar experiências e aprendizados, gere conhecimento, acelere projetos internos e ainda desenvolva novos negócios. Por lá vamos discutir soluções inteligentes e diferentes para os desafios corporativos e sociais do dia a dia”, resume Vidal. “É um local onde trabalhamos a inovação como um ecossistema”, complementa.

Se em 2018, a MRV ampliava o uso de tecnologias de inteligência artificial para adotar um chatbot para atendimento ao consumidor via Facebook e Portal de Relacionamento, neste ano, deu um passo à frente na adoção de tecnologias emergentes ao se tornar a primeira do setor a utilizar tecnologia blockchain para incorporação de um empreendimento imobiliário.

Com a tecnologia, ganhou-se agilidade e reduziu-se a burocracia do processo tradicional. “O avanço do blockchain no nosso setor é benéfico para quem compra e vende imóveis“, destaca Reinaldo Sima, Diretor de TI da MRV. “Além disso, os prazos para emissões de documentos são muitos reduzidos e a ferramenta trará mais eficiência e modernização para os cartórios”.

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Tais avanços fazem parte de um projeto estratégico e de longo prazo da MRV. A incorporadora comprometeu um orçamento de R$ 250 milhões ao longo dos últimos cinco anos para projetos de transformação digital e inovação. Mas falar em inovação, à primeira vista, pode soar algo abstrato às empresas e equipes. Para entregar valor, portanto, Vidal conta que a companhia precisou fazer a lição de casa.

“A MRV sempre foi uma empresa muito inovadora. O que faltava era uma área de inovação que organizasse tudo isso”, conta. Desde o final de 2018, a MRV conta com uma área dedicada ao tema. Na equipe de Vidal, há 10 colaboradores dedicados.

A área, explica Vidal, assume uma responsabilidade holística. “Direcionamos a inovação e alinhamos às estratégias da companhia”, destaca. Engenheiro civil de formação, Vidal acumula cursos também em Gestão de Negócios e reporta diretamente aos CEOs da MRV, Rafael Menin e Eduardo Fischer.

Inovação requer capacitação

Estruturar uma área de inovação cobrou a capacitação dos colaboradores, o que envolveu cursos internos e treinamentos em Design Thinking. “Com isso, começamos a ter vários insights de como poderia acelerar e potencializar a inovação. Discussões sobre como poderíamos utilizar Realidade Virtual, Realidade Aumentada, chatbot, blockchain. A gente começou a rabiscar as áreas da companhia que poderiam ser beneficiadas, começando muito por uma provocação de como eu posso tirar proveito das novas tecnologias e gerar valor”, explica Vidal.

Para Vidal, a inovação precisa ser transversal e pulverizada entre as equipes e funcionários, buscando parceiros dentro da própria companhia. “Não sou dono de nenhum projeto. A gente dá o direcionamento, cria um processo e um fluxo. Não trabalhamos sozinhos. Trabalhamos fortemente com o time de TI, por exemplo. Também temos forte interação com a área de Novos Negócios”.

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Um ponto de partida

Um dos grandes divisores de águas da MRV, do ponto de vista da sua transformação digital, foi a implementação do BIM (Building Information Modeling) há cerca de cinco anos. O software de modelagem virtual é usado em todo o ciclo de vida da construção de um empreendimento.

A adoção inicial do BIM, explica Vidal, é também o que impulsiona a adoção de outras tecnologias emergentes, uma vez que as informações coletadas pelo BIM servem de base para aplicações em impressão 3D, VR e AR, inteligência artificial e robotização nos canteiros de obras.

“Estamos buscando avançar a digitalização, não só relacionada ao BIM, mas avaliando tudo que é possível digitalizar até começar a entrar no mundo da Internet das Coisas. Estamos estudando como podemos usar sensores em canteiros e conectar ao BIM”, revela o executivo.

Outro projeto previsto é o uso de drones para análises topográficas e vistoria dos canteiros.

Para o executivo, quando se fala do setor de construção e imobiliário, a transformação digital deve buscar entender e refletir a moradia como um ecossistema. É aí que reside a inovação como potencial transformador.

“A gente quer oferecer um novo conceito de moradia totalmente interativo de ponta a ponta. Desde quando um cliente entra em um centro de experiência em um ponto de venda, com assistência virtual e análise de crédito, passando pelo contrato digitalizado, acompanhamento das obras, renegociação do apartamento até se conseguir comprar o imóvel. A gente busca gerar a melhor experiência possível, até capacitar melhor os moradores para tirarem melhor proveito do que é digital”, define Vidal.

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