AWS: governança de dados é necessária para adoção massiva de IA generativa

Lideranças da AWS no Brasil veem momento de experimentação com IA generativa no mercado

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8:00 am - 28 de novembro de 2023
Cleber Morais AWS Cleber Morais, diretor geral da AWS no Brasil (Imagem: IT Forum/Rafael Romer)

O mercado brasileiro de IA generativa está “quentíssimo”. Essa foi a avaliação dada por lideranças da Amazon Web Services (AWS) no Brasil durante uma conversa com a imprensa no primeiro dia do AWS re:Invent, evento da companhia que acontece nesta semana em Las Vegas, nos Estados Unidos.

O momento é de “pesquisa” e “exploração” da tecnologia, com clientes da AWS de diferentes segmentos buscando formas de tornar ferramentas de IA generativa em produtos transformadores para seus negócios. “O que está acontecendo com IA generativa é semelhante ao que aconteceu com a internet no passado”, avaliou Cleber Morais, diretor geral da AWS no Brasil. “É uma nova disrupção de mercado que as empresas vão ter que produtivizar por uma questão de sobrevivência”.

Diretor para o setor público da AWS no Brasil, Paulo Cunha também avalia positivamente o momento de exploração da IA generativa no país, e aponta tendências que estão ficando mais claras junto aos clientes conforme o ciclo de hype da IA generativa vai dando espaço por implementações práticas.

“Tem muitos problemas que as pessoas acham que a IA generativa vai resolver e, na verdade, não precisa. Às vezes um modelo de aprendizado de máquina mais simples e mais barato resolve”, pontuou. Além disso, o executivo alertou para um passo anterior que companhias precisam dar para implementações de sucesso de IA. “Para você usar intensamente você também precisa ter uma governança de dados importante, senão você contamina seus dados. A governança de dados será um dos grandes beneficiários – e uma fase muito importante antes da adoção massiva“, completou.

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Ao longo do ano, a AWS anunciou uma série de produtos ligados à IA generativa. Entre eles está o Bedrock, serviço gerenciado que oferece opções de modelos fundacionais (FMs) de alta performance das principais empresas de IA, incluindo AI21 Labs, Anthropic, Cohere, Meta e Stability AI. O produto foi lançado oficialmente em outubro e já tem clientes no Brasil, como o iFood.

A área de educação também é uma das que têm se destacado. Segundo os executivos da companhia no Brasil, clientes como a Sala do Saber e a Gran Cursos, têm explorado aplicações com a tecnologia com objetivos como a análise de carreira e para engajar alunos de forma mais eficiente. “Todos eles estão tentando entender como fazer a experiência do aluno mover de uma forma mais rápida”, anotou Cunha.

Há, no entanto, alguns desafios para o segmento no Brasil – e também na região como um todo. Um deles é a aquisição de talentos em IA. Durante o re:Invent, a AWS apresentou dados de uma pesquisa realizada em parceria com a Access Partnership que contou com a participação de 1,6 mil funcionários e 500 organizações no Brasil.

Uma das descobertas é o fato de que 68% dos empregadores participantes que priorizam a contratação de talentos de IA acham difícil contratar talentos adequados. “Os talentos são muito escassos, não há talentos suficientes preparados para trabalharem com IA generativa”, disse Carolina Piña, líder de Enterprise Enablement na América Latina.

Há dores mesmo anteriores ao processo de contratação. Das empresas participantes, muitas apontaram que não sabem sequer como começar o treinamento de talentos no tema da IA generativa. Para ajudar nesse processo, a Amazon anunciou neste mês o ‘AI Ready’, programa ‘AI Ready’, iniciativa que visa fornecer treinamento e educação gratuitos em habilidades em IA para 2 milhões de pessoas em todo o mundo até 2025.

Nuvem avança entre PMEs

O avanço da experimentação de empresas brasileiras com a IA generativa passa também pela adoção de nuvem. “A nuvem é o grande habilitador da IA generativa”, disse Cleber Morais. “Você começa por habilitar o conhecimento na nuvem para habilitar o próximo passo”. Sobre os negócios da companhia da região, o destaque vai para o crescimento que a AWS vê do mercado de PMEs.

Em outubro, a AWS lançou um estudo, realizado em parceria com a Accenture, que apontou para um crescimento do uso da nuvem entre micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) no Brasil. Segundo o levantamento, 90% delas devem adotar serviços de nuvem até 2030. Hoje, a taxa de adoção de nuvem no Brasil para serviços básicos, como soluções de armazenamento em nuvem, é de 62%. Para soluções intermediárias ou avançadas, como gestão de relacionamento com clientes e ferramentas de planejamento, é de apenas 13%.

A AWS vê o avanço da nuvem entre pequenas e médias empresas (PMEs) como a “quarta onda” de adoção de nuvem por corporações. A primeira foi marcada pelo surgimento de startups de rápido crescimento e, em seguida, pela explosão das fintechs. A terceira onda foi o avanço da nuvem entre grandes empresas tradicionais, em setores como o bancário e da infraestrutura.

Para Cleber Morais, um dos sinais do crescimento da adoção de nuvem por pequenos e médios clientes no Brasil é o crescimento do ecossistema de parceiros da AWS na região. O executivo estimou um crescimento na aquisição de talentos por parceiros, entre eles ISVs, entre 30% a 40%, além de capacitação e certificação para ajudar clientes . “A gente viu vários ISVs migrando e ajudando com soluções completas na ponta para pequenas e médias empresas acelerarem seus negócios”, pontuou.

*O repórter está em Las Vegas a convite da AWS

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Rafael Romer

Rafael Romer é repórter do IT Forum. É bacharel em Comunicação Social – Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Tem mais de 12 anos de experiência na cobertura dos segmentos de TI, tecnologia e games, com passagens pelo Olhar Digital, Canaltech, Omelete Company, Trip Editora e IG.

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