Aprendizados de CIOs no SXSW 2024: governança de IA, integração e outros
O IT Forum conversou com executivos presentes no evento para mapear lições que podem ser aplicadas nos negócios
Até aqui, o South by Southwest (SXSW) de 2024, que acontece de 7 a 16 de março em Austin, no Estados Unidos, foi marcado por uma intensa troca de ideias e debates sobre o futuro da tecnologia, especialmente inteligência artificial, e sua interseção com os negócios. Desde a sua origem como um festival de música e cultura na cidade, o evento cresceu para se tornar um dos mais importantes encontros globais de líderes de pensamento em tecnologia e inovação.
A organização do evento não relevou o número final de participantes, mas a estimativa é de que mais de 60 mil pessoas circularam pelo evento. Destes, mais de 2 mil são brasileiros, a segunda comitiva mais expressiva, somente depois do próprio Estados Unidos.
Este ano, o foco central do SXSW recaiu sobre a inteligência artificial (IA), como não poderia deixar de ser, e sua influência nas estratégias de negócios. Os principais e mais aguardados speakers, como Amy Webb e Ian Beacraft, destacaram a importância de avançar na integração da IA com outras tecnologias, como biotecnologia e dispositivos conectados à internet das coisas (IoT), abrindo caminho para uma revolução em setores-chave como saúde, finanças e educação.
O IT Forum conversou com alguns dos CIOs presentes no evento para capturar suas impressões e aprendizados do evento. Confira!
“Falar sobre inteligência artificial é, essencialmente, falar sobre o futuro dos negócios”, afirmou Fábio Mota, vice-presidente de Serviços aos Negócios e Tecnologia da Raízen. Ele ressaltou que melhorar a governança da IA não é sinônimo de desacelerar a inovação, mas sim de estabelecer limites por meio de regras que aumentem a confiança, impulsionando assim sua adoção e democratização.
Fábio Mota, vice-presidente de Serviços aos Negócios e Tecnologia da Raízen
Rafael Tobara, diretor-executivo de tecnologia, digital, inovação e experiência do cliente do Grupo Elfa, enfatizou a necessidade de as empresas se adaptarem a essas mudanças tecnológicas. “As empresas precisam integrar novas tecnologias em seus modelos de negócios. Isso será o básico para manter a competitividade e aproveitar as novas oportunidades de mercado”, revelou.
Rafael Tobara, diretor-executivo de tecnologia, digital, inovação e experiência do cliente do Grupo Elfa
No entanto, como observou Fernando Faustino, CIO do Grupo Petrópolis, a ascensão da IA também traz consigo a inevitável transformação do mercado de trabalho. Para ele, está claro que alguns empregos podem desaparecer, mas novas profissões serão criadas. Faustino comparou essa transição à ascensão de plataformas como Uber e Airbnb, que não apenas transformaram setores inteiros, mas também deram origem a novas formas de trabalho e geração de renda.
Fernando Faustino, CIO do Grupo Petrópolis
“Profissionais do futuro precisarão ser mais generalistas, capazes de conectar uma ampla gama de conhecimentos e habilidades”, explicou Faustino. Ele enfatizou a importância da criatividade na era da IA, onde a capacidade de integrar habilidades técnicas com outras competências, como pensamento crítico e empatia, será crucial para agregar valor às empresas.
Tecnológicos e humanos
O IT Forum também colheu as impressões do professor brasileiro e palestrante Edney Sousa, conhecido como “Interney”. Para ele, o evento se resume a dois grandes aspectos: tecnologia e humanos.
“Do lado da tecnologia, além de termos inteligência artificial em todos os lugares, vemos o renascimento do metaverso como spatial computing, que traz diversas outras aplicações do dia a dia usando Realidade Aumentada e Realidade Virtual combinadas e maneiras mais práticas”, observa.
A computação quântica, prossegue ele, também surge como grande aposta da próxima possível revolução tecnológica e as apostas em energia cresceram principalmente pelo consumo de energia que a inteligência artificial precisa no treinamento de modelos, vemos com isso então palestras (e investimentos) sobre fontes de energia limpa como fissão nuclear e geotérmica.
Já do lado humano, o especialista vê o renascimento da empatia, e enfatização da imaginação e a “descoberta” da iniciativa. “A IA até entende sentimentos, mas ela não sente. Ela pode analisar pessoas, mas ela não é uma pessoa. Somente através da empatia que nós seremos humanos vamos gerar conexões significativas para ajudar as pessoas. Como fazer dá para usar IA, mas entender o que é preciso fazer vai precisar de empatia.”
Ele segue dizendo que fomos enganados faz um tempo ao dizer que a criatividade seria atributo humano, não é, “as máquinas criam. Mas não imaginam nem tem iniciativa, nós temos que definir quando um trabalho começa (iniciativa) e como ele será feito (imaginação)”, provoca. “No final não é sobre fazer perguntas como muita gente diz, é sobre dar instruções e quem tem mais imaginação acaba dando as melhores instruções”, finaliza.
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