Abastecimento de chips afeta toda cadeia de fornecimento e pode levar um ano para se estabilizar, prevê CEO da IMI

Apesar da escassez de chips em toda a cadeia, a fabricante de eletrônicos diz que, neste ano, já ultrapassou o total de encomendas de 2020

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6:25 pm - 10 de setembro de 2021
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Arthur Tan, CEO da IMI, fabricante de componentes eletrônicos, disse que apesar da escassez de chips, as montadoras mantêm pedidos em alta desde a retomada de algumas economias com o avanço da vacinação contra a Covid-19 no mundo. Em entrevista cedida a Bloomberg, o executivo afirmou que a normalização do fornecimento levará tempo, pois as fábricas tinham direcionado suas produções a alta demanda de laptops e PCs no primeiro ano de pandemia.

A Integrated Micro-Electronics (IMI), segundo Tan, é a sexta maior fornecedora de serviços de fabricação de eletrônicos para montadoras e possui mais de 20 instalações em 10 países. A empresa do Sudeste asiático fabrica produtos veiculares que ela monta, incluindo módulos de energia, câmeras e inversores.

Durante a entrevista, o CEO da unidade do conglomerado filipino Ayala Corp., diz que a IMI já ultrapassou 2020 em encomendas este ano com a reabertura das economias, no entanto, a escassez de chips continua afetando a produção – não só das montadoras, mas de toda a cadeia de fornecimento.

“Todos foram atingidos pela falta de chips e agora está afetando toda a cadeia de abastecimento, incluindo o não automotivo. A demanda caiu significativamente devido aos bloqueios globais, que aconteceram em ciclos diferentes. Os fornecedores não ligaram toda a capacidade porque não havia demanda”, disse.

Muitas montadoras, como Toyota e General Motors, pararam suas produções devido à escassez de chips no mercado e, segundo Tan, a mudança de comportamento do consumidor a partir do isolamento imposto pela pandemia interferiu no foco da produção dos chips.

Segundo o executivo, à medida que os serviços paralisavam e as pessoas passavam a ficar em casa para trabalhar e estudar, a demanda por PCs, laptops, câmeras e roteadores subia, enquanto a demanda por chips automotivos decrescia. Assim, a capacidade dos fornecedores de chips foi canalizada para a demanda mais urgente.

“Aí começou a se normalizar, o ciclo de demanda [automotiva] voltou com a reabertura de algumas economias. Agora você pode sair, mas ninguém quer pegar o trem nem o ônibus por medo de pegar o vírus. Agora, você quer comprar um carro”, comentou Tan. “Os fornecedores agora estão dizendo: ‘o que eu pedi antes, quero pedir de novo’. Mas os fabricantes de chips estão dizendo: ‘espere, eu transferi a capacidade para computadores, roteadores, bens e saneamento como a luz ultravioleta’”.

Tan chama de “tempestade perfeita” o fenômeno da cadeia de suprimentos nesse momento, do qual as fabricantes de chips recebem novas demandas das montadoras, enquanto ainda possuem altas demandas do segmento de PCs. Assim, “eles não podem mudar a capacidade de volta até que você adicione mais capacidade”.

No entanto, aumentar a capacidade produtiva de chips não acontece de forma instantânea, diz o executivo. “A configuração do fabricante do equipamento – a tecnologia e tudo – leva cerca de um ano. Ou provavelmente mais, dependendo do tipo de chip que você está procurando”, disse Tan.

O executivo reforça que novas paralisações ainda podem afetar o abastecimento de semicondutores em toda a cadeia de fornecimento. Apesar da tensão, Tan é otimista.

“A luz forte no fim do túnel aqui é que nenhum desses projetos está sendo cancelado. Portanto, mesmo que eu diga aos meus clientes que não posso entregar ou posso entregar no próximo ano, ninguém cancela. Eles dizem: ‘vá em frente, procure as peças’. E eles continuam vindo.”

Com informações de Bloomberg

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