5 perguntas para o CEO: Marco Stefanini, da Stefanini

Executivo conta quais desafios a empresa enfrenta e como os supera em um mercado de disputa acirrada

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9:00 am - 08 de abril de 2019
Marco Stefanini CEO da Stefanini

Um profissional totalmente hands-on, que acredita na liderança pelo exemplo. Assim se autodefine Marco Stefanini, comandante da Stefanini. Ele não esconde a paixão por se envolver nos projetos e, na medida do possível, discutir estratégias e novas possibilidades de atuar nos clientes.

E revela: “Quando decidimos investir no processo de transformação digital, trabalhei inicialmente a minha mudança de mindset para incentivar a mobilização das demais lideranças da Stefanini e, consequentemente, das equipes nos 40 países em que atuamos”.

Tendo a tecnologia como seu core business, o executivo diz que sempre a considerou meio significativamente eficaz para mudar a vida das pessoas e das empresas. Mas é preciso ter alta capacidade de resiliência, ele diz, e astúcia para buscar oportunidades e soluções mesmo em cenários econômicos difíceis.

Nos últimos anos, com a crescente digitalização, percebeu que havia dois caminhos: manter o modelo tradicional e abrir uma nova empresa focada no digital ou realmente se transformar, mudar o mindset da companhia e investir no que acreditava ser o futuro das corporações. “Hoje, somos uma empresa de tecnologia com soluções de negócios digitais, praticando nosso propósito.”

Sonhos? “Vivemos de sonhos e a carreira me permitiu concretizar um deles: viajar o tempo inteiro. Tenho uma agenda extremamente corrida, vou de um lado para o outro, mas me sinto realizado ao poder conhecer vários países e experimentar o melhor da cultura de cada um deles.”

A seguir, Stefanini responde cinco perguntas sobre as mais recentes estratégias da empresa e a ebulição do mercado em que atua.

Computerworld Brasil – A Stefanini ocupa a quinta posição no Ranking FDC 2018 entre as empresas mais internacionalizadas. Qual o maior desafio da internacionalização? E como a empresa o vence?

Marco Stefanini – O processo de internacionalização nem sempre é fácil, pois exige paciência, estratégia, muito trabalho e foco do empreendedor. Um dos principais desafios é conhecer as culturas e as legislações, que são muito diferentes da nossa. Quando decidimos investir fora do Brasil, confesso que não tínhamos ideia de como seria difícil, mas estudamos, corremos atrás para compreender as peculiaridades de cada país/região e tivemos um grande aprendizado, que é levado em consideração quando pensamos em abrir novas unidades.

Começamos com escritórios no Chile, Colômbia, México, Peru, e Estados Unidos. Em 2008, com o fortalecimento do real, decidimos que era o momento de promover a internacionalização com a aquisição de novas empresas. Agora, estamos em 40 países e pensamos em novas aquisições, dentro e fora do País, ao longo de 2019. Acreditamos que a internacionalização é um dos pilares mais importantes para alcançar as metas de crescimento – hoje, o exterior representa pouco mais de 50% do nosso faturamento, com grandes possibilidades de crescimento no curto prazo.

CW Brasil – O setor bancário é um dos que mais investe em tecnologia e avança em inovação. Como a Stefanini está posicionada neste setor no País?

Stefanini – Certamente, o setor bancário no Brasil é um dos mais avançados do mundo e representa uma parte significativa dos nossos clientes. Com a transformação digital, a necessidade contínua por soluções de cybersecurity e com a nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) nos deu um campo fértil de atuação neste segmento. Posso dizer que estamos totalmente preparados para atender a estratégia de qualquer banco, independentemente de tamanho. Desenvolvemos soluções como a Topaz, com capacidade de realizar todas as etapas do gerenciamento do banco. A nossa plataforma foi utilizada, por exemplo, para suportar a transformação digital do Sicredi, que atende a 3,7 milhões de associados. O projeto substituiu gradualmente o core bancário, sistema que processa produtos e serviços. Esperamos ampliar, em 2019, nossa atuação em outros bancos do Brasil e América Latina.

Por meio da nossa venture Stefanini Rafael, disponibilizamos tecnologias e processos para implementar camadas de proteção para as necessidades de defesa cibernética, o que tende a ter uma demanda crescente pelos bancos e seguradoras.

CW Brasil – A velocidade imposta pela transformação digital gera um déficit significativo em relação à disponibilidade de mão de obra qualificada no mercado. Como a Stefanini contribui para acelerar a capacitação profissional e a inovação no País?

Stefanini – Defendemos, antes de tudo, a educação. Com as transformações tecnológicas e surgimento de novas profissões, a tendência é que a carreira agregue, cada vez mais, novas habilidades. Mesmo que a pessoa seja formada em uma área, ela deverá ter uma visão do todo, se preparar para desenvolver projetos diferentes, simultaneamente. Tanto as empresas precisam investir em capacitação quanto os profissionais deverão correr atrás de novos conhecimentos.

Acreditamos que todo esse preparo deve começar no ensino básico, valorizando a pesquisa e a descoberta desde cedo. A educação para o mundo 4.0 passa pela criatividade, estímulo para construir, testar, errar e fazer de novo, sem medos.

Atualmente, estamos atuando em parceria com duas Universidades. Com a PUC Minas, em Belo Horizonte, apoiamos o MBA em Projetos Digitais, que inclui uma série de ações práticas monitoradas para que os alunos possam vivenciar a transformação digital e implementá-la nas empresas em que atuam. Muitas organizações querem investir na transformação cultural e digital, mas nem todas sabem qual é o melhor caminho. O curso pode dar um melhor direcionamento e estimular que os participantes desenvolvam novas habilidades para atuar no ecossistema de inovação.

Já com o INSEAD, referência global em programas de MBA, estamos na segunda edição do curso de transformação digital, no campus em Fontainebleau, localizado a 75 km de Paris. São quatro dias de imersão para que executivos C-Level possam discutir a cultura de inovação e como “aterrissar” o aprendizado no dia a dia de suas organizações. Acreditamos que a cultura e a liderança são tão críticas quanto as novas tecnologias no processo de transformação digital.

No Instituto Stefanini, braço social da empresa, oferecemos uma série de cursos para promover a inclusão social e digital. O objetivo é gerar oportunidades para que muitos jovens possam se preparar para o primeiro emprego ou buscar uma nova vaga no mercado. Queremos que a tecnologia seja um caminho para transformar a vida dessas pessoas.

CW Brasil – Qual postura considera altamente estratégica para lidar com o cliente hiperconectado, que deseja soluções em alta velocidade? 

Stefanini – Compreender que o cliente está no centro e que falar no canal que ele prefere é uma estratégia importante para qualquer empresa que deseja crescer e se manter no mercado. Por isso, precisamos investir em soluções que contemplem esse novo perfil de cliente hiperconectado, exigente, impaciente e que deseja ser reconhecido como único e, portanto, valorizado. A experiência é fundamental e pode ser decisiva para que ele continue como cliente ou vá para a concorrência. Com as novas soluções de analytics e de marketing, é possível acompanhar a jornada, ter insights sobre o perfil do consumidor e apresentar o que ele realmente espera, na velocidade que ele deseja. As empresas precisam ser ágeis para acompanhar a dinâmica do cliente hiperconectado.

CW Brasil – Como avalia a movimentação do mercado de TI neste momento no País? E as perspectivas da Stefanini para este ano.

Stefanini – Segundo alguns institutos de pesquisa, o mercado de TI no Brasil deve crescer em torno de 10% neste ano, impulsionado pelos processos de transformação digital. Esperamos que realmente esse cenário se concretize para que possamos ter um fôlego maior para investir e crescer. A Stefanini vem se tornando cada vez mais competitiva com o seu ecossistema de inovação e, para este ano, esperamos mais novidades que possam contribuir com o nosso processo de crescimento e internacionalização. Estamos monitorando algumas oportunidades para realizar novas aquisições – dentro e fora do País – ao longo de 2019.  Queremos nos posicionar, cada vez mais, como uma grande integradora de soluções inovadoras de negócios.

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