CTO da Amazon.com aposta em GenAI culturalmente consciente nos próximos anos

Entre as previsões do executivo estão o avanço das FemTechs e a educação na velocidade da inovação tecnológica

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9:30 am - 04 de janeiro de 2024
ia generativa, GenAI Imagem: Shutterstock

Tecnologias de nuvem, machine learning e a GenAI estão se tornando cada vez mais acessíveis, impactando praticamente todos os aspectos das nossas vidas, desde redigir e-mails até detectar câncer em estágios mais iniciais.

Na opinião de especialistas, os próximos anos serão repletos de inovações em áreas destinadas a democratizar o acesso à tecnologia, ajudando-nos a ficar em dia com o crescente ritmo da vida cotidiana.

Na lista abaixo, o dr. Werner Vogels, VP e CTO da Amazon.com descreve as suas previsões para 2024 e para os próximos anos, a começar pelo avanço da IA Generativa.

IA generativa se torna culturalmente consciente

Na análise de Vogels, os LLMs (Large Language Models ou Grandes Modelos de Linguagem, na tradução livre para o português) treinados em dados culturalmente diversos ganharão um entendimento mais sutil sobre a experiência humana e os complexos desafios sociais. Essa fluência cultural promete tornar a IA generativa mais acessível aos usuários em todo o mundo.

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O especialista lembra que a cultura influencia tudo, nossos hábitos, comportamentos e a forma de ver o mundo. “A cultura estabelece regras e diretrizes que informam e governam nossos comportamentos e nossas crenças – e esse contrato muda dependendo de onde estamos e com quem estamos”, comenta. “Como humanos, estamos acostumados a trabalhar com diferentes culturas e, com isso, somos capazes de contextualizar essas informações, sintetizá-las, ajustar o nosso entendimento e responder adequadamente. Então, por que esperaríamos menos do que isso das tecnologias que usamos e às quais confiamos as nossas vidas?”, indaga.

Para ele, nos próximos anos, a cultura terá um papel crucial na forma como as tecnologias são desenvolvidas, implementadas e consumidas; seus efeitos serão ainda mais evidentes na IA generativa. Vogels lembra que, que os sistemas baseados em LLM tenham alcance mundial, eles precisam alcançar o tipo de fluência cultural que se desenvolve instintivamente nos humanos.

As FemTechs finalmente decolam

A saúde das mulheres atinge um ponto de inflexão à medida que o investimento em FemTechs aumenta, os cuidados se tornam híbridos e um imenso volume de dados permite melhores diagnósticos e resultados para as pacientes. “O aumento das FemTechs irá não só beneficiar as mulheres, mas modificar todo o sistema de saúde”, projeta Vogels.

A saúde da mulher não é um nicho de mercado. Apenas nos Estados Unidos, as mulheres gastam mais de US$ 500 bilhões ao ano em cuidados. Elas representam 50% da população, mas respondem por 80% das decisões de cuidados com a saúde. No entanto, a base da medicina moderna ainda é masculina por padrão.

O CTO compartilha que, em média, as mulheres são diagnosticas mais tarde do que os homens para muitas doenças e elas tem 50% mais chances de receber um diagnóstico errado depois de um ataque cardíaco. Ele compartilha o exemplo das desigualdades no setor como as prescrições de remédios, onde as mulheres reportam muito mais efeitos colaterais adversos do que os homens. Embora essas estatísticas ainda sejam preocupantes, o investimento em cuidados com a saúde da mulher  está em ascensão, estimulado pelas tecnologias em nuvem e o maior acesso a dados.

“Estamos em um ponto de inflexão para os cuidados de saúde da mulher. O acesso a uma grande quantidade de dados variados, somado a tecnologias em nuvem, como visão de computador e deep learning, reduzirá o índice de diagnósticos errados e ajudará a minimizar os efeitos colaterais de medicamentos que impactam as mulheres desproporcionalmente hoje em dia. A endometriose e a depressão pós-parto receberão a atenção que merecem”, aposta o executivo.

IA redefine a produtividade do desenvolvedor

Para Vogels, os assistentes de IA vão evoluir de simples geradores de códigos para professores e colaboradores incansáveis, que oferecem suporte ao longo de todo o ciclo de vida de desenvolvimento do software. Eles explicarão sistemas complexos em linguagem simples, sugerirão melhorias e cuidarão de tarefas repetitivas, permitindo que os desenvolvedores foquem nas partes mais importantes de seu trabalho.

“Em 2021, eu previ que a IA generativa começaria a desempenhar um papel importante na forma como o software é escrito. Ela aumentaria a especialização dos desenvolvedores, ajudando-os a escrever códigos mais seguros e confiáveis. É exatamente o que estamos vendo agora, com amplo acesso a ferramentas e sistemas capazes de gerar funções inteiras, classes e testes baseados em prompts de linguagem natural”, recorda.

Os assistentes de IA no horizonte irão entender e escrever código, bem como serão colaboradores e professores incansáveis. “Nenhuma tarefa sugará sua energia e eles nunca perderão a paciência explicando um conceito ou refazendo um trabalho – não importa quantas vezes você pergunte. Com uma infinidade de tempo e paciência ilimitada, eles darão suporte a todos no time e contribuirão com tudo, de revisão de código a estratégia de produto”, prevê.

O especialista ainda aposta que a separação entre gerentes de produtos, engenheiros de front e back-end, DBAs, designers UI/UX, engenheiros DevOps e arquitetos vai desaparecer. “Com um entendimento contextualizado sobre sistemas completos – e não apenas módulos isolados –, os assistentes de IA farão recomendações que aumentarão a criatividade humana, como traduzir um esboço num guardanapo em um código sensacional, gerar templates a partir de documentos de solicitação ou recomendar a melhor infraestrutura para a sua tarefa”, indica.

Para ele, nos próximos anos, equipes de engenheiros se tornarão mais produtivas, desenvolverão sistemas de qualidade superior e encurtarão os ciclos para lançamento de novos softwares à medida que os assistentes de IA deixam de ser novidade para se tornar necessidade em toda a indústria de software.

Educação na velocidade da inovação tecnológica

Para Vogels, a educação superior sozinha não consegue acompanhar a velocidade da mudança tecnológica. O especialista aponta que surgirão programas de treinamento baseados em especializações de indústria que se assemelharão à jornada das pessoas de negócios. Essa mudança, diz ele, para o aprendizado contínuo beneficiará empresas e pessoas igualmente.

“Semelhante ao processo de desenvolvimento de software da década passada, alcançamos um ponto pivotal com a educação tecnológica e veremos os treinamentos na empresa, oferecido para poucos, evoluir para uma educação baseada em especializações, liderada pela indústria e oferecida para muitos”, destaca.

Para Vogels, isso não significa que os diplomas tradicionais desaparecerão. “Esta não é uma situação de um e outro – trata-se de escolha. Ainda haverá áreas da tecnologia em que esse tipo de aprendizado acadêmico continuará sendo importante. Mas haverá muitas indústrias nas quais o impacto da tecnologia ultrapassará os sistemas convencionais de educação. Para atender às demandas das empresas, veremos uma nova era de oportunidades educacionais lideradas pela indústria e que não poderão ser ignoradas”, finaliza.

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Redação

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