Tirando as pedras do caminho

Roteiro prático para desenvolver a governança corporativa, elemento fundamental para a estratégia de crescimento de startups e scale-ups

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2:06 pm - 28 de novembro de 2022
pedra, caminho, montanha, homem, mochileiro Foto: Shutterstock

Não é novidade para ninguém: a realidade normalmente é muito mais dura do que nossos planos. Será que conseguimos melhorar esse cenário?

Nas inúmeras mentorias que fazemos para founders de startups, muitas vezes estamos tratando de um problema grave para a empresa, mas que poderia ter sido evitado.

Isso é muito verdade com relação aos temas ligados à Governança Corporativa, especialmente para empresas em estágio inicial (Ideação ou Validação). Com todas as limitações de recursos das startups (restrições de dinheiro, pessoas, competências e acesso à networking), a atenção aos princípios e às recomendações de governança pode ser a diferença entre a morte e a sobrevivência do negócio.

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Existem momentos únicos, como a entrada de um Anjo ou o fechamento do contrato com um cliente relevante, que serão decisivos para a startup. É preciso estar preparado.

É melhor remover as pedras do caminho antes de chegar nelas.

A ideia de que “quando chegar lá a gente vê o que faz” pode ser arriscada e, certamente, criará um sentimento de incerteza em potenciais investidores.

Um dos critérios mais importantes na análise de um investidor anjo (ou gestor de venture capital) é a capacidade dos founders de “construir um negócio”. Um fator fundamental para uma avaliação positiva será a percepção que os founders têm visão de negócio, enxergam as “pedras no caminho” (possíveis riscos e ameaças) e sabem incorporar isso ao plano de negócios e se antecipar para evitar ou minimizar esses riscos. Em outras palavras, a atenção à governança será valiosa no momento em que o investidor anjo (ou gestor de venture capital) decidir se a startup é merecedora do investimento que está sendo proposto. Mas, como fazer isso?

Sempre digo que, para resolver um problema, o primeiro passo é conseguir diagnosticá-lo adequadamente e ter consciência de que é realmente um problema.

Para ajudar nesta etapa, o IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa) oferece duas excelentes ferramentas:

Métrica de GC para Startups e Scale-ups

Por meio desta ferramenta, gratuita e de autoavaliação, é possível identificar os pontos de atenção e que potencialmente exigem uma ação dos sócios da startup.

Caderno de Governança Corporativa para Startups & Scale-ups

Este documento é uma respeitada referência que está disponível em português, espanhol e inglês. Apresenta os pontos de atenção, classificados de acordo com o estágio de desenvolvimento da startup e separados em quatro pilares fundamentais.

Essas duas ferramentas estão sendo utilizadas com muito sucesso no “PMS – Programa de Mentoria para Startups e Scale-ups do IBGC”, por onde passam startups indicadas por parceiros como Cubo, BNDES Garagem, FINEO, Distrito e Porto Digital. A eficiência dessas ferramentas ajuda a explicar os excelentes resultados do programa. Também os depoimentos dos founders mentorados nos mostram o quanto a governança pode fazer a diferença na estratégia de crescimento da startup. E, depois do diagnóstico, quem me ajuda a resolver os temas identificados?

Nesta hora, temos uma variedade de temas que podem demandar especialistas de áreas diversas. Um primeiro passo que recomendo é trabalhar com o próprio “Caderno de Governança Corporativa para Startups & Scale-ups do IBGC”, que ajudará a startup a identificar quais elementos da governança deveriam ser implementados no seu estágio atual de desenvolvimento. Em especial, o caderno oferece um checklist para uma análise prática de quais elementos são urgentes e quais, apesar de ainda não serem urgentes, serão fundamentais e deverão constar do roadmap da startup.

Além disso, ao trabalhar com essas ferramentas, o usuário terá um benefício que considero muito relevante: aprenderá sobre os conceitos e os termos da governança. Ao entender e incorporar esses conceitos, o usuário estará mais preparado para demonstrar a maturidade dos founders e para reforçar a percepção dos investidores anjos (ou gestores de venture capital), colaboradores, parceiros e/ou clientes de que a startup tem potencial de crescimento e de sobrevivência.

É melhor evitar alguns nós do que ter que desatá-los depois.

Realmente, é melhor gastar energia para procurar previamente e evitar algumas pedras do caminho. Deixar para depois pode se mostrar muito caro, ou até ser fatal para a startup.

* Luis Rodeguero é trader e gestor de investimentos habilitado pela CVM. Tem mais de 25 anos de carreira atuando em posições executivas e em consultoria para corporações e empresas familiares. Atua hoje como trader de ativos líquidos, como consultor para empresas grandes e médias, e como investidor-anjo, conselheiro e mentor de Startups. É membro da Comissão de Startups e Scale-Ups do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa).

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