Sustentabilidade e tecnologia: a nova fronteira nos negócios

Sob o tema central “Pessoas, Tecnologias e Sustentabilidade”, o IT Forum Trancoso trouxe uma das discussões mais consistentes sobre sustentabilidade que já presenciei em um evento de tecnologia. Entre o dia 01 até 05 de maio, o tema “Revolução Verde” está foi debatido entre grandes líderes do setor de TI.

Não seria difícil imaginar que propósito seria uma palavra repetida em muitos dos painéis e apresentações. No entanto, ela não brilhou tanto quanto o termo ganhos financeiros, o que já sinaliza que o evento tem a intenção de mostrar que é lucrativo investir em iniciativas com impacto positivo no meio ambiente.

Tempos atrás, li uma frase de Per Grankvist que diz que empresas investem em sustentabilidade não porque sejam modelos de virtude, mas porque são sensatas, em vez de míopes. Entre o que foi apontado nas falas de líderes que compartilham suas experiências no evento, fica evidente que a tecnologia é o meio para que possamos realizar tudo o que queremos e é necessário para reverter os estragos causados ao longo dos anos e construir um futuro em que sejamos os bons filhos que a mãe Natureza merece. Aliás, para além disso, Tonny Martins, da IBM, bem lembra que a Natureza deve ser vista como sócia majoritária nos negócios.

Novas gerações de consumidores, que têm a preservação do meio ambiente como valor essencial, atração de investimentos com custo menor, lucratividade na melhoria da produtividade através de soluções de impacto positivo: as possibilidades de fazer dinheiro através de práticas sustentáveis são muitas. Miguel Setas, da CCR, faz inclusive a provocação de que o “E” da sigla ESG poderia significar Economia. Mas, para isso, precisamos de educação, cultura e as ações positivas devem permear as linhas de negócios.

Leia também: A liderança de pensamento é uma construção estratégica – e conjunta

A tecnologia entra nesse cenário não só como a grande orquestradora, permitindo a organização, curadoria e gestão dos dados para que a sustentabilidade seja tangível e transparente, mas também como potencializadora de alternativas para a preservação do meio ambiente, através da IA Generativa. Aliás, IA – é claro – não ficou de fora das discussões desta manhã, inclusive da provocação para que os gestores de TI a abracem estrategicamente, assumindo o protagonismo como agentes dessa transformação inevitável em suas empresas. “Ou estaremos à mesa ou no menu”, instigou Rodrigo Kede, da Microsoft.

Sensores de economia de energia, equipamentos de diagnóstico médico portáteis e mais baratos, avaliação de produtividade da lavoura através do estudo de microclima para economia de água foram exemplos dados por Helio Rotenberg, da Positivo Tecnologia, de como a tecnologia toca e apoia o movimento sustentável e o olhar cuidadoso para essa dupla é importante para que possamos gerar um legado nas empresas.

As lideranças também têm um papel muito relevante no legado e no impacto da cultura corporativa, levantando a bandeira da sustentabilidade. Denise Inaba, da Vivo, ressaltou que para empresas sustentáveis precisamos de pessoas felizes e engajadas no propósito. E Malu Paiva, da Vale, trouxe para o palco suas reflexões ao aceitar liderar a Vice-presidência de Sustentabilidade de uma empresa com dois acidentes tão sérios no histórico: para mudar o panorama, precisamos assumir a responsabilidade, encarar os fatos, aceitar as mudanças necessárias, planejar e agir.

Setores diferentes hoje estão nessa corrida, cada um fazendo a sua parte, o que nos mostra um caminho de boas expectativas de sucesso. Neste evento temos CIOs que podem gerar em conjunto um movimento de resultados significativos. “Precisamos ser ousados”, lembra Fábio Coelho, do Google Brasil. “O Brasil está sob os olhos do planeta, temos um congresso aberto a propostas e somos um país de grandes oportunidades energéticas e agrícolas”.

Agora, cada um de nós precisa fazer da sua parte um compromisso, mas saio deste dia muito otimista.

Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!