Fique atento às pegadinhas do ESG
Apesar de grande parte das companhias já adotarem práticas sustentáveis, ainda há quem apenas camufle suas ações com o uso da sigla ESG
Nos últimos anos, o mundo corporativo tem testemunhado uma ascensão significativa do interesse e da atenção em torno dos critérios ESG – Ambiental, Social e de Governança. As empresas têm adotado políticas e práticas integram a estratégia do negócio ao impacto ambiental, social e ético de suas operações. Segundo o levantamento do Pacto Global da ONU no Brasil de 2023, das 190 organizações de iniciativa privada, setor público e do terceiro setor, 78,4% delas disseram que inseriram o ESG na elaboração de suas estratégias. Mas, apesar da implementação assídua do ESG nas empresas, é possível que por trás de algumas instituições, haja um fenômeno que merece nossa atenção: as pegadinhas do ESG, ou “cheap talks”.
Essas pegadinhas referem-se às práticas de empresas que, apesar de afirmarem seu compromisso com critérios ambientais, sociais e de governança, falham em traduzir essas declarações em ações concretas e impactantes. Chamamos isso de greenwashing (lavagem verde) ou social washing (lavagem social), onde as empresas tentam se apresentar como responsáveis e sustentáveis sem de fato implementar mudanças significativas em suas operações.
Falando do greenwashing especificamente, recentemente a União Europeia coibiu a prática com ações mais evidentes. A diretiva aprovada pelo parlamento, proíbe que um produto seja promovido como “amigo do ambiente”, “ecológico”, “natural”, “biodegradável” ou “neutro em termos climáticos”, se essas características realmente não forem aprovadas e consistirem. Além disso, o uso de etiquetas de sustentabilidade também deve ser regulado, e são proibidas as menções de que um produto seja “neutro” ou “positivo” em relação às emissões de carbono, caso não tenha sido comprovada a eficácia.
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A aderência incompleta às normas ambientais é um dos sinais de descumprimento das normas, ou seja, apesar de uma empresa divulgar sobre o seu compromisso com o meio ambiente, na prática, suas ações podem ser apenas superficiais. Por exemplo, ter políticas de reciclagem em escritórios corporativos, mas não implementar práticas sustentáveis em sua cadeia de suprimentos ou operações principais.
Outra pegadinha comum é a falta de transparência das empresas na hora de divulgar relatórios de sustentabilidade, não fornecendo dados detalhados ou verificáveis sobre suas práticas ESG. Isso faz com que a avaliação objetiva do impacto das operações da empresa seja prejudicada.
Outro ponto que também pode ser considerado uma pegadinha de mau gosto é quando algumas empresas tratam o ESG como uma consideração secundária em suas operações. Ou seja, não o integrar diretamente em suas estratégias de negócios e estabelecer formas mais sustentáveis de lidar com os recursos naturais. Ou, ainda, quando falham em atender as expectativas de seu ativo mais importante: os colaboradores. Isso resulta em uma desconexão entre o discurso ESG e as práticas reais da empresa.
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O que muitas empresas ainda não entenderam é que o ESG é um compromisso contínuo que exige a transparência, responsabilidade e ação efetiva da empresa. Mais que um status, essa é a forma das companhias estabelecerem uma força real para a mudança positiva não só internamente, mas nas comunidades próximas às suas instalações também.
Além da confiança que essa empresa gera ao lidar com as práticas reais de ESG, investidores e stakeholders também ficam mais dispostos: segundo dados da MSCI ESG Research, instituições que trabalham com ESG continuamente tiveram um desempenho superior quando comparadas ao geral do mercado (27,46% vs 22,14%).
Assim, é necessário que se tome cuidado com as pegadinhas do ESG. Uma boa forma de manter práticas reais constantes nas empresas é estabelecer metas e objetivos bem claros e assertivos para todas as pessoas da empresa. Além disso, é importante incluir todos os líderes na implementação dessas diretrizes e garantir que o tema seja frequentemente lembrado. Dessa forma, as práticas se tornam responsabilidades de todos e não apenas do comitê especializado.
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