A globalização vai retroceder; vamos produzir no Brasil

Em meio a esta crise, estamos vendo notícias de várias empresas que pretendem diminuir as importações de produtos industrializados, os chamados OEM

Author Photo
12:05 pm - 17 de maio de 2020

A pandemia, a alta do dólar e a dependência de poucos fabricantes globais geram uma escassez assustadora e um sério problema nos custos dos produtos e dos insumos. Já estamos vendo empresas gigantes nos ramos de matérias primas, eletroeletrônicos e auto peças iniciarem um movimento de nacionalização de seus produtos, que até aqui vinham sendo importados.

Todos sabemos que este movimento de produzir no Brasil esbarra em problemas antigos, como falta de crédito, juros altos, elevada carga tributária, leis trabalhistas e muita burocracia. Porém, algumas leis de incentivo à industrialização existentes no Brasil podem ajudar as empresas em operação e as novas que, com certeza, aparecerão.

As empresas consideradas pequenas podem se enquadrar no Simples Nacional e os valores que permitem este enquadramento precisam, e devem, ser aumentados substancialmente para servir de atrativo à produção nacional. Outras leis existentes, como a Lei de Bens de Informática e Telecomunicações (BIT), permitem que as indústrias deste ramo façam projetos de adesão ao PPB – Processo Produtivo Básico, desde que cumpram etapas de produção localmente e que destinem 5% do seu faturamento em pesquisas e desenvolvimento.

Vejo uma grande oportunidade para os empresários de todos os ramos, unidos em suas associações de classe, apresentar um projeto ao governo, com base no PPB, para que este seja ampliado para toda a indústria de transformação em todos os estados brasileiros.  Este processo de incentivo permitirá zerar as alíquotas de IPI e Imposto de Importação de componentes que não possam ser encontrados no Brasil.

Mas aí você poderia perguntar: devemos continuar importando? A resposta, no momento, é: sim. Temos que importar uma série de produtos, como os semicondutores, por exemplo, que ainda não temos capacidade e nem tecnologia para produzir no Brasil. O mesmo incentivo precisaria ser ampliado para máquinas e equipamentos de produção, que ainda não conseguimos produzir aqui.

Note que digo “ainda”, pois com os incentivos em pesquisa e desenvolvimento, aos poucos, irão capacitar os profissionais brasileiros a alcançarem uma excelência competitiva a ponto de eliminar a necessidade de importação. Sem dúvida este assunto requer uma atenção especial neste momento, mas fica para um próximo artigo.

Acredito muito na oportunidade que esta crise, sem precedentes, trará ao empreendedorismo com foco na industrialização nacional. É inegável que as nações de primeiro mundo só se tornaram grandes porque, em algum momento da história, basearam sua economia na produção de bens de consumo. As novas potências econômicas surgidas nas últimas décadas, especialmente as asiáticas, nos mostram qual é o caminho que se deve tomar para gerar empregos e crescimento econômico.

Sempre dizemos que o povo brasileiro possui um espírito empreendedor muito grande. O que  falta é o reconhecimento e um movimento de união, para que possamos provar a todo mundo que somos capazes de competir com qualquer nação mais evoluída. Acredito que a hora é agora. Vamos, juntos, levantar esta bandeira – #produzirnoBrasil.

Edson Ferro, empresário, consultor e Mentor de Negócios – Representante Regional da ABMEN – Associação Brasileira de Mentores de Negócios – São Paulo- SP.

Comentários e opiniões contidos neste texto são de responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião da ABMEN – Associação Brasileira dos Mentores de Negócios

Original Equipment Manufacturer (OEM), em português, fabricante do equipamento original, é um termo usado quando uma empresa faz uma parte ou subsistema que é utilizado no produto final de outra empresa.

 

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.