Gestão Financeira: como lidar com o salário que acaba antes do fim mês?
As suas receitas não cobrem as despesas do mês inteiro?
E você acha que a culpa é do aluguel, do transporte diário e da escola do filho ou da sua faculdade/pós?
Será?
Que tal anotar tudo, absolutamente tudo que você gasta durante um mês? Assim como tudo que ganha?
Com certeza, após fazer isto e analisar, minuciosamente, você terá grandes surpresas: provavelmente os cafezinhos após o almoço, ou aquela roupa que estava em liquidação e comprou, embora não precisasse, tem consumido grande parte dos seus recursos e você nem percebia.
O tempo todo somos incentivados a consumir pelas campanhas de marketing, pelo governo e pela sociedade e assim, se entramos nesta, passamos a viver um padrão de vida superior ao que de fato temos.
Portanto, precisamos fazer um bom planejamento financeiro para, de forma racional, saber o que ganha, o que gasta e o que deseja no futuro. E assim, não cair nas tentações.
Hoje vamos falar somente do primeiro passo.
Passo 1: Ter clareza do que ganha e do que gasta e equilibrar esta balança.
Após anotar durante um mês tudo que gastou e tudo que ganhou, classifique as receitas por origem (trabalho fixo, trabalhos extras etc.) e as despesas em moradia, alimentação, transporte, saúde, educação, cuidados pessoais, entretenimento, despesas financeiras (tarifas e/ou juros), outros e verifique o quanto cada categoria representa de seus gastos e avalie se faz sentido em relação ao seus valores. Por exemplo, se gasta mais com cuidados pessoais do que alimentação, faz sentido? Afinal saúde e beleza é mais fácil e barato conquistar de dentro (alimento consumido) para fora, do que de fora (tratamento estéticos) para dentro.
Dentro de cada categoria diferencie
- O que é obrigatório, do que não é obrigatório e o que é fixo, do que é variável
Obrigatório representa o que cobre sua necessidade de sobrevivência: prestação do imóvel próprio e/ou aluguel e/ou condomínio, serviços públicos, alimentação básica, transporte para estudar e/ou trabalhar etc.
Você precisará desta clareza caso necessite rever suas despesas – estas não são cortadas, embora possam ser diminuídas, por exemplo, trocando de imóvel alugado, trocando de meio de locomoção etc.
- dentre os não obrigatórios: o que traz conforto e o que representa estilo de vida;
Dizem que “os ricos gastam dinheiro no que apreciam e investem no que valoriza e os pobres gastam no que desvaloriza e os outros apreciam”, ou seja: é necessário saber se não está colocando recursos naquilo que a sociedade valoriza e não necessariamente você.
Atenção: todas as despesas no cartão também devem ser classificadas da mesma forma.
Inclusive, se usa bastante você conseguirá avaliar os meses anteriores e assim analisar seu comportamento financeiro de longo prazo.
Lembre-se que se você tem um(a) companheiro(a) e filho(s) será necessário fazer o planejamento financeiro familiar e uma discussão de receitas e gastos envolvendo a todos.
Após ter tudo anotado, faça um balanço da soma de receitas versus despesas e se:
– sobrar, invista;
– empatar, comece a gerar sobra e assim fazer um fundo de reserva para imprevistos (ideal: valor que cubra as despesas mínimas durante 6 meses);
– faltar, será necessário reduzir gastos.
Comece reduzindo os gastos evitando os “exageros” e as despesas não obrigatórias, por exemplo, café da manhã na rua é muito mais caro do que o café da manhã em casa.
Mas e aquela sensação “mas eu mereço” lembre-se que sim, você merece ter uma vida boa – por toda a vida. Aprender a adiar a gratificação é fundamental para sair do vermelho.
Poder não é comprar. Poder é escolher não comprar.
Na próxima semana falaremos de como gerenciar as suas dívidas antes de seguirmos os próximos passos do planejamento financeiro.