Deus e o computador quântico

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11:08 am - 11 de janeiro de 2018

O computador quântico terá a capacidade de processamento 100 milhões de vezes maior do que seu irmão, o computador tradicional. Pode parecer exagero, mas é perfeitamente compreensível se considerarmos que a unidade para armazenamento de um Bit do computador tradicional é um transistor feito de silício, basicamente, que por sua vez é formado por bilhões de átomos. A mesma unidade para um computador quântico, o QuBit, é formado por apenas 1 átomo!

Não só as dimensões permitem este ganho inacreditável de performance, mas o conceito quântico da superposição também. Ao contrário do Bit que pode ter o valor “0” ou “1”, o QuBit pode ter o valor “0” ou “1” ou “0“ e “1” ao mesmo tempo! Parece complicado? Mas é complicado. A mecânica quântica, teoria que descreve o universo no nível atômico, assombrou o mundo no início do século 20 e foi responsável pelo surgimento de tecnologias que estão no nosso dia a dia como o transistor e, consequentemente, os circuitos integrados existentes em todos os equipamentos eletrônicos do mundo, a energia nuclear, a máquina de ressonância magnética, os leitores e gravadores de DVDs, as fibras óticas,…

O conceito do computador quântico surgiu na década de 1950. A teoria, entretanto, só consegui materializar algo em 2007, mais de 50 anos depois. Em 2010 foi lançado pela empresa D-Wave o primeiro computador quântico comercializável. Em 2017 foi lançado, pela mesma empresa, o modelo 2000Q, que custa algo em torno de US$15M. A máquina está sendo testada pela NASA e pelo Google.

O computador quântico não vem para substituir o computador digital. Vem complementá-lo em tarefas complexas como as de Inteligência Artificial, algoritmos matemáticos, astronomia e busca de informações em bases de dados gigantes.

Geordie Rose, fundador e CEO da D-Wave, fez 3 previsões baseadas no desenvolvimento dos computadores quânticos. A primeira é que em 2018 a NASA, usando a computação quântica, vai descobrir um planeta com oceano e atmosfera semelhante à da Terra, a 40 anos-luz do nosso planeta. A segunda é que, em 2023, a física tradicional será abalada por descobertas sobre universos paralelos, somente possíveis com o uso do computador quântico. E, finalmente, em torno de 2028 máquinas inteligentes poderão fazer tudo que os seres humanos fazem. Ou quase tudo.

Mas, aonde entra Deus nesta história? Voltamos ao início do Século 20 quando o austríaco Erwin Schrodinger (1887-1961) criou várias teorias que foram fundamentais para a criação da mecânica e física quânticas. Ele criou uma equação para modelar matematicamente o movimento do elétron do átomo de hidrogênio ao redor do seu núcleo (próton). É uma equação diferencial complexa que só pode ser resolvida se assumirmos que o espectro de energia do universo, infinito por natureza, for delimitado entre faixas superior e inferior, ou seja, se for finito.

Ou seja, todo o conhecimento e tecnologia que o homem acumulou nesta nossa aventura de 300.000 anos na Terra, só consegue explicar o funcionamento subatômico do elemento mais simples da natureza, o hidrogênio, de forma limitada. A pergunta que se segue é a de como explicar a natureza das coisas fora dos limites de energia que criamos. Esta pergunta fica para os que só acreditam no que pode ser comprovado pela ciência. As religiões surgiram na antiguidade para que o homem explicasse fenômenos que ele não entendia, como dia e noite, trovões, chuva, meteoros e estações do ano. Graças à teoria quântica, ainda estamos muito longe de explicar tudo que nos cerca.

Um feliz 2018 e que ele traga ótimas perguntas para você fazer!

 

Sergio Basilio é Diretor Comercial da Westcon Brasil

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