Como estruturar a Experiência do Cliente frente ao Coronavírus?
Momento de contenção, de reavaliação e de medidas drásticas. Isso tudo impacta CX, como trabalhar para que esse impacto não seja negativo?
Eu imagino que você esteja recebendo diversas mensagens, através de todos os canais de companhias aéreas, restaurantes, escolas e supermercados. Nenhum convite para promoção ou para saber sua opinião sobre seus serviços, as mensagens são sobre o que essas organizações estão fazendo para impedir a disseminação do Coronavírus. Uma tentativa de deixar seus clientes informados durante essa pandemia.
Embora estejamos sempre a postos para apoiar nossos clientes a usar conhecimento e tecnologia para gerar mais insights e, desta forma, mais negócios, com o Coronavírus em ascensão no país, muitas empresas, em especial as pequenas, estão buscando simplesmente a sobrevivência. Sem contar os milhões de trabalhadores informais do nosso país, que estima-se ultrapassar o número de 40 milhões.
Jogos adiados, eventos cancelados, viagens de negócio diminuindo dia após dia, restaurantes fechados, táxis sem passageiros, contratos suspensos. Muitos setores serão afetados e é muito difícil não pensar em si próprio nesse momento, demitindo funcionários e impactando ainda mais a economia, mas tentar proteger seu quadrado pode ser um grande erro, além de pouco sensato.
Como as empresas podem aproveitar esse momento e usar CX?
Não deixe de ouvir
Os clientes continuarão consumindo produtos e serviços. Desligar os programas de monitoramento e escuta são um erro. É preciso atenção para o feedback não estruturado e devolver essa opinião para que equipes voltadas para o cliente compreendam a ansiedade e expectativa dos clientes neste momento e os ofereçam o que buscam. Além disso, podemos identificar tendências ao estudar palavras chaves e expressões relacionadas com o tema.
Aprenda com o exemplo de outras empresas
Olhar para o que está dando certo e repetir dentro de casa é uma ótima medida e mostra resiliência e humildade. Esse é um momento excelente para o trabalho em equipe, mesmo entre empresas que possam se considerar concorrentes. Deixar suas decisões e aprendizados claros para o cliente gera empatia e usa da verdade, o que é bastante apreciado pelo consumidor.
Manter o ambiente seguro e fazer o necessário para mitigar riscos são extremamente bem-vindos e bem vistos. Não seja o guerreiro que acredita que salvará o mundo com sua coragem.
Seja flexível
Nada de políticas rígidas nesse momento. Minha amiga Gabriela Szprinc, do Mercado Pago, me contava seguda-feira sobre como o Mercado Livre está investindo suas noites, desde a última quinta, pensando em tecnologia e processos de emergência para reforçar o atendimento ao cliente, com os colaboradores trabalhando remotamente. Assim como os cuidados com os que são da logística e precisam trabalhar para garantir as entregas, já que as compras online tendem a aumentar neste período de reclusão.
Por outro lado, meu whatsapp está lotado de mensagens que mostram empresas intolerantes com o momento e tomando medidas frias. Entendo a dificuldade de passar por esse período, impactos econômicos serão sofridos pela grande maioria, mas a forma de comunicar e se posicionar precisa ser cuidadosa e as explicações claras.
Também temos a oportunidade de ensinar nossos colaboradores, de treiná-los para o pós-crise, que virá!
Coloque os clientes em primeiro lugar, sem fins lucrativos
Todos estão tendo prejuízos: quem comprou passagem, quem se inscreveu para o evento, quem trabalha por hora e não como mensalista. Aplicar multas, taxas, dispensar o trabalho, não gerará uma situação confortável, muito menos empatia do cliente com a marca que não teve empatia com ele. Apoiar o cliente neste momento promoverá a lealdade a longo prazo.
Empresas que envolvem seus clientes com atos de boa vontade se recuperam mais rapidamente da desaceleração econômica inerente provocada por crises. Melhor ainda, elas garantirão sua saúde financeira a longo prazo, criando defensores da marca em um momento de necessidade.
Não deixe de lado os seus colaboradores
Não podemos criar um ambiente caótico nem promover desequilíbrio, pânico e instabilidade aos nossos colaboradores. O problema econômico é real, mas há outras implicações nesse momento. Suas famílias precisam estar seguras e para isso é preciso que as empresas gerem segurança, o máximo que puderem. Porque ao final da crise, eles estarão lá e suas experiências com os empregadores se refletirão no atendimento dado aos clientes. O que eu quero entregar como CX, quando a economia reaquecer?
Compre do pequeno
Não tem tanto a ver com CX, mas com coletividade. Pequenos negócios sustentam famílias inteiras e estão em risco no momento. A rede de lanchonetes vai sobreviver, mas a da esquina da sua empresa, talvez não. Se pudermos dirigir nossas compras para esses pequenos negócios, certamente colaboraremos com a sociedade, com famílias e com a recuperação da nossa economia, no final desse período.
Para finalizar, quero contar que pensei várias vezes ao escrever esse artigo. Nem todas as empresas terão saúde para promover o que precisa ser promovido, nem todo pensamento no coletivo é de fácil aceitação, devemos avaliar nossas atitudes com seriedade.
Ainda nesse momento de incerteza, precisamos ter empatia para entender o que queremos ao final deste momento desafiador, quando a pandemia acabar. E certamente empresas que hoje oferecem excelentes experiências a clientes e funcionários sairão muito mais fortes do que seus concorrentes.