Como criar awareness (ou consciência) de inovação no Conselho

Desafiar o status quo para que a empresa sustente sua competitividade e posicionamento é uma das principais responsabilidades dos conselhos

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por IBGC
4:30 pm - 21 de setembro de 2020
inovação conselho

Vivemos em um mundo V.U.C.A. (Volátil, Incerto, Complexo e Ambíguo) – onde a velocidade das transformações alcançou níveis jamais vistos, afetando negócios, pessoas e toda a sociedade. Está, portanto, instalada a necessidade de os órgãos de governança assegurarem leituras acuradas sobre o presente e os impactos, ameaças e oportunidades que se avizinham.

Para falar sobre inovação, é preciso refletir sobre o que constitui a base de um negócio:

  • Propósito, Estratégia e Pessoas compõem o DNA de uma empresa sustentável e longeva. Esse tripé precisa ser testado constantemente e colocado à prova das transformações externas e das competências requeridas.
  • Segundo Gary Hamel e C.K. Prahalad, a competição pelo futuro é uma jornada em três estágios: liderança intelectual (onde se desenvolve uma visão criativa e inovadora sobre o setor); gerência dos caminhos de migração (onde são desenvolvidas as competências essenciais e os conceitos de produtos e de relacionamento com o consumidor); e competição pela participação no mercado (onde se desenvolve a rede de parceiros e a estratégia de posicionamento).[1]

Criar consciência sobre inovação é antes de tudo encarar a realidade, olhar para fora, para dentro e questionar o status quo. Cabe aos conselheiros prepararem-se e zelarem para que inovação seja parte central da análise estratégica, assegurando espaço na agenda das reuniões, inspirando, provocando e desafiando a liderança para olhar além das fronteiras conhecidas da sua cadeia de valor. É preciso fazer com que os executivos percebam que a disrupção acontece e acontecerá e que só a inovação pode assegurar à empresa um lugar no futuro.

Para acelerar a transformação organizacional, deve-se empoderar e incentivar os executivos a criarem uma cultura de inovação, fomentar o intra-empreendorismo e conectar-se a outros ecossistemas através, por exemplo, de inovação aberta. Também é preciso criar indicadores que permitam avaliar o impacto da inovação nos resultados da empresa a curto e a longo prazo.

Para tal, o próprio conselho precisa manter-se aberto a novas ideias, estimulando debates com  empreendedores, investidores e outros agentes que contestem os pressupostos tradicionais. É critico também ter conselheiros que tenham históricos, backgrounds e pertençam a gerações diferentes; que tenham conexão com negócios em transformação digital e ecossistemas de startups e fundos de Venture Capital que possam desafiar e trazer elementos de mundos distintos.

Mas cuidado, o caminho não é suave e existirão barreiras a serem superadas, como: estilo de gestão pode incentivar ou restringir o espírito da inovação no cotidiano organizacional; a burocracia e rigidez em excesso são inimigos da inovação enquanto rigor, transparência e aprendizado com os erros são grandes parceiros e forjam uma cultura positiva; as competências devem ser revisitadas, desaprendidas e aprendidas; e o medo do futuro, ou a pseudo segurança quanto ao presente, podem paralisar a mudança.

Como então identificar se a rota está correta?  Algumas perguntas podem ajudar a entender o presente e discutir o futuro:

  1. Discutimos, no mínimo a cada semestre, mercado, mudanças tecnológicas e demais desafios estratégicos?
  2. Os membros do conselho e diretoria executiva estão conectados com as mudanças e demandas de mercado, de clientes, de diversidade, de ESG etc.?
  3. Sabemos o que querem nossos clientes atuais e futuros e quem são eles?
  4. O que é e o que será geração de valor para o negócio? Qual o valor para a sociedade?

Incorporar inovação à estratégia e ao cotidiano da gestão está em nossas mãos! É nossa a escolha de qual marca deixar no futuro da organização.

 

Olga Stankevicius Colpo é membro dos Conselhos de Administração do Banco BMG, Copel, São Martinho e Solvi. Membro das comissões de Inovação e de Empresas Familiares do IBGC.

Renata Ramalhosa é a CEO e Co-fundadora da Beta-i Brasil, um grupo Europeu na área de inovação colaborativa com programas de inovação aberta e de aceleração corporativa.

Maria Carolina Santos é diretora de novos negócios da startup Colmeia, secretária do Conselho da ONG ARCAH e integrante do comitê de Inovação e do grupo de trabalho de Mentoria de Startups do IBGC.

[1] G. Hamel, C.K Prahalad, Competindo pelo Futuro, Editora Campos

 

* Este artigo é de responsabilidade dos autores e não reflete, necessariamente, a opinião do IBGC

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