Por que as soft skills importam mais agora?

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3:01 pm - 08 de julho de 2019

O processo de transformação digital que estamos vivendo tem ajudado as empresas na automatização de inúmeras funções, fazendo com que os profissionais com perfil operacional deixem de ser demandados como antes. Hoje, robôs podem executar muitas tarefas de rotina historicamente feitas pelos humanos, de forma muito mais eficientemente. Com isso, as características exclusivamente humanas, as chamadas soft skills, que não podem ser imitadas pelas máquinas, vem crescendo em importância nas avaliações dos recrutadores, de acordo com pesquisas recentes analisadas pelo IT Trends.

 

O principal exemplo é relatório de Tendências Globais de Talentos 2019, do LinkedIn, que mostrou que 92% dos profissionais de recursos humanos e gerentes de contratação dizem que as habilidades sociais são tão importantes – ou mais – do que as hard skills. Um outro relatório, desenvolvido globalmente pela Udemy, mostra que, no Brasil, as soft skills aparecem como terceiro item na lista das 10 habilidades que os profissionais mais estão procurando aprimorar atualmente. Um pouco antes disso o relatório de Tendências Globais sobre Capital Humano, de 2016, da Deloitte, já apontava que os executivos agora consideram essas habilidades importantes para promover a retenção de funcionários, melhorar a liderança e construir uma cultura significativa. De fato, 92% dos entrevistados da Deloitte classificaram as habilidades sociais como uma prioridade crítica.

 

Até mesmo muito antes das novas tecnologias invadirem o mercado de trabalho, essa tendência de crescimento da importância das soft skills já havia sido identificada por pesquisadores da Universidade de Harvard. Um estudo conduzido ainda em 1918 (A Study os Engeneering Education) apontou que 85% do sucesso no trabalho, já naquela época, vinha de soft skills, e apenas 15% era proveniente de habilidades técnicas. Só agora, no entanto, não há dúvidas de que as empresas estão mais atentas a isso na hora de selecionar ou até promover talentos.

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Não faltam exemplos de grandes empresas que já perceberam a importância das soft skills dos funcionários para o sucesso do negócio e, inclusive, conseguiram comprovar isso por meio de pesquisa. O Projeto Aristoteles, por exemplo, conduzido pela Google, mostrou que o sucesso das equipes da empresa é muito menos sobre quem está no time e mais sobre como a equipe trabalha em conjunto, algo que está muito ligado às soft skills e não tem relação com as qualidades técnicas.

 

Neste cenário, a principal característica determinante para que essas equipes deem certo é chamada de segurança psicológica. Ou seja, a percepção do indivíduo sobre as consequências de assumir um risco interpessoal ou a crença de que uma equipe é segura. Isso significa, por exemplo, que os membros da equipe se sentem confiantes de que ninguém do time vai envergonhar ou punir qualquer outra pessoa por admitir um erro, fazer uma pergunta ou oferecer uma nova ideia. Quando se trata de inovar, esse tipo de perfil é muito valioso.

 

Mas, no fim das contas, o impacto no negócio é o que mais importa e, provavelmente, o que mais está empurrando as empresas a valorizarem as soft skills. No caso da Google, os pesquisadores descobriram que os indivíduos em equipes com mais segurança psicológica são menos propensos a sair da empresa, mais propensos a aproveitar o poder de diversas ideias de seus companheiros de equipe, são classificados como eficazes por executivos e, além de tudo, trazem mais receita para a companhia.

 

A pesquisa do LinkedIn – Tendências Globais de Talentos 2019 – também corrobora com essa conclusão: 80% afirmam que habilidades interpessoais estão cada vez mais importante para sucesso da empresa. No ranking de países pesquisados, o Brasil aparece com o segundo maior percentual de profissionais que acreditam que soft skills são muito importantes para o futuro do recrutamento de recursos humanos. Não sobram dúvidas de que os profissionais precisam estar atentos a essa tendência.

 

Soft skills mais valorizadas

 

Comprovado que as soft skills dos profissionais impactam diretamente nos resultados dos negócios, quais exatamente são essas habilidades que as empresas mais estão demandando? O IT Trends identificou que, em muitas pesquisas, a criatividade desponta em destaque. Para o LinkedIn, ainda segundo a pesquisa Tendências Globais de Talentos 2019, a criatividade é a característica mais demandada da atualidade pelas empresas.

 

A rede social explica que, enquanto muitos associam criatividade apenas com arte ou design, a verdade é que esta é uma habilidade aplicável a praticamente qualquer papel no mundo corporativo. O simples fato de resolver um problema de forma original, por exemplo, requer criatividade, uma habilidade que as máquinas não conseguem replicar.  Criatividade, originalidade e iniciativa também estão na lista do relatório Future os Jobs, do Word Economic Forum, das habilidades que serão mais demandadas em 2022, aparecendo em terceiro lugar.

 

Junto com a criatividade, o pensamento crítico também é valorizado. Enquanto a criatividade está associada à geração de ideias, o pensamento crítico está associado a julgá-las. Essas características, muitas vezes, são consideradas complementares, e há a certeza de que os robôs dificilmente as absorverão em breve. Por isso, são tão valorizadas pelos recrutadores e continuam sendo cruciais para qualquer equipe de alto desempenho.

 

A pesquisa The New Talent Landscape, conduzida pela Society for Human Resource Management, também apontou que o que é mais comumente relatado pelos recrutadores é escassez de competências como pensamento crítico/resolução de problemas, apontada por quase metade dos respondentes. É fato que, em um mercado tão competitivo quanto o atual, quem demonstrar mais facilidade e criatividade na elaboração de soluções de forma rápida e inovadora terá a preferência das empresas.

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