O horizonte aberto e híbrido da computação em nuvem
Maioria das empresas brasileiras vê nuvem híbrida como infraestrutura ideal do futuro
A computação em nuvem está em toda parte, presente em nossas vidas das mais variadas formas. Quando tiramos fotos com nossos celulares, por exemplo, essas imagens são armazenadas em algum tipo de nuvem, para que depois possamos acessar a partir de qualquer outro dispositivo. Uma inovação que já se tornou tão enraizada que fica difícil lembrar de um mundo sem as facilidades, a agilidade e a segurança proporcionadas pela cloud computing.
Nos mais diversos setores, a computação em nuvem tem transformado a maneira de armazenar e lidar com dados. Para as empresas, a cloud computing vai muito além de uma questão de conveniência e agilidade. Representa um universo de possibilidades, fundamental não só para o crescimento sustentável dos negócios, mas parar gerar impactos significativos na sociedade como um todo.
Se considerarmos dois dos segmentos mais afetados pela pandemia nos últimos dois anos, a cloud computing foi a solução que permitiu rápidas adaptações e avanços. Na educação, possibilitou aos alunos participar de atividades de aprendizagem online em qualquer lugar e horário, sem que as instituições de ensino tivessem que arcar com uma infraestrutura cara e complexa. Já na indústria de saúde, melhorou o gerenciamento e a integração dos prontuários médicos entre os diferentes órgãos e empresas do setor, trazendo agilidade no atendimento dos pacientes.
Destravando o crescimento
A acelerada transformação digital e o amplo volume de informações trocadas a cada segundo vêm impulsionando a cloud computing. Segundo previsões do IDC, a adoção da nuvem vai avançar bastante neste ano, acumulando uma alta de quase 50% em relação a 2020. O modelo de nuvem pública, como revela o levantamento, é o que mais deve ganhar espaço, seguido pela nuvem privada e pela nuvem híbrida.
A cloud computing passou de uma opção de infraestrutura utilizada apenas para atender picos de demanda, a solução principal – e em muitos casos a única – de infraestrutura de TI. O movimento ocorre por várias razões, mas especialmente pelas características da computação em nuvem, que oferece agilidade, facilidade de consumo e transparência, atributos necessários para competir em um mercado cada vez mais orientado pelos serviços digitais. A nuvem impulsiona e acelera a inovação, uma demanda crescente dentro das companhias para responder às demandas do mercado.
Em um universo corporativo ocupado por startups que já nasceram com suas infraestruturas nativas em nuvem, as empresas mais tradicionais, que possuem grandes investimentos em data centers próprios, estão revendo e modernizando sua TI. Migrar tecnologias não é um processo tão complexo quanto parece, já que é possível conectar soluções legadas à novas ferramentas de mercado, sem a perda de dados e de serviço. O importante é que cada companhia compreenda seu momento e sua real necessidade, aproveitando o melhor de cada modelo de nuvem.
Aberta e híbrida
Hoje qualquer serviço de nuvem, independente de provedor e tecnologia, é baseado em soluções de código aberto, especialmente no Linux, que tem um papel-chave na construção desses serviços. A principal contribuição do open source é a democratização do acesso à tecnologia, permitindo que a inovação ocorra em velocidade e escala sem precedentes. Englobando comunidades que trabalham de forma descentralizada em todo o mundo para resolver problemas em comum, viabiliza a inovação rápida.
Inicialmente, o open source habilitou a nuvem para oferecer infraestrutura básica de computação, rede e armazenamento. Atualmente, permite que a nuvem ofereça desde serviços de SaaS e construção de aplicativos, até bases de dados, ferramentas de desenvolvimento de software, integração e Inteligência Artificial. Por conta desse amplo portfólio, as empresas estão investindo cada vez mais em nuvem, com adoção de nuvem híbrida, e de múltiplas nuvens, seja por estratégia de custo, funcionalidades, localidade ou para atender a regulamentações.
Segundo uma pesquisa da Accenture com 4 mil executivos de 16 setores em 25 países, incluindo o Brasil, 13% das empresas trabalham com nuvem por uma questão de estratégia, enquanto cerca de 23% investem na solução devido aos seus benefícios econômicos.
O país é apontado como um dos líderes globais na tendência a adoção de nuvem, principalmente quando se fala em nuvem híbrida. De acordo com o estudo, Entreprise Cloud Index (ECI), feito pela consultoria britânica Vanson Bourne, quase 91% das empresas brasileiras concordam que esta é a infraestrutura ideal do futuro. A pandemia, inclusive, acelerou esse pensamento e metade dos executivos brasileiros fizeram novos investimentos no formato.
A principal missão e desafio da cloud é trazer consistência em um modelo de trabalho mais unificado. Por todas as qualidades e características da tecnologia, a adoção da nuvem, principalmente da nuvem híbrida, está no horizonte de qualquer negócio inovador: confere flexibilidade e liberdade para usar os diferentes modelos de nuvem com baixo custo, segurança, consistência e ritmo de inovação que só o open source é capaz de trazer. Um ganho para as empresas, para os negócios e para a sociedade como um todo, com inovação constante e facilidade para avançar além do que podemos imaginar.
*Thiago Araki é diretor de Tecnologia para a América Latina na Red Hat