Transformação estratégica das companhias em 2023 passa por reforçar ecossistemas
IT Forum Series oferecido pela IBM ressaltou importância das parcerias tecnológicas para que as organizações entreguem valor no próximo ano
Se há uma série de desafios à frente dos gestores de tecnologia das corporações brasileiras para 2023, sendo boa parte deles evoluções claras de tendências já observadas ao longo de 2022, uma coisa é certa na hora de enfrentá-los: não é mais possível que as organizações o façam sozinhas. A formação de ecossistemas é importantíssima para as empresas obtenham sucesso em um mundo digitalmente transformado.
Essa é uma das conclusões a que chegaram os participantes do IT Forum Series, realizado pelo IT Forum nessa quarta (9) no Distrito Itaqui. O evento, segundo da série realizado pela IT Mídia, foi oferecido pela IBM.
“Os ecossistemas de plataformas mudam tudo ao nosso redor, porque ao invés de construir ‘meu’ sistema, vou participar do dos outros”, disse Silvio Meira, professor extraordinário da CESAR School e emérito da Universidade Federal de Pernambuco, além de um dos fundadores do Porto Digital de Recife.
Meira palestrou e mediou um debate entre CIOs e executivos da IBM durante o evento. E ressaltou não só a importância da formação dos ecossistemas como também fez alertas. “Fazer parte de um ecossistema não é sair de uma dependência total para uma independência total, mas sim para uma interdependência capaz de materializar propostas de valor.”
Silvio Meira. Foto: Yuca Estúdio Criativo
Silvio citou um estudo da própria IBM – o The Virtual Enterprise, de 2021 – para demonstrar que entre as empresas globais, o número das que pretende investir na formação de ecossistemas saltou quatro vezes entre 2018 e 2021, indo de pouco menos de 20% do total para mais de 80%.
Esse crescimento do interesse não é por acaso. Quando se observa o tamanho da oportunidade trazida por tecnologias como o 5G – cujo impacto estimado global pode chegar a US$ 13,2 trilhões ao ano a partir de 2035, segundo a GSMA – e a internet das coisas (IoT), fica fácil concluir que esse bolo não pode ser comido por só uma empresa.
“Todos os modelos de negócio baseados em ‘eu levo a maior parte’ vão colapsar. E isso é bom”, ressaltou o professor. Para ele, em uma economia baseada em rede como essa que se avizinha, os negócios precisarão se “inverter”. O sucesso não deve mais ser medido em lucro e resultados financeiros puros, mas sim em propostas de valor.
Não se trata obviamente de tarefa simples para os gestores. Segundo Meira, é preciso adotar um plano de transformação estratégica, que considere criatividade, descoberta, experimentação, arquitetura e organização e, finalmente, escala e sustentabilidade.
“As pessoas já estão funcionando assim. E só vão trabalhar em locais que funcionem assim. Locais com agilidade e desenhados para colaboração e criação de valor em rede”, ponderou.
Cinco imperativos
Após a apresentação de Silvio Meira, formou-se uma mesa com um objetivo: debater o tema “Liderando em um mundo em transformação: 5 imperativos para o amanhã”. Tratam-se de cinco tendências tecnológicas fundamentais durante 2022 – ou mesmo antes, durante o período da pandemia – e que devem prosseguir ao longo de 2023. E que sem dúvida desafiam todo CIO ou líder de tecnologia corporativa.
“Os desafios são enormes. Agora a gente volta em um mundo diferente, híbrido”, disse Wagner Guedes, diretor de contas selecionadas e líder em tecnologia na IBM Brasil, que ressaltou o primeiro imperativo: o desafio da mão de obra. “O grande desafio que vejo é como reter nossos talentos, criar uma cultura para as pessoas. Os valores mudaram muito.”
Segundo ele, é preciso criar planos e desenvolver pessoas que entram nas corporações nas mais diversas áreas, inclusive e sobretudo a de TI.
Fabio Mota, vice-presidente de serviços aos negócios e tecnologia da Raízen, ressaltou um segundo imperativo: a manutenção do ritmo de transformação digital alcançado pelas organizações após a pandemia. Com o mundo voltando ao “normal”, como continuar evoluindo digitalmente?
“Fomos muito mais tolerantes a erros, investimos mais dinheiro com menos business cases [executados]. Talvez o grande desafio seja tirar um aprendizado de tudo isso e não regredir ao primeiro sinal de falha grande, investimento errado, projeto mal-sucedido”, refletiu. “O mundo está mais complexo, mas a parte boa é que está mais complexo para todo mundo.”
O terceiro imperativo é a evolução dos processos de negócio com base na tecnologia – item no qual a automação e a inteligência artificial podem exercer papel cada vez maior. Segundo Wagner Guedes, são tecnologias consideradas chave pela IBM, seja por meio dos recursos do Watson ou nas soluções oferecidas por meio da aquisição feita em 2020 da WDG Automation, especializada em RPA.
Na foto, da esquerda para a direita: Silvio Meira, Wagner Guedes, Antônio Brasil e Fabio Mota. Foto: Yuca Estúdio Criativo
“A gente trabalha muito com modernização do legado. Dentro de casa estamos automatizando os processos também, desde o entendimento da aplicação, onde ela está interligada, que data sets ela acessa”, contou Antônio Brasil, CTO para a América Latina da IBM. “Aplicando fortemente IA já com a sugestão de uma arquitetura moderna que venha substituir aquele sistema legado. É um trabalho que une tecnologia, consultoria e produtos.”
O quarto imperativo, que se refere ao ESG – sigla que une a preocupação ambiental, por sustentabilidade e governança – também foi ressaltado pelos participantes. Para Fabio Mota, as “empresas que não estão pensando na sua cadeia, produtos, e na forma como operam com o entorno, não vão ter vida longa”.
Segundo Wagner Guedes, muito embora as empresas brasileiras ainda estejam atrasadas na adoção de soluções tecnológicas que sustentem iniciativas ambientais, por exemplo, o portfólio da IBM oferece soluções para essas preocupações. O executivo ressaltou a compra da Envizi no começo de 2022 – empresa especializada em dados e métricas ambientais e sociais. “O intuito é tirar uma fotografia de onde [a empresa] está [em iniciativas ambientais]. A maioria das empresas não consegue tirar essa foto.”
Quinto e não menos importante imperativo: a segurança cibernética. Para Antônio Brasil, a inteligência artificial e a automação são, elas de novo, grandes aliados em esforços de proteção dos sistemas das organizações. E a IBM tem feito investimentos não só em tecnologia e infraestrutura – a empresa deve inaugurar um SOC no Brasil em 2023 –, mas também em educação, considerando que muitas vezes o ‘elo fraco’ são justamente as brechas abertas pelas pessoas.
“Eu tenho dificuldade de acreditar que empresas como a gente, que não tem isso [a cibersegurança] no core, não precisarão se relacionar com grandes parceiros [de segurança]”, ressaltou Fabio Mota, a respeito da terceirização de certas iniciativas de segurança. “Apesar de a gente ter um time de tecnologia internalizado. A gente tem como parceiro a IBM. Eles entraram em um momento ruim, que foi durante um ataque, e nesse processo temos aprendido muito.”
Na Raízen, a cibersegurança saiu da área de TI e agora tem uma área dedicada. Para o VP, segurança é um elemento subestimado no passado e que agora está muito mais evidente.