Transformação digital pede discussão sobre impacto em pessoas

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9:15 am - 31 de agosto de 2016

O tema transformação digital tem sido explorado à exaustão e isso prejudica o debate mais amplo de tudo o que pode realmente significar as mudanças propiciadas pelas tecnologias digitais. O primeiro passo é separar aquilo que é transformação de fato daquilo que nada mais é que evolução de processo. Depois, mais que discutir o tipo de tecnologia, provedor ou o que será implantado, é debater o real impacto em pessoas. Poucas empresas têm feito alguma provocação nesse sentido quando, na verdade, o tópico deveria ser o início de qualquer debate, uma vez que todo o alvoroço criado em torno do mundo digital e suas benesses assim o foi por conta do impacto que tem causado no cotidiano das pessoas, seja em suas rotinas profissionais ou residenciais. E é justamente a inclusão desse ponto como algo central que chama a atenção no discurso da VMware para o digital.

“O mundo está indo para o digital e isso é uma grande revolução. Essa quarta revolução influenciará todas as partes de nossas vidas. A educação está sendo transformada. A saúde também, a forma como os médicos trabalham está em plena transformação pelas ferramentas disponíveis e que possibilitam diagnósticos precisos mesmo à distância”, comentou Sanjay Poonen, gerente-geral para end user computing na VMware, ao falar durante o segundo dia do VMworld 2016, em Las Vegas (EUA).  “A proposta da VMware é começar a transformar o data center para um modelo cloud. Mas além disso, trabalhar o usuário final, trabalhar a ponta.”

A tal revolução mencionada por Poonen, na verdade, vem acontecendo aos poucos, já que historicamente, é muito difícil datar o início e fim de um transformação como a prometida. Mas como tudo em tecnologia é diferente e os impactos são sentidos muitas vezes em tempo real, é preciso discutir o que realmente esperar desse novo mundo. Várias tecnologias e suas evoluções vem provocando revoluções. A mobilidade se tornou ubíqua, a internet como conhecida hoje trouxe a interconexão e as soluções em torno de big data permitiram às companhias finalmente dar um uso decente ao amontoado de informações acumuladas ao longo de anos. Soma-se a elas a própria internet das coisas (IoT, da sigla em inglês), que deve viver um forte avanço permitido pelo barateamento dos sensores. Olhando para o dia a dia, basta voltarmos no tempo e ver como foi possível eventos como a Primavera Árabe, conexão e plataforma social.

Como explicou Andrei Andriolli, diretor da VMware e que atua próximo ao CTO da companhia mas com visão de América Latina, o fato de pessoas estar no discurso da empresa para transformação digital não é por acaso. A fabricante trabalha internamente essa questão e provoca os próprios funcionários a terem esse tipo de pensamento ao incentivar, por exemplo, trabalho voluntário. Assim, fica mais fácil embutir no discurso da TI o fator gente. No fundo, uma coisa leva a outra e, pensando dessa forma, as empresas atingem seus objetivos mais rapidamente.

Pensar em gente também é necessário para evitar o que os CIOs enfrentam hoje com a shadow IT. Se houvesse uma sensibilização com as áreas de negócio há alguns anos, não haveria tanta contratação da forma que acontece. E não era difícil prever. “Como a tecnologia é mais ubíqua e acessível, o usuário tentou criar ou buscar soluções fora da TI que trouxessem agilidade, mas que podiam gerar custo. Será que a contratação segue as regras para não expor informações dos clientes? Por outro lado, a solução é colocar TI à frente de tudo? Não, mas criar ambientes que permitam essa liberdade”, refletiu Andriolli, fazendo jus ao discurso da VMware que, ao longo do encontro, tem trabalhado essa dualidade entre controle e liberdade e como se criar um ambiente propício a isso por meio de diversas soluções.

Saber para onde vai o negócio e dialogar com as áreas de negócio para entender anseios e possíveis impactos do digital na vida dos funcionários e, mais adiante, dos clientes, se torna fundamental nesse momento. Sem esse olhar mais amplo, fazendo uso da visão holística que a TI já possui da corporação, dificilmente uma estratégia de transformação digital será comprada ou implantada com facilidade.

Os exemplos de impacto são simples e variados. Poonen citou alguns, mas existem vários outros como a própria questão do trabalho remoto, que tem dado saltos em qualidade e melhora qualidade de vida, produtividade e, em grandes centros como São Paulo, contribui para o trânsito e para reduzir a poluição, já que se pode diminuir a quantidade de pessoas circulando. No caso da VMware, tudo eles convertem para esse olhar, até as tecnologias de data center definido por software, que, como lembrou Andriolli, trazem redução no consumo de energia entre outras facilidades.

Existe um impacto em sociedade que precisa ser levado em consideração. Nesse sentido, as oportunidades estão à mesa. Indústria e compradores precisam apenas azeitar seus discursos para que as coisas aconteçam. No Brasil, ressaltou Andriolli, muitos projetos têm acontecido, mesmo com o ambiente de incertezas político-econômica, no entanto, na maioria dos casos, muito em função da redução de custo – que também é importante -, mas que pode deixar de lado oportunidades interessantes inclusive de geração de novos negócios.

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