TI da Renault-Nissan sai dos bastidores com projeto de aceleração

Angelo Fígaro, CIO da empresa na América Latina, conseguiu contaminar departamentos de negócios no quesito inovação e área tem agora papel altamente estratégico

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10:18 pm - 27 de março de 2018

Angelo Fígaro ingressou na montadora Renault-Nissan em 1996 e tornou-se CIO em 2011. Sua evolução no posto é clara e inclui, hoje, uma cadeira no board, reflexo de um trabalho que buscou tirar a TI dos bastidores e efetivamente posicioná-la como estratégica.

O executivo afirma que sempre foi apaixonado por TI e o fato de poder contribuir para os negócios o motiva a fazer mais e melhor. “Recentemente, me perguntaram o que eu queria fazer depois. Não me vejo fora da TI, embora eu possa executar qualquer tipo de atividade em outra área por entender dos negócios”, revela o vencedor do Executivo de TI do Ano na categoria Indústria automotiva, autopeças e mecânica, prêmio da IT Mídia realizado em parceria com a Korn Ferry.

Os desafios no posto são muitos e para ele uma oportunidade pujante no momento é a transformação digital. “Ela nos dá protagonismo”, observa, reconhecendo, no entanto, que o dia a dia é igualmente importante, pois ele é a base da inovação. “A rotina diária consome e se não dedicarmos uma certa quantidade de tempo para o novo, nada acontece. Olhando para esse cenário, nos perguntamos até quando queríamos ser reconhecidos como área de suporte. Queríamos sair dos bastidores e entregar valor”, reflete.

E foi justamente pensando no novo e em surpreender, que a TI, em linha com as áreas de negócios, decidiu colocar em prática o Renault-Nissan Experience 2.0, programa de inovação aberta voltado a estudantes universitários que premia as melhores iniciativas de empreendedorismo em linha com um tema estratégico para a montadora. Em 2017, o desafio girava em torno de mobilidade e conectividade.

Aberto a estudantes de qualquer área, o projeto orienta os alunos na ideação, concepção, desenvolvimento e aceleração dos seus projetos. Além da premiação de R$ 30 mil por equipe vencedora, o propósito do projeto é que todos os participantes possam viver a experiência do empreendedorismo, constituindo um processo de aprendizado por meio de conteúdos e ferramentas digitais disponibilizados no universo on-line.

“Há no mercado diversas empresas de tecnologia que desenvolvem projetos ágeis, mas quanto fomentamos o ecossistema, contaminamos a empresa de forma positiva”, observa, ressaltando que o grande desafio da transformação é a cultura interna.

Até 2016, o Experience, lembra, era um programa de atração de talentos em universidades, que inspirava estudantes. “Contudo, vimos que tínhamos a oportunidade de aproveitar esse ecossistema para desenvolver o empreendedorismo nos universitários e, ao mesmo tempo, trazer a inovação para dentro de casa”, destaca.

Hora da virada

Para fortalecer o projeto, a Aliança Renault-Nissan formou uma rede de parceiros como o Hotmilk, uma das maiores aceleradoras de startups do Paraná, onde fica a sede da empresa no Brasil, o Banco Renault, a Michelin e o apoio institucional do Senai, Agência Help e da Renault-Nissan Consulting.

Para surpresa da empresa, mais de 1,5 mil alunos, 442 equipes, de 82 universidades em 12 estados se inscreveram. Desses, três times foram premiados. “O sucesso foi tamanho, que a Renault decidiu investir nas startups finalistas”, comemora. “A área de comunicação, madrinha do Experience 2.0, ficou impressionada com o barulho também nas redes sociais”, completa.

Além do impacto positivo externo, Fígaro relata que, efetivamente, esse novo formato abriu os olhos da empresa. “Estamos vivendo uma era de startup dentro de casa. Nenhum projeto pode passar de quatros meses. É a nova forma de trabalhar”, conta o executivo. Agora, a empresa tem squads para fomentar a inovação e projetos por sprints.

O executivo confessa que essa nova era é pautada também por um aprendizado constante. “Agilidade é chave para nós e o Experience 2.0 incluiu definitivamente a companhia no ecossistema nacional de inovação e empreendedorismo, consolidou o programa de inovação aberta, aproximou estudantes dos nossos colaboradores e serviu de motor para geração de novas ideias e projetos com benefício financeiro mensurável para a companhia”, revela.

Neste ano, a iniciativa continua firme e forte, garante o executivo. Afinal, uma vez estratégico é preciso se manter no patamar e inovar todos os dias.

Finalistas da categoria Indústria automotiva, autopeças e mecânica

1º Angelo Figaro Egido – Renault-Nissan
2º André Ferreira – Fiat Chrysler
3º Cleber Rodrigues – Nakata

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