Tecnologias disruptivas não surgem todos os anos, acredita Wozniak

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2:49 pm - 12 de novembro de 2014
Tecnologias disruptivas não surgem todos os anos
Steve Wozniak, ícone do Vale do Silício e cofundador da Apple, subiu ao palco do Symantec Vision, evento promovido hoje (12/11) pela fabricante em São Paulo, usando terno e tênis azul e amarelo com a bandeira do Brasil. No pulso esquerdo, um relógio um tanto quanto diferente, que por ser fã assumido de gadgets prometeu testar por uma semana, mas não tirou mais do braço. No outro pulso, estava o tão aguardado pelo mercado Apple Watch. “Sou viciado em tecnologia, compro várias e vou testando”, disse. 

Na opinião de Wozniak, inventor do computador pessoal Apple II, o mercado não vive uma falta de tecnologias disruptivas. “Elas não surgem todos os anos. Muitas vezes, as novidades são apenas incrementais. Ainda que Steve Jobs estivesse aqui, elas não apareceriam”, opina. Ele, no entanto, acredita que teremos surpresas no futuro e ainda na aplicação de tecnologias, como o Google Glass, em setores como educação para promover melhorias setoriais.

Durante o encontro com imprensa e executivos brasileiros, Woz, como é conhecido, contou ainda fatos sobre os bastidores da Apple e afirmou que Edward Snowden, ex-funcionário da agência de segurança norte-americana que vazou a espionagem do governo dos EUA que mirava cidadãos e outros países, é um herói. “A partir do momento em que o governo passa a fazer coisas do tipo, é preciso ter atitudes como essa”, opina. 

Falando sobre segurança, Woz, lembrou que as empresas devem desenhar uma estratégia adequada de proteção e relatou que ele conta com uma série de recursos do tipo, incluindo diversos backups físicos locais que estão sob o seu controle. Tudo para não perder os dados.

Relacionamento com Jobs
Woz não tem uma resposta simples para ilustrar suas experiências pessoal e profissional com Steve Jobs, fundador da Apple morto em 2011. “Tivemos diferentes fases em nosso relacionamento”, lembra.

Ele relata que os dois eram melhores amigos, mas a amizade também era pautada por desavenças. “Parte de mim dizia que não queria brigas, discutir. Mas ele era muito jovem quando o conheci, tinha apenas 16 anos, e sempre quis ser um líder, alguém a ser seguido”, conta.

O cofundador comentou que Jobs sempre acompanhou as criações de Woz e por isso quis abrir uma empresa. “Meu papel era construir os equipamentos. O de Steve vendê-los.” “Tínhamos um bom produto, o Apple II. Não tínhamos dinheiro e nenhuma experiência em negócios. Buscamos recursos financeiros e encontramos um investidor-anjo e foi aí que a personalidade de Jobs mudou porque ele viu sua oportunidade de ser um grande homem com visibilidade mundial”, relata.

Nessa fase, Jobs tornou-se um homem de negócios, menos falante, mais focado na empresa, observa. Segundo Woz, ele gostava de manter o controle das coisas. Tinha grandes sonhos, mas falhou muitas vezes na execução deles.

Internet das Coisas
Sobre a tendência da Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), Woz acredita que a interação com os objetos tende a se tornar mais humana. “Quando quero ligar para meu amigo Jim não preciso digitar os números, basta acionar o recurso de voz. Afinal de contas, conhecemos as pessoas por nomes, não por números”, diz. “Nossos dispositivos estão virando nossos amiguinhos. Todos eles têm um senso humano agora”, completa.

Otimista sobre o crescimento dessa onda, Woz aponta que gosta de ver a temperatura em seu dispositivo e checar se as portas de sua casa estão fechadas. Usando um iPhone 6, ele enviou durante sua apresentação um aviso para sua casa para mostrar para sua mulher que estava pensando nela.

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