SXSW 2016: Para fazer coisas épicas, siga adiante, mesmo com medo

O processo de inovação não é fácil e organizado. Às vezes, vai parecer impossível. Depois vai virar improvável. Até sentirmos que está acontecendo de verdade!

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4:09 pm - 18 de março de 2016

Como fazer inovações revolucionárias? Ou melhor, coisas épicas? Ou melhor ainda, “epic sh*t”, no original em inglês? Esse foi o tema da palestra de Regina Dugan, VP de Engineering, Advanced Technology & Projects do Google, essa semana, no SXSW.

Segundo a executiva do Google, a linguagem da inovação é praticamente a mesma, independentemente da área. Dietas, por exemplo: a do vinagre, a dos cigarros, a de Atkis, a low-carb, a sem gordura, juicing, etc… São todas moda! Elas são atraentes porque funcionam muito bem por um tempo, mas depois morrem. Muita gente pensa sobre inovação do mesmo jeito, mesmo porque a definição original da palavra inovação era simplesmente “alterar”. Mas, para realmente funcionar, precisamos pensar em inovação como uma disciplina, um modo de vida.

Quando Regina trabalhava para o Departamento de Defesa dos EUA, ela pôde liderar inovação revolucionária da ideação à produção em massa em apenas nove meses. E isso em uma das organizações mais burocráticas do mundo! A maior razão para isso foi repensar o processo de inovação. A maior parte das organizações pensa em inovação de um jeito similar: pesquisa básica, depois pesquisa aplicada, depois o produto ao consumidor, e essa cadeia pode levar 10 anos ou mais. Isso já virou um fato social. Mas isso não traz nada revolucionário.

A revolução acontece quando uma organização atinge o que se chama o quadrante de Pasteur, quando a ciência básica encontra uma aplicação direcionada, crítica e urgente. Navegar do pensamento linear até o quadrante de Pasteur não é uma tarefa fácil. Só colocar na mesma sala o pessoal de P&D e os desenvolvedores de produto vai dar resultados terríveis, porque nenhum dos lados estará motivado.

A transição acontece quando juntamos ciência audaciosa com uma aplicação importante. Isso é uma condição comum em projetos complexos, fazendo com que os prazos fiquem mais difíceis, o que por sua vez leva a uma situação mais arriscada. Entretanto, já que as pessoas têm tanta paixão pelo projeto, essa paixão contrabalança e diminui o risco.

Essa inovação pode ser vista aplicada em alguns projetos desenvolvidos pelo Google ATAP:

– Project Soli: um sistema de controle hands-on. Levou nove meses da ideação ao protótipo. Você pode ver mais sobre ele nos vídeos abaixo.

– Project Jacquard: sensores de toque tramados como num processo têxtil. Esses sensores serão inseridos em roupas. Em resumo, é como tecer telas touch em tecidos, criando superfícies interativas em vestuário. Veja mais detalhes no vídeo.

Soli e Jacquard foram definidos para resolver um problema que foi criado por uma limitação física. Smartwatches são o menor tamanho de uma tela touch que o corpo humano pode operar fisicamente. Isso é uma restrição biológica. Então, esses dois projetos foram idealizados para criar novas formas de interação, ultrapassando essa restrição.

Outros bons exemplos de inovação são o Project ARA, para criar uma nova API de hardware, da mesma forma que há APIs de software, e o Google Spotlight Stories, novas ferramentas criativas para o formato mobile (https://youtube.com/channel/UCJadKNYMahhqtdAhDZSy4cg).

Em resumo, o processo de inovação não é fácil e organizado. Às vezes, vai parecer impossível. Depois vai virar improvável. Até sentirmos que está acontecendo de verdade! Durante esse processo, falhas não são um problema. Isso acontece quando VOCÊ está tentando fazer algo grande. Medo do fracasso é que é o problema. Para ter sucesso, precisamos escolher viver e continuar, mesmo com medo, porque esse é o único jeito de fazer coisas épicas. Epic sh*t!

(*) João Casarotti é project manager da CI&T e estava em Austin acompanhando o SXSW

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