Suse ingressa em nova fase após venda à private equity

Prestes a tornar-se uma empresa autônoma, depois da sua venda ao private equity EQT Partners pela Micro Focus por US$ 2,5 bilhões, a Suse está ávida por novos ares. A companhia, que atua no mercado de software open source, vislumbra crescimento e, mais do que tudo, fôlego para fortalecer seu portfólio e parcerias com o mercado.

A alemã Suse foi fundada em 1992 e, a partir de 2004, mudou várias vezes de donos. Naquele ano, foi vendida à Novell. Em 2010, a Attachmate comprou a Novell e, consequentemente, a Suse. Em 2014, foi a vez de a Micro Focus adquirir a Attachmate e ainda Suse, mas a manteve como uma divisão independente.

Sergio Toshio, vice-presidente e gerente-geral da Suse para a América Latina

“Estávamos muito escondido depois de sucessivas aquisições. Agora, teremos mais independência. Estamos em uma jornada de consolidar nossa marca”, contou Sergio Toshio, vice-presidente e gerente-geral da Suse para a América Latina, para quem a empresa sempre foi referência quando o assunto é Linux.

A mudança, segundo ele, teve início em 2017, quando a Micro Focus decidiu separar as empresas. A partir daí a Suse passou a contar com parte do time, como Comercial e Engenheiros, exclusivos para sua operação. Com a aquisição pela companhia sueca de private equity, no entanto, a operação será totalmente independente e equipe própria. “Teremos agora um período de adaptação. Vamos mudar de escritório e contratar pessoal”, adiantou.

Casa arrumada

Para Toshio, a casa já está arrumada e os resultados mostram isso. A empresa não revela dados locais, mas, globalmente, tem registrado salto dos negócios. De 1º de outubro de 2017 a 30 de abril deste ano, a Suse registrou receita de US$ 182,9 milhões, o que representa expansão de aproximadamente 17% em relação ao mesmo período do ano anterior. O EBITDA ajustado para esse período foi de US$ 56 milhões, ou seja, cerca de 23% de crescimento ano a ano.

As alianças também ganharam reforço. A Suse expandiu parcerias com provedores de nuvem pública, incluindo Amazon Web Services (AWS), Google Cloud, IBM Cloud e Microsoft Azure. Desde 2013, mais de 10,7 mil aplicações de parceiros e de 7,6 mil sistemas de hardware foram certificados para serem executados por meio de softwares Suse.

“Há muitas empresas usando Linux na nuvem e essa é uma grande oportunidade para anos”, observou o executivo. Segundo ele, o fato ainda de 70% das aplicações SAP rodarem no Linux e o SAP Hana somente rodar em Linux também têm aquecido a demanda pelo sistema.

Ele revelou, ainda, que, além da nuvem, a Suse tem investido em infraestrutura definida por software e soluções de entrega de aplicativos. A atualização tecnológica tem gerado crescimento dinâmico e lucrativo. Segundo ele, como as empresas precisam ser cada vez mais ágeis e economicamente eficientes, precisam alavancar ativos digitais, informações e inovações de software, que possibilitem a transformação digital.

Toshio indicou que ainda há no mercado uma base grande instalada de servidores RISC que precisa ser atualizada. “A migração natural desse parque é para Linux. Esse mercado de core tem espaço para crescer”, observou ele.

Tecnologias emergentes

O executivo acredita também que tecnologias emergentes vão impulsionar a busca por Linux. “O open source já virou realidade no mundo corporativo. As dúvidas sobre segurança já não existem mais e o foco é performance”, comentou.

A onda da internet das coisas (IoT) será essencialmente alimentada por Linux, indicou ele. Isso porque, dispositivos de IoT precisam cada vez mais de dispositivos menores. “O Suse Linux, por exemplo, roda no minicomputador Raspberry Pi”, assinalou.

Canais

Toshio apontou que todas as vendas da empresa são feitas via canal. Assim, portanto, a Suse tem investido na especialização dessa rede. “Precisamos de parceiros que fogem do tradicional Linux, de infraestrutura. Nessa toada, requalificar parceiros é chave”, comentou.

A Suse mantém um portal para qualificação do canal e fomenta a constante evolução da sua rede, sobretudo para a venda consultiva e não mais baseada em bits e bytes.

O que vem por aí?

Toshio, que assumiu às rédeas da Suse na América Latina em maio de 2017, mas atuou antes como country manager da Novell e depois do Attachmate Group, apontou que agora seu desafio é o de engajar o time e mostrar ao mercado o DNA adormecido da Suse.

“Nossa logomarca é um camaleão. Somos com ele: nos adaptarmos muito rapidamente aos cenários. Isso acontece porque a cultura da empresa é muito aberta. O fato de preservamos nossos valores nos ajudar nessa nova fase.”

A cultura jovem e aberta é, de fato, marca da empresa. No YouTube, é possível ter uma prova. Lá, a Suse ostenta diversos vídeos promocionais com paródias de músicas conhecidas, como o que celebro o aniversário de 25 anos da empresa, referência à música 7 Years, de Lukas Graham.

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