Setor de eletroeletrônicos cresce no primeiro semestre, mas tem “cautela” para a segunda metade do ano

Dados da associação nacional de fabricantes de eletroeletrônicos apontam crescimento de 34% no primeiro semestre de 2024

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9:01 pm - 15 de julho de 2024
Jorge Nascimento, presidente executivo da Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) (Imagem: Rafael Romer/IT Forum)

Um misto de otimismo e cautela. É assim que o setor de eletroeletrônicos brasileiro vê seu desempenho no mercado nacional neste ano, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), que representa 33 empresas do segmento que atuam no país. As expectativas para o ano de 2024 foram compartilhadas com a imprensa nesta segunda-feira (15), durante a abertura da Eletrolar Show, maior feira de eletroeletrônicos e eletrodomésticos da América Latina, que acontece nesta semana em São Paulo.

No primeiro semestre do ano, a venda de eletroeletrônicos apresentou alta de 34% em relação ao mesmo período do ano passado. Entre janeiro e junho, foram comercializadas 51.530.634 unidades de aparelhos eletroeletrônicos no país, ante 38.341.825 entre os seis primeiros meses de 2023.

Jorge Nascimento, presidente executivo da Eletros, apontou que o resultado significa uma retomada “importante” do consumo no país, que traz um “alívio” para as companhias do setor após o período desafiador dos últimos cinco anos. “A gente tem aqui um entusiasmo controlado”, afirmou.

O setor de melhor desempenho no período foi o de ar-condicionados, que cresceu 88% em relação ao mesmo período do ano passado. O Brasil é hoje o segundo maior polo produtor de aparelhos de ar-condicionado do mundo, atrás apenas da China. Todos os modelos comercializados no país são de fabricação nacional.

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O desempenho positivo dessa linha de produtos no semestre se deve à onda de calor que atingiu o país ao longo dos últimos meses. “A climatização e a ventilação cresceram muito em decorrência do El Niño. Isso fez com que esse produto tivesse uma entrada maior na casa das pessoas”, pontuou Nascimento. Apesar do crescimento, esses equipamentos estão presentes em apenas 17% dos lares brasileiros atualmente.

O segundo maior índice de crescimento ficou por conta da linha portátil, que avançou 40% no período. A linha marrom, de televisores, cresceu 20%; a linha branca, de geladeiras, máquinas de lavar roupa e fogões, 16%; e os produtos da linha TIC-Amazônia, de monitores fabricados na Zona Franca de Manaus, cresceram 14%.

Os resultados positivos são atribuídos pela Eletros a uma série de fatores macroeconômicos, incluindo o aumento da geração de emprego, o crescimento da renda, o controle da inflação e a redução das taxas de juros. Este último, em especial, é fundamental para as vendas de produtos da linha branca, de maior valor agregado. “São produtos de maior volume e mais caros. A população, para ter acesso a eles, precisa, geralmente, comprar de forma parcelada. Com juros elevados, a gente tem uma dificuldade”, disse o presidente da associação.

Prudência e cautela para o segundo semestre

O segundo semestre do ano é, tradicionalmente, o de maior volume de vendas para o setor de eletroeletrônicos, impulsionado por eventos como o feriado de compras Black Friday. Em 2024, no entanto, a Eletros vê a segunda metade do ano com “prudência e cautela” e observa que alguns fatores macroeconômicos e pontuais ainda podem impactar as empresas do segmento até o final do ano.

De acordo com Jorge Nascimento, a associação enxerga que uma nova redução da taxa de juros, além da que já foi feita desde o ano passado, seria benéfica para o crescimento do país. O presidente, ainda assim, defendeu “equilíbrio” na política fiscal, ressaltando que o controle dos juros não é o único fator relevante para o desempenho do setor.

“Nós não podemos focar somente numa redução de taxa de juros e ter um descontrole da inflação ou até mesmo um desajuste fiscal. A gente está sempre buscando o ponto de equilíbrio. É importante que se tenha redução de juros, mas é importante que se controle a inflação”, afirmou.

Além da questão macroeconômica, o setor se preocupa com o potencial impacto climático esperado para o segundo semestre nos negócios. Entre eles, está a seca prevista para a região Amazônica, que pode ser ainda mais severa do que a registrada em 2023.

“Em relação à seca na região Amazônica, ainda que o Poder Público tenha agido antecipadamente neste ano, ou seja, antes do agravamento do fenômeno climático, é preciso o máximo de celeridade nas obras de dragagem dos rios mais afetados. As limitações na navegação não afetam apenas as indústrias instaladas na Zona Franca de Manaus, mas podem gerar mais uma grave crise humanitária”, avaliou Nascimento. O presidente da Eletros, ainda assim, garantiu que “não haverá risco de desabastecimento” do setor no país, apesar do risco antecipado.

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Rafael Romer

Rafael Romer é repórter do IT Forum. É bacharel em Comunicação Social – Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Tem mais de 12 anos de experiência na cobertura dos segmentos de TI, tecnologia e games, com passagens pelo Olhar Digital, Canaltech, Omelete Company, Trip Editora e IG.

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