Redes 5G privadas oferecem opções intrigantes aos CIOs

Os sistemas de manufatura conectados — chamados de Indústria 4.0 — contam com baixa latência para sincronizar máquinas e ajudá-las a responder ao seu ambiente. Atrasos podem significar danos ao produto ou planta. Os aplicativos de realidade virtual precisam de uma resposta rápida dos servidores para evitar um atraso indutor de náusea entre os movimentos dos usuários e o que eles veem. Para os ocupantes de um carro sem motorista, atrasos na entrega de informações podem ter consequências piores do que doenças.

A maioria das operadoras de rede que oferecem o serviço 5G hoje está usando a interface 5G NR (New Radio) com um núcleo de rede 4G um pouco mais antigo, uma combinação bastante sinistramente conhecida como “5G NSA” (não independente), enviando sinais de controle pela rede 4G enquanto os dados viajam via 5G. Embora o Enhanced Packet Core (EPC) de muitas redes 4G LTE seja bastante rápido, não é tão rápido quanto o novo 5G Packet Core projetado especificamente para redes 5G SA (independentes), e apenas as redes 5G SA podem oferecer recursos como latência sub-10ms e o “slicing” de redes para serviços separados logicamente.

As operadoras de rede gostam de falsificar as diferenças, portanto, pode não estar claro qual sabor de 5G sua operadora local está oferecendo, mas de acordo com um relatório da Global Mobile Suppliers Association (GSA), enquanto 67 operadoras estavam investindo em 5G SA até junho de 2021, apenas algumas estavam oferecendo serviço comercial 5G SA, incluindo T-Mobile, nos EUA, China Mobile, China Telecom, China Unicom e China Mobile Hong Kong. Alguns outros o estavam usando para acesso sem fio fixo ou alegaram lançamentos que o GSA não pôde verificar.

Tornando-se privado

Para empresas que desejam implantar a cobertura 5G em um grande campus ou em uma instalação como um porto, refinaria ou fábrica, o 5G privado pode ser uma proposta atraente. Ao contrário do WiFi, o 5G tem o alcance para cobrir uma grande área a partir de apenas alguns locais, e a possibilidade de construir uma rede 5G privada significa que os CIOs não precisam esperar que suas operadoras de rede nacionais comecem a implantar o 5G SA em suas áreas.

As redes 5G privadas podem operar em espectro não licenciado, assim como o WiFi, ou mesmo em espectro licenciado, se as autoridades regulatórias as considerarem de interesse nacional.

A desvantagem disso é que, sem um operador de rede executando as coisas, alguém precisará cuidar do planejamento da localização das torres e da instalação e gerenciamento e manutenção contínuas dos equipamentos, algo para o qual a maioria das empresas não está preparada. Felizmente, há um número crescente de integradores de sistemas dispostos a assumir o trabalho – e está chegando ao ponto em que você pode solicitar uma rede 5G da Amazon, incluindo instalação e manutenção.

A fornecedora de equipamentos de rede Nokia tem parceria há anos com Accenture, Atos, DXC Technology, EY e Infosys na construção e gerenciamento de redes sem fio privadas e, em fevereiro de 2022, adicionou o spin-off da IBM, Kyndryl, a essa lista. Ela depende deles para fornecer às empresas suporte de primeiro e segundo nível, mas pode intervir para fornecer suporte de terceiro nível, diz Nathan Stenson, Chefe Global de Parcerias da Nokia. Seu rival nórdico Ericsson trabalha com DXC, assim como CapGemini, Fuijitsu, KPMG, Tata Consultancy Services (TCS) e muitos outros.

Os CIOs também podem recorrer a empresas como a Cisco Systems, que fez parceria com a operadora 5G Dish Network para fornecer 5G empresarial, ou com a NTT, que recentemente fez parceria com a ServiceNow para automatizar alguns aspectos do lançamento de redes privadas.

O conselho de Stenson aos CIOs é escolher seus parceiros com cuidado. “Trabalhamos com todos os tipos de parceiros, mas os que vejo mais bem-sucedidos em wireless privada estão, além da capacidade de integração, procurando construir algum tipo de capacidade de serviços de rede gerenciados”, diz ele.

Conectado com a computação em nuvem

Um dos benefícios mais importantes que as redes 5G autônomas trarão, graças à maneira como são estruturadas, é a capacidade de fornecer recursos de computação próximos aos dispositivos que conectam. Isso porque, diferentemente das redes sem fio 3G e 4G, o tráfego de dados não precisa retornar ao núcleo da rede antes de ser reexpedido. Triturar dados da internet das coisas perto de onde foram gerados se torna uma possibilidade, reduzindo ainda mais a latência em aplicações de controle industrial.

A Nokia oferece essa funcionalidade como um serviço por meio de seu Digital Automation Cloud. A Microsoft está oferecendo vários recursos do Azure vinculados à entrega de computação de borda para redes 5G, incluindo o Azure Private Multi-Access Edge Compute, enquanto a Amazon Web Services oferece uma maneira de dividir aplicativos entre serviços de back-end executados em suas principais regiões de computação em nuvem e funções sensíveis a atrasos executadas no que chama de Zonas de Comprimento de Onda [Wavelength Zones], dispositivos de computação de borda instalados em redes 5G.

Redes encolhidas

No entanto, a Amazon está dando um passo adiante e oferece uma visualização limitada de uma rede sem fio completa como serviço, AWS Private 5G, desde novembro de 2021.

Esse tipo de serviço empacotado – ou algo menor – pode ser uma maneira de ajudar muito mais organizações a fornecer 5G dentro de suas instalações, diz Stenson, da Nokia. Oferecer algo que possa ser vendido por meio de canais de distribuição regulares e apenas conectado pode ser o caminho para que o 5G privado seja adotado por milhares de autoridades escolares na América do Norte, sugere ele.

Resta saber se essas ofertas fornecerão concorrência ou um complemento ao WiFi para empresas que conectam filiais ou outros locais em todo o país.