Por que estamos perdendo a guerra virtual para cibercriminosos?

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11:13 am - 15 de fevereiro de 2017

Há uma guerra em curso e as armas são as sofisticadas técnicas virtuais usadas pelos cibercriminosos para invadir sistemas e ameaçar governos. “Nessa guerra, nós não estamos ganhando”, resumiu o chairman do Comitê de Segurança dos EUA, Michael McCaul, durante apresentação no RSA Conference, que acontece nesta semana em San Francisco (EUA).

Segundo ele, nações estão usando ferramentas virtuais para roubar propriedade intelectual e expor dados. “Chineses hackearam o Congressos dos EUA e tiveram acesso a informações sigilosas. Eu, inclusive, fui um dos afetados”, comentou. O especialista alertou que a ameaça atual é muito maior do que pensamos.

Christopher Young, vice-presidente sênior e gerente-geral da McAfee, da Intel, lembrou que o caso Mirai, que afetou roteadores, é um exemplo claro disso. “Essa ameaça está viva e recrutando dispositivos. Temos de garantir que internet das coisas (IoT, na sigla em inglês) não se torne internet do terrorismo”, afirmou.

Mas, por que, afinal, nós estamos perdendo a guerra contra os criminosos virtuais? Um dos motivos, de acordo com McCaul, é que muitos hackers combatentes estão lá fora, unidos, em busca de dados, munidos de técnicas sofisticadas. Segundo a velocidade e a adaptabilidade dos atores de tecnologia não caminham no mesmo passo das ameaças.

O terceiro problema, disse McCaul, é o desafio contínuo de melhorar o compartilhamento de informações. “Sabemos que cibercriminosos vão atacar, mas não ligamos os pontos. Além disso, a maioria dos ataques não é reportada”, comentou.

Outro item citado por ele foi que os Estados Unidos não têm uma política adequada de dissuasão e estruturas legais para derrubar os cibercriminosos e prender qualquer pessoa que invada os sistemas norte-americanos. Segundo ele, é preciso mostrar que haverá consequências para crimes praticados on-line. E é nesse ponto que ele reforçou a necessidade de haver uma colaboração global.

Por fim, disse ele, os EUA precisam encontrar um compromisso para o isolamento de criptografia que não dependa de backdoors. “Criar backdoor seria um grande erro. Em vez disso, precisamos encontrar uma maneira de manter nossos países seguros e, ao mesmo tempo, manter nossos dados seguros”, apontou.

Caminho da mudança
McCaul comentou que no Congresso norte-americano há uma movimentação para alterar o cenário. O líder da Câmara disse que está trabalhando na criação de uma legislação para tornar mais fácil para o setor privado trabalhar com o governo em questões de segurança cibernética, observando que 85% da infraestrutura está nas mãos do setor privado. “Os atacantes estão deixando impressões digitais em nossa infraestrutura crítica”, disse. “Eles estão enviando uma mensagem de que podem entrar a qualquer momento”, alertou.

Ele também reiterou que a nação precisa priorizar o recrutamento e a retenção de especialistas em cibersegurança. Aproveitando o tema carreira, ele disse que o governo quer atrair os melhores pensadores para construir um futuro melhor. A afirmação vem depois de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter proibido a entrada de imigrantes de sete países nos EUA. “Precisamos  reformar o H1-B (visto de trabalho) e garantir que os trabalhadores qualificados possam continuar a vir para os EUA”, completou.

Ao final, ele disse que permanecerá estendendo a mão para “pessoas pacíficas, amantes da liberdade, independentemente de onde nasceram e da cor de sua pele”, disse ele. “É assim que atrairemos os melhores pensadores do mundo para construir um país mais forte e uma economia global mais vibrante.”

*A jornalista viajou a San Francisco (EUA) a convite da RSA

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