Parlamentares norte-americanos acusam big techs de ignorarem segurança infantil on-line
Em audiência, senadores criticam executivos de tecnologia por priorizarem lucros em detrimento da segurança on-line de crianças e adolescentes
Em uma audiência marcada por intensos debates e acusações, membros do Comitê Judiciário do Senado dos EUA lançaram duras críticas aos principais líderes de tecnologia, incluindo Mark Zuckerberg, da Meta, e Shou Chew, do TikTok, por sua aparente negligência em proteger crianças e adolescentes de conteúdos prejudiciais on-line.
A questão gerou um raro consenso bipartidário entre os parlamentares, com pedidos por legislações mais rigorosas para proteger os jovens usuários de conteúdos nocivos, conforme relatou o The New York Times.
O crescente alarme sobre o impacto negativo da tecnologia nas crianças foi destacado no ano passado pelo Dr. Vivek Murthy, cirurgião-geral dos EUA, que identificou as mídias sociais como uma causa significativa da crise de saúde mental entre os jovens.
Mais de 105 milhões de imagens relacionadas a abuso sexual infantil foram sinalizadas em 2023, segundo o Centro Nacional de Crianças Desaparecidas e Exploradas.
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Desde 2021, legisladores concentram-se nos efeitos prejudiciais das mídias sociais sobre as crianças, após a denúncia de Frances Haugen, engenheira e ex-funcionária da Meta, revelando que a empresa sabia que o Instagram estava agravando problemas de imagem corporal entre os adolescentes.
Desde então, o Comitê Judiciário do Senado realizou diversas audiências para destacar a atividade perigosa para crianças on-line, reunindo executivos de tecnologia, especialistas em exploração sexual e outros.
Responsabilização das corporações
Antes do início da audiência desta quarta-feira (31), os legisladores divulgaram e-mails internos entre os principais executivos da Meta, incluindo Zuckerberg, que mostraram que sua empresa rejeitou pedidos para reforçar os recursos para combater questões de segurança infantil on-line.
Durante o escrutínio, em um intenso diálogo com o senador Josh Hawley, Zuckerberg expressou condolências aos pais das vítimas de exploração sexual on-line, prometendo investir em medidas preventivas. No entanto, ele não abordou o papel específico das plataformas da Meta nesse sofrimento.
Em um determinado momento, o senador Ted Cruz, republicano do Texas, expressou a preocupação generalizada dos pais americanos, afirmando que “cada pai na América está aterrorizado com o lixo que é direcionado a nossos filhos”.
O escrutínio dos parlamentares não é novidade para Zuckerberg, que enfrenta com outros executivos de tecnologia a pressão da Casa Branca e do Congresso americano desde 2017 sob acusações como interferência eleitoral e responsabilidade das plataformas.
Para outros, aquilo era novidade. Zuckerberg compareceu à audiência no Congresso pela oitava vez, enquanto Chew, do TikTok, voltou após menos de um ano da última audiência, e alguns como Evan Spiegel, do Snap, Linda Yaccarino, diretora executivo do X, e Jason Citron, diretor executivo do Discord, testemunharam pela primeira vez.
Zuckerberg e Chew receberam a maior atenção dos parlamentares, segundo o NYT, sobretudo por não apoiarem a legislação sobre segurança infantil. Spiegel, do Snap, foi pressionado sobre a posição da empresa no caso de venda de drogas via snapchat, levando-o a se desculpar aos pais que perderam seus filhos por overdose de fentanil comprado on-line.
Pouco antes da audiência, várias empresas de tecnologia revelaram ajustes em seus serviços visando crianças. A Meta implementou medidas mais rigorosas para mensagens diretas de adolescentes e ampliou os controles parentais. Enquanto o Snap declarou apoio ao Ato de Segurança Online para Crianças, uma proposta de lei que visa limitar a coleta de dados infantis e fortalecer os controles parentais nas redes sociais.
Além das lacunas nas responsabilidades das empresas de tecnologia, o governo federal também enfrenta críticas por sua inação na implementação eficaz das leis existentes para combater o abuso infantil on-line.
O NYT revelou que o financiamento para a aplicação da lei não está acompanhando o aumento alarmante nos relatórios de abuso on-line, destacando a necessidade urgente de uma resposta mais robusta e eficaz das autoridades para proteger as crianças na internet.
*Com informações do The New York Times
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