O cubo mágico da capacitação em TI e as suas múltiplas facetas
Não é uma missão fácil, mas estabelecendo um ações coordenadas, as partes vão se encaixando

A Tecnologia da Informação (TI) definitivamente ganhou espaço na agenda executiva das empresas. Ouso afirmar que é inconcebível pensar na administração das empresas sem considerar TI.
Por outro lado, existem alguns fatores inibidores para a adesão ainda maior. E dentre eles está a complexidade de capacitação dos próprios profissionais de TI. Na medida em que a TI ganha importância, o conjunto de habilidades exigidas dos seus profissionais também aumenta, principalmente, em perspectivas significativamente distantes da disciplina de tecnologia.
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A lógica de capacitação para trabalhar com TI pode ser comparada a resolução de um cubo mágico. Em uma analogia, as múltiplas facetas que precisam ser resolvidas em TI são:
- Conhecimento em negócios;
- Aprofundamento em tecnologias e visão arquitetural;
- Gestão de pessoas;
- Gestão de ecossistemas e contratos;
- Sustentabilidade como pauta de TI;
- Governança.
Conhecimento em negócios – conforme a TI evolui de uma função de suporte para um papel relevante nos negócios, aumenta a necessidade de entender o core business para que essas tecnologias sejam bem aplicadas. Isso tem se mostrado um desafio complexo. De acordo com o estudo IoT Snapshot 2024, o principal ofensor para o desenvolvimento de soluções de IoT, por exemplo, é a dificuldade de desenvolver casos de uso e soluções viáveis financeiramente, citado por 37% dos respondentes da pesquisa.
Aprofundamento em tecnologias e visão arquitetural – ao mesmo tempo em que é necessário avançar para o front de negócios, é fundamental se aprimorar na grande diversidade e complexidade das tecnologias digitais. Em paralelo ao aprofundamento, é importante evoluir na habilidade de design arquitetural para uso sincronizado de todas essas tecnologias para continuidade do negócio. Tenho chamado essa interrelação de indissociabilidade das tecnologias.
Gestão de pessoas – tecnologia diz mais respeito a pessoas do que sobre tecnologia em si. A formação de mão de obra qualificada é um problema estrutural conhecido no Brasil, que se acentua na área de TI. Na pesquisa IT Trends Snapshot 2023, 94% dos respondentes afirmaram enfrentar desafios com a escassez de profissionais qualificados. Além da própria dificuldade de formação, o fator humano também joga contra no quesito resistência a mudança.
Gestão de ecossistemas e contratos – com o aumento da complexidade e demanda por especializações das tecnologias, é de se esperar que as empresas passem a contar mais com um ecossistema de parceiros e soluções externas. A equipe gestora ganha uma necessidade cada vez maior de gerir aspectos técnicos de contratos e ecossistemas de parceiros tecnológicos e de serviços.
Sustentabilidade como pauta de TI – a área de TI pode ser uma forte aliada das ações de sustentabilidade dentro das organizações, seja com soluções que impactam diretamente nas emissões e consumo de insumos, seja com soluções de governança de programas de sustentabilidade. Mas para que esses resultados se materializem, é necessária a proximidade dos gestores de TI e de sustentabilidade, com uma longa jornada ainda a ser trilhada.
Governança – conforme a TI ganha relevância e complexidade, fazer a gestão interna da tecnologia passa a exigir uma governança cada vez mais sofisticada. Aspectos como roadmaps de adoção tecnológica, inovação, operação e suporte, recrutamento e desenvolvimento da equipe, gestão de ecossistema e a gestão financeira são alguns exemplos da ampla pauta sob a responsabilidade dos gestores.
Conectando todas as facetas da área de TI
Se a missão já não fosse suficientemente complexa pela sua amplitude, a capacitação de profissionais de TI possui ainda outras similaridades com a resolução de um cubo mágico em aspectos complexos. A solução de um cubo mágico não pode ser feita tentando resolver uma face de cada vez, pois as faces são dependentes uma da outra. Nem tampouco funciona tentar resolver uma face com combinações de movimentos aleatórios.
O plano de desenvolvimento deve ser feito de maneira planejada e integrada. Não é uma missão fácil, mas estabelecendo um ações coordenadas, as partes vão se encaixando e ao final da jornada você encontra a solução, quase como num passe de mágica.