O Brasil na era da hiperautomação: o impacto deste modelo na luta contra os crimes digitais

A era da hiperautomação chegou ao Brasil, mas ainda há muito a se avançar neste modelo

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9:30 am - 05 de março de 2024
hiperautomação

A era da hiperautomação chegou ao Brasil, mas ainda há muito a se avançar neste modelo. Para o Gartner, trata-se de uma disciplina que rapidamente identifica, examina e automatiza o maior número de processos de negócios e de TI. A hiperautomação envolve o uso de inteligência artificial (IA), aprendizado de máquina (ML), automação robótica de processos (RPA), ferramentas low-code/no-code de desenvolvimento de software e soluções de suporte a decisão, desenho de processos e automação de tarefas.

Em 2024, automações estáticas não conseguem mais orquestrar de maneira inteligente fluxos de trabalho complexos e em constante mudança, lógicas que abrangem “n” sistemas de negócios, equipes e empresas. A automação tradicional executa instruções predefinidas. Suas limitações são tais que, diversas vezes, é necessário adicionar tarefas manuais a sistemas automatizados.

Leia mais: Hiperautomação: novas tecnologias criam oportunidades e demandam novas habilidades 

A hiperautomação, por outro lado, viabiliza um modelo de negócios ágil, no qual pessoas, software e infraestrutura digital habitam um mundo fluido, sob medida para as dinâmicas demandas da economia digital. Trata-se de uma evolução que consolida as mudanças trazidas pela computação em nuvem e o acesso remoto em ambientes cada vez mais distribuídos.

Isso explica porque, de acordo com a Marketsandmarkets, o mercado de hiperautomação deva atingir USD 31,95 bilhões até 2029, crescendo a um CAGR de 19,80 por cento durante o período entre 2024 e 2029.

Um estudo do Gartner de 2022 revelou que 80% das maiores organizações norte-americanas planejavam, em 2023, investir em iniciativas de hiperautomação. O relatório aponta, ainda, que até 2025, as empresas que implementarem hiperautomação esperam reduzir os custos operacionais em 30%. 60% usarão a hiperautomação para segurança na nuvem até 2026.

Estudos de caso comprovam os resultados gerados por este avanço. A Maersk, por exemplo, implementou frameworks de hiperautomação para dinamizar suas operações de logística e supply chain. No primeiro ano de utilização deste modelo, a empresa processou mais de 17 mil transações usando AI e ML – isso economizou US$ 36.000 ao mês para a empresa. A acurácia das operações passou de 88% para 97.4%.

O papel da hiperautomação na guerra da segurança digital  

Especialmente na luta contra os crimes digitais, a hiperautomação é uma promessa de defesa eficaz contra ameaças cada vez mais sofisticadas. A soma de ataques digitais com engenharia social é um fato – a cada dia novos golpes são desenhados e implementados para explorar as vulnerabilidades de ambientes digitais que se expandem sem o devido cuidado com a cybersecurity.

Nesse contexto, somente a hiperautomação consegue processar em milissegundos enormes quantidades de dados – logs de registos de sistemas, tráfego de rede e comportamento dos usuários – para identificar sinais de vulnerabilidades. Esses sistemas podem reagir automaticamente a anormalidades, bloqueando atividades suspeitas ou isolando dispositivos infectados. Plataformas de hiperautomação permitem que isso seja feito em escala e com excelente desempenho. A hiperautomação também mostra seu valor nos processos de gerenciamento de patches e aplicação de políticas de segurança.

Fatores críticos para o sucesso da segurança hiperautomatizada 

É importante compreender, no entanto, que as soluções e serviços de hiperautomação em segurança digital são um salto para o futuro que exige, para gerar resultados, uma organização madura digitalmente. Isso não diz respeito ao porte da empresa e, sim, a seus processos. O fato de a organização já ter analisado e redesenhado processos, documentando tarefas repetitivas, é algo que facilita a implementação destas novas tecnologias. Fatores como estes, aliados a um grande investimento em pessoas – a hiperautomação quebra paradigmas e altera completamente a rotina dos profissionais de TI e de Cybersecurity – têm de ser levados em consideração.

Uma vez decidida a adoção da hiperautomação, uma nova jornada será iniciada. Tudo começa com uma abordagem consultiva do negócio, procurando mapear a maturidade dos processos da empresa e identificar gaps que precisam ser corrigidos antes da digitalização plena acontecer. Há todo um cuidado com a administração de dados, a matéria prima por excelência do modelo de hiperautomação. Outra frente de batalha que tem de ser vencida é a gestão e a proteção de APIs, componente essencial em qualquer aplicação de IA como a hiperautomação.

KPIs medem o impacto da hiperautomação na luta contra o crime digital

Ao longo desta jornada é fundamental definir as KPIs que vão mensurar o grau de sucesso da hiperautomação da área de segurança digital da organização.

Como sempre, as KPIs básicas são de gestão dos ambientes tecnológicos e dos processos ligados a esta área. Nessa hora, entram em cena métricas críticas de cybersecurity como Mean Time Between Failures (MTBF, tempo médio entre falhas) – quanto maior esse tempo, mais eficaz a hiperautomação. Em relação à remediação, outras métricas entram cena.

É o caso de Mean Time to Detect (MTTD, tempo médio para detectar violações ou incidentes), Mean Time to Resolve (MTTR, tempo médio para resolver o incidente, chegando até a raiz do problema), Days to Patch (período gasto na implementação de correções de software na organização). Cada um desses KPIs retrata a velocidade de ajustes internos da organização após a ocorrência de um incidente de segurança.

Resultados de negócios

O ROI da jornada da organização em direção à hiperautomação da segurança digital só é calculado quando o CIO e o CISO vão além desses dados técnicos, medindo o impacto deste novo modelo na resiliência dos negócios. Neste caso, é necessário envolver os líderes de negócios para conseguir mensurar o quanto o lançamento de um novo e seguro App suporta as vendas de um determinado produto. Ou de que forma o bloqueio de ataques DDoS contra a página B2C de um gigante do varejo preservou a rentabilidade da empresa.

Em 2024, as equipes de TI e segurança trabalharão em conjunto com plataformas de hiperautomação para criar uma defesa eficaz. Será mais fácil prever e bloquear potenciais ameaças, qualquer que seja a complexidade da organização. À medida que o cenário de ameaças evoluir, o mesmo acontecerá com o framework de hiperautomação. Trata-se de um ciclo sem fim de excelência que antecipa ataques e atua 24×7 para proteger a economia digital do Brasil.

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Thiago N. Felippe

CEO da Aiqon

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