Nubank celebra 10 anos: de combate à complexidade ao empoderamento de pessoas
Com mais de 80 milhões de clientes no Brasil, México e Colômbia, empresa se prepara para próxima década com novas ofertas e mercados
Há dez anos, em uma casa no bairro do Brooklin, em São Paulo, nascia a EOS. Você provavelmente não sabe conhece a sigla, mas foi o primeiro nome do Nubank. A ideia da marca era disruptiva: ser luz no sistema financeiro e combater a tradicional complexidade dos ‘bancões’.
“Queríamos eliminar a complexidade. Uma frase simples, mas difícil de executar”, comenta David Vélez, CEO global e fundador do Nubank.
Em evento realizado com a imprensa nesta quinta-feira (18) para celebrar a primeira década de existência, o executivo lembrou o início da trilha da empresa e revelou que depois de EOS e antes de Nubank, a startup também se chamou Eo2, pois a proposta era oxigenar a indústria bancária. Em conversa com investidores, no entanto, a recomendação era a de deixar essa marca, considerada ‘muito nerd’ e o nome Nubank, de nu, pelado, chegou com a proposta de gerar transparência e simplicidade para o mercado.
Amar os clientes desde o dia um foi considerada a estratégia de diferenciação da startup.
“Nosso objetivo era grande, cabeludo e audacioso. Reinventar serviços para libertar 100 milhões de clientes da complexidade em suas vidas diárias”, afirma ele. Poucos embarcaram nesse sonho no começo da história do Nubank. “Nossa casa era o melhor filtro para as entrevistas. Tinham os engravatados, que entravam e olhavam e pensavam: malucos. E os que entravam e embarcaram com a gente”, brinca.
Primeiro escritório do Nubank, em São Paulo. Foto: Déborah Oliveira
Vélez lembrou que a partir daquele momento, o Nubank começou a tentar abrir espaços em mercados que não existiam e o nível de estresse era altíssimo. Ele até mostrou uma foto com o time tenso e sério e se divertiu com a situação. O próprio empreendedor morava no segundo andar da casa e trabalhava 22h por dia.
Ao mesmo tempo em que lidava com as pressões do mercado tradicional financeira, os times tinham de lidar com a opinião de especialistas que uma fintech com uma marca roxa nunca iria para frente.
Momentos de tensão no início da história do Nubank. Foto: Déborah Oliveira
Resiliência e crescimento
Um ano tinha se passado do desenvolvimento do produto e 12 pessoas já atuavam na empresa. Depois de meses de negociação com a Mastercard, o Nubank lançou seu cartão. E para testá-lo, o time todo foi até a padaria mais próxima fazer uma compra. Duas tentativas e o cartão não passou. No terceiro, deu certo. “Tudo era desse jeito. Mas se não dava certo, a gente continuava”, conta ele, lembrando da alta resiliência no início de tudo.
Em 12 meses, o Nubank começou a voar. Com 2,5 mil clientes, a startup teve de criar o conceito de lista de espera, enquanto corria para contratar pessoas e ajustar os seus sistemas.
“O brasileiro estava pronto para mais alternativas e isso foi o que mais ouvimos durante um ano e meio”, reforça. Em outubro de 2015, o Nubank somava 160 mil clientes e agora 80 milhões nos três países em que atua, Brasil, Colômbia e México.
A dor do crescimento, tal qual acontece com as crianças, também atingiu o Nubank. “Crescer dói. Construímos uma infraestrutura para 100 mil clientes e chegamos em meses a esse número. Tivemos de reconstruir tudo e pensar no contínuo investimento em tecnologia e infra de dados. Teve também a contratação de pessoas. Além disso, precisamos repensar a estratégia de segmentação, de produtos. Toda área teve dor e precisou de muito trabalho e investimento”, revela ele.
Crescimento acelerado
Chegou o momento em que o Nubank optou por levantar capital, somando US$ 4,8 bilhões em todas as rodadas. “Todas as projeções falharam e o nosso crescimento era mais consistente do que os investidores previam. Isso mostra a dor que temos no mercado.”
Vélez reconhece que ainda há muito trabalho a ser feito e um mercado enorme para ser endereçado no Brasil. Com receita de R$ 24,8 bilhões em 2022, o Nubank talvez seja a única empresa da história do País a ter saltado de R$ 100 mil de receita para R$ 25 bilhões em dez anos, em um crescimento impressionante. “Estamos em uma indústria altamente lucrativa com um modelo de negócios com custo 85% menor do que os bancos tradicionais.”
A mágica Nubank
Vélez destacou diversos números da primeira década do Nubank. Já são 46% dos adultos brasileiros clientes da empresa, 30% da população bancarizada, 20,7 milhões de novos clientes só em 2022, sendo que 57% dos clientes usando o Nubank como o principal banco e mais de R$ 39 bilhões economizados em taxas bancárias.
Os números do Nubank. Foto: Déborah Oliveira
Diante desse cenário, Guilherme Lago, CFO do Nubank, revela que a empresa tem gerado valor para seus acionistas com base em três frentes: expansão da carteira de clientes, aumento da receita por cliente, e manutenção da plataforma de baixo custo.
“Para nós, é menos relevante o número de clientes. Não estamos em um negócio de colecionar CPF, mas de reunir clientes fanáticos. Passamos de 59 milhões de clientes para 79 milhões em um ano. Nos últimos 12 meses, foram mais de 20 milhões de clientes no Brasil e América Latina e isso foi mais do que a quantidade total dos cinco bancos brasileiros”, contabiliza Lago.
Algumas alavancas externas e internas impulsionam o resultado do Nubank, segundo Lago. Nas externas, ele destaca o avanço do PIX e a própria digitalização da América Latina, bastante aberta para a adoção de bancos digitais, e fatores internos como o lançamento de produtos e funcionalidades, incluindo conta investimento, com 9,2 milhões de usuários, cartões adicionais, cripto, que já soma 1,4 milhão de clientes ativos, PJ, com mais de 2,7 milhões de clientes, seguros e marketplace.
Cristina Junqueira, cofundadora e CEO do Nubank, indica que somente no passado a empresa lançou mais de 25 produtos. “Esse ano já foram mais de dez e estamos acelerando o foco nas coisas que doem nos clientes e acelerando”, sintetiza ela.
Cristina Junqueira, cofundadora e CEO do Nubank. Foto: Déborah Oliveira
Em 2017, explica Lagos, era praticamente impossível ter a principalidade de 60% da base de clientes – que é quando o cliente transfere, por mês, mais de 50% da sua renda mensal líquida para o Nubank -, mas os a diversidade do portfólio hoje permite esse quadro.
Lago destaca que a empresa também tem um dos menores custo de aquisição do mercado, com 70% dos novos clientes entrando como referência de terceiros. Hoje, a empresa tem excesso de caixa US$ 2,4 bilhões e valor de mercado de US$ 30 bilhões.
“Multiplicamos em 11 vezes o nosso valor. Somos uma das empresas latino-americanas mais bem capitalizada. E esperamos que esse fator de multiplicação salte muito. Se parássemos hoje, seríamos a empresa de tecnologia mais bem-sucedida da história nacional”, comemora ele.
E o futuro?
Afinal, qual é a mágica do Nubank: código, tecnologia, equipe? “É simples. Trabalhamos duro para criar clientes contentes. Temos uma cultura empresarial 100% focada em tratar clientes como humanos. Nem sempre conseguimos, cometemos erros e na escala em que estamos hoje é difícil, mas trabalhamos para cometer o erro uma só vez”, reforça Vélez, lembrando do empoderamento como chave.
Pensar no futuro do Nubank pode ser desafiador, especialmente em tempos de mudanças tão exponenciais, mas Cristina, cofundadora e CEO do Nubank, afirma que existe algo totalmente imutável na empresa: “continuaremos obcecados pelo cliente. Estamos expandindo as fronteiras. O amor pelos clientes é o que nos move. Isso significa ocupar um espaço cada vez maior na vida das pessoas.”
Com o processo de expansão a pleno vapor para México, que já soma 3,2 milhões de clientes, e 635 mil clientes na Colômbia, o Nubank tem muito apetite para crescer no Brasil. “O momento do Brasil é pujante. Tem todo um novo sistema financeiro emergindo por aqui. Quando olhamos para outros países, o Brasil está décadas à frente do Estados Unidos. Estamos revolucionando o mercado, efetivamente”, observa Youssef Lahrech, presidente e COO do Nubank.
Cristiane revela planos de expansão para alta renda, além do marketplace, que já conta com 140 empresas, entre elas grandes varejistas. Vélez, por sua vez, aponta que somente no Brasil ainda há potencial de alcançar 171 milhões de clientes. O CEO global indica que há grande expectativa de crescimento ainda com o que ele chamou de “Money Plataform”, que tira a complexidade do mercado para empoderar as pessoas, especialmente as que têm menos recursos, e reúne, em um só espaço, produtos e serviços financeiros e não financeiros. Tudo isso, claro, respaldado por muito tecnologia e inteligência artificial.
“Na primeira década, nosso objetivo era criar um banco, na segunda é ser um personal banker, onde as pessoas, independentemente das classes sociais, vão ter acesso à produtos, mas apoio financeiro e aumentar a riqueza do país. Esse investimento já começou, não vai ser fácil, mas estamos acostumados com objetivos grandes”, finalizou ele.
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