Michael Dell revela bastidores da compra da EMC

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1:01 pm - 25 de outubro de 2016
Michael Dell revela bastidores da compra da EMC

Em viagem recente, Michael Dell, chairman e CEO da Dell Technologies, enfrentou problemas ao desembarcar na Europa porque seu passaporte não tinha sequer um espaço em branco para receber um carimbo. Essa é uma das consequências positivas, segundo ele, da fusão entre Dell e EMC. “Os profissionais das duas empresas são fantásticos e juntos formam um time olímpico, tornando meu trabalho mais fácil. Assim, tenho mais tempo para viajar a trabalho e a lazer, pois não tenho de ser babá deles. Eles sabem o que têm de fazer”, disse com certo orgulho o executivo.

Durante o evento Dell EMC World [realizado neste mês em Austin (EUA)], em entrevista a um grupo seleto de jornalistas, incluindo do Brasil, representado pelo IT Forum 365, o executivo contou bastidores da compra da EMC, a maior da história da indústria de tecnologia, concluída por US$ 67 bilhões. Segundo Dell, foi uma década e meia de conversas sobre a movimentação. “Não pensei nesse detalhe quando assinei o último documento. Tínhamos uma aliança desde 2001 e ao longo dessa parceria já havíamos conversado sobre a possibilidade de combinar as empresas”, lembra.

A sinergia entre as companhias sempre existiu, garante. Ele relata que a EMC era seu maior fabricante do equipamento original (OEM, na sigla em inglês), usando tecnologias da Dell. Esta, por sua vez, também vendia massivamente tecnologias da EMC. Até que em 2009, as fabricantes retomaram as conversas para seguir com a combinação.

As operações iniciais ganharam um tom “top secret”. “Iniciamos uma série de reuniões com os comandantes das empresas, que se encontravam secretamente, com codinomes, e consultorias foram contratadas para estudar como seria a companhia combinada”, prossegue Dell. A crise, no entanto, chegou com força e os dois lados deram um passo para trás, adiando ações.

Cinco anos depois, as discussões foram retomadas e em meados de 2015 o acordo, finalmente, saiu. “Decidimos ir em frente. Por isso, não foi uma surpresa para mim”, detalha, dizendo que o segredo foi guardado a sete chaves e por isso surpreendeu o mercado. Quando fechou o negócio, o comandante da Dell disse que se sentiu energizado e feliz. “Foi um alívio, pois tivemos de ir e voltar com papéis de aprovações de todos os governos algumas vezes”, brinca.

À frente agora de uma gigante de tecnologia, o executivo aponta que a estratégia da empresa é muito clara e pautada em quatro pilares: satisfação do cliente, satisfação dos funcionários, ganho de market share e métricas financeiras de longo prazo. “Quando tínhamos capital aberto, resultados trimestrais eram populares nesse lugar chamado Wall Street, mas agora, como companhia fechada, usamos métricas de longo prazo”, alfineta.

A companhia mira hoje temas emergentes no mercado como cloud computing e hiperconvergência. “Nuvem não é um lugar, mas, sim, uma forma de fazer TI”, observa o executivo, acrescentando que a nuvem é parte de toda a tecnologia, assim como se transformou a internet nos dias de hoje. Em hipercongerência, o avanço na estratégia inclui várias tecnologias anunciadas nas últimas semanas.

Em geografia, o CEO da Dell Technologies afirma que o Brasil é um dos países mais importantes para a companhia, em função do seu tamanho e importância, além da quantidade de clientes por aqui. Para ele, a crise enfrentada pelo País faz parte de ciclos e isso não significa que a Dell vai deixar de suportar seus clientes em todas as fases. “Não entramos e saímos de mercado. As demandas para TI, especialmente transformação digital, segurança e mudança do local de trabalho existem no Brasil, Colômbia, México, Peru e em todos os lugares do mundo”, observa.

Ele acredita que a América Latina reúne cases importantes de transformação digital e quando visita países na região fica impressionado com negócios que são de classe mundial na forma que usam a TI. Elas não ficam para trás em tecnologia, diz.

Questionado sobre o próximo grande negócio da Dell, Michael afirmou que a empresa não tem todas as respostas, mas ouve seus clientes para descobrir como ajudar na solução de problemas. Como exemplo, ele citou a área de saúde que tem evoluído no estudo de genoma. “Ninguém sabe as descobertas que virão daí, mas clientes precisam de poder computacional para resolver novos problemas”, comenta.

Para o executivo, grandes mudanças estão acontecendo e a transformação já começou. O que vai acontecer nos próximos cinco a dez anos? Ninguém sabe, mas Dell afirma que algo é certo: a Dell Tecnologies quer que suas tecnologias ajudem empresas em todo o mundo a executar trabalhos incríveis.

*A jornalista viajou a Austin (EUA) a convite da Dell Technologies

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