Mães empreendedoras: 4 histórias de mulheres que equilibram negócios e maternidade
IT Forum conversou com empreendedoras que fazem acontecer para comemorar o Dia das Mães
No mundo do empreendedorismo, onde cada passo é uma jornada de descobertas e superações, as mães encontram-se em uma situação única. Equilibrar o desafio de construir um negócio do zero com a gratificante jornada da maternidade é uma tarefa desafiadora, que exige planejamento, resiliência e, acima de tudo, apoio.
O IT Forum reuniu 4 histórias inspiradoras de mulheres que estão nessa jornada. Camila Achutti, Shirley Fernandes, Flávia Nassif e Natalia Castan: suas trajetórias destacam não apenas a coragem e determinação necessárias para empreender, mas também capacidade de conciliar as exigências do mundo empresarial com a criação de uma família.
Camila Achutti
Camila Achutti, fundadora e CEO da Mastertech – Crédito: Divulgação
Camila Achutti, fundadora e CEO da Mastertech, foi agraciada no último ano com a chegada da sua “Jojo”. Para ela, o maior desafio em torno do tema reside na quebra de idealizações, tanto em relação ao empreendedorismo quanto à maternidade.
“Essa idealização não existe. Bem como não existe a ideia de mãe perfeita e remediável”, compartilha Camila. Ela destaca a importância de aceitar que nem sempre as coisas saem conforme planejado, tanto nos negócios quanto na criação dos filhos.
Com uma licença-maternidade relativamente tranquila, Camila reconhece o privilégio de contar com um sócio compreensivo e uma rede de apoio. No entanto, ela enfatiza os desafios emocionais de conciliar os primeiros meses da maternidade com as demandas do negócio, ressaltando a necessidade de suporte e compreensão nesse período.
A experiência de ser mãe influenciou a abordagem empreendedora de Camila, tornando-a mais pragmática e direta. Sobre o que mudou da Camila de antes para a Camila mãe, ela revela que a Camila do passado se sentiu uma empreendedora que tinha que fazer tudo, que ia dar conta de tudo. “A gente sabe que a vida não é assim.” “A maternidade te dá esse olhar um pouco mais sensível para o que de fato é importante”, revela ela, destacando a importância de priorizar e aceitar que “tudo tem seu tempo”.
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Para outras mulheres considerando iniciar um negócio enquanto planejam a maternidade, Camila oferece um conselho valioso: “Escolha o momento oportuno, mas não espere pelo alinhamento perfeito”. Ela encoraja as mulheres a não abrirem mão de suas carreiras profissionais, destacando a possibilidade de conciliar ambas as responsabilidades com planejamento e apoio adequados.
Shirley Fernandes
Shirley Fernandes, fundadora e sócia-diretora da N1 IT – Crédito: Divulgação
A história de Shirley Fernandes, fundadora e sócia-diretora da N1 IT, é marcada pela determinação e paixão pelo empreendedorismo. Desde cedo, Shirley demonstrou uma inclinação natural para empreender, construindo sua carreira e família com resiliência e propósito.
Para Shirley, o desafio de ser mãe e empreendedora é real, exigindo planejamento, organização e disciplina. “É desafio empreender e ser mãe”, reafirma ela, destacando a importância de administrar o tempo de forma a não negligenciar nenhuma das responsabilidades.
A maternidade moldou a abordagem empreendedora de Shirley, fortalecendo sua resiliência e determinação. “Quando vivemos por propósito, tudo o que vem não impede a fluidez”, compartilha ela, enfatizando a importância de seguir o coração e perseguir os objetivos com dedicação e paixão.
Para ela, a rede de apoio também desempenha um papel crucial na jornada empreendedora, proporcionando suporte e sustentação em momentos desafiadores. Ela enfatiza a importância de reconhecer e valorizar essa rede, tanto pessoal quanto profissional, como um pilar fundamental para o sucesso.
Para outras mulheres que aspiram empreender enquanto planejam a maternidade, Shirley oferece um conselho inspirador: “Siga seu coração”. Ela encoraja as mulheres a buscarem seu próprio caminho, reconhecendo que cada jornada é única e requer autoconhecimento, disciplina e determinação.
Flávia Nassif
Flávia Nassif, CEO e cofundadora da DialMyApp – Crédito: Divulgação
Flávia Nassif, CEO e cofundadora da DialMyApp no Brasil, tem uma jornada diferente da maior parte das mulheres na tecnologia. Sua mãe se formou na primeira turma de processamentos de dados da PUC-RJ e sempre a incentivou a seguir a carreira de TI. Ela foi executiva durante duas décadas, mas sempre teve uma semente empreendedora.
“Depois que a Beatriz nasceu, quando eu tinha 35 anos, esse sonho se ampliou enormemente. Eu costumo falar que qualquer projeto pode dar errado, mas a maternidade não. Se eu olhar para os meus filhos e ver que não são pessoas bacanas, éticas, com caráter legal, esse é o maior fracasso que eu posso ter”, diz ela.
Porém, o empreendedorismo veio apenas em 2018. Flávia conta que sentia culpa por ficar 12 ou 13 horas fora de casa e, muitas vezes, chegar e os filhos não estarem com energia ou até dormindo.
“Hoje, em relação a maternidade, eu tenho uma vida muito mais bacana, em que eu me sinto uma mãe cada vez melhor e isso se reflete na relação. Porque o filho te devolve qualidade de relação depois de você dar essa qualidade. Ela tem acesso a mim qualquer hora do dia, seja em casa ou fora. E a mulher líder, não sei se é piegas, mas ela se sente mãe da empresa. Ela se sente um pouco mãe daquelas pessoas que trabalham ali. Eu sinto que a minha maternidade foi ampliada. E eu não sentia isso no mundo de executivas”, enfatiza a executiva.
Para Flávia, a maternidade a transformou em uma versão muito melhor: mais corajosa, forte e inteligente. E destaca que a liberdade é algo importante, seja para quem trabalha em uma empresa ou quem é empreendedora.
“Eu defendo uma rotina diária que você possa participar da vida dos filhos, de uma consulta médica, de uma reunião na escola e, por exemplo, estender seu dia de trabalho. Ter uma rotina mais inteligente no sentido de atender a demanda da maternidade e da empresa”, finaliza.
Natalia Castan
Natalia Castan, CEO e fundadora do Grupo Unite – Crédito: Tereza Sa
Empreender aos 18 anos não é fácil. Mas Natalia Castan, CEO e fundadora do Grupo Unite, não viu o desafio como um impedimento para criar sua empresa. Mas, ela conta orgulhosa em sua entrevista, que a empresa tem um momento “antes de ser mãe” e outro “depois de ser mãe”.
“Na primeira década, a minha visão era muito estrategista: vamos fazer, executar. E eu tenho muito respeito dessa versão da Natalia, pois sempre tive grandes valores virtuosos, sempre jogando limpo, mas era muito ‘não estou muito aí com a opinião dos outros’. Era uma liderança da era industrial, com características de liderança masculinizada, onde o tom da liderança era o controle e comando”, divide ela.
Com a gestação, ela pensou: e se esses funcionários fossem os meus filhos? Eu ia gostar deles trabalhando comigo? “E cheguei à resposta que não. Elas não tinham espaço, não podiam aproveitar seus outros talentos. Você vai lá porque você tem um salário e vai executar. Não tem o desenvolvimento, um cuidado verdadeiro.”
A partir daí, Natalia buscou conhecimento e inspiração no Brasil e outros países, fez cursos e chegou a recontratar uma mulher que saiu da empresa após a maternidade para ajudá-la a criar essa nova cultura. “Ela foi fundamental e a gente criou a nossa carta de valores, começou a formar as pessoas verdadeiramente. Hoje, eu teria o maior orgulho de ver meus filhos trabalhando nessa empresa, porque é uma empresa que fortalece o indivíduo.”
E ela dá uma dica valiosa às outras mães: o equilíbrio não existe. “Não dá para fazer uma agenda: 1 hora com a minha mãe, 2 horas com os filhos, 7 horas trabalhando, mais horas com amigos. Esquece. Dentro do que é possível, faça o que precisa com engajamento, alegria e disposição, entendendo que a vida é feita de priorizações cíclicas.”
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*Colaborou Laura Martins, editora do IT Forum