Líderes brasileiros veem correlação positiva entre sustentabilidade e lucratividade
Executivos da SAP comentam novo relatório da empresa
Mais da metade (53,8%) dos líderes brasileiros enxergam forte correlação positiva entre as ações de sustentabilidade e a lucratividade das empresas, média acima da global (29,2%), de acordo com dados de um estudo da SAP com mais de 4.500 líderes de negócios no mundo. Apenas 2,6% dos entrevistados brasileiros veem a sustentabilidade como um impacto negativo para os negócios. O mesmo acontece com a competividade, com 60,8% dos empresários do país reportando forte relação entre a sustentabilidade e a capacidade de competir e ganhar mercado, contra 33,8% do mercado global.
Além disso, 63,5% dos líderes brasileiros pretendem aumentar os investimentos em sustentabilidade nos próximos três anos, enquanto 25,2% pretendem manter o nível atual de investimento. Apenas 3% das grandes empresas nacionais não possuem planos de investimento de curto prazo em sustentabilidade. As companhias também esperam ver um impacto financeiro positivo em seus balanços em prazos relativamente curtos: para 42,4% dos entrevistados, o impacto positivo será sentido entre um e três anos, enquanto 44,2% avaliam que os impactos serão mensuráveis de três a cinco anos.
Em encontro com a empresa, Adriana Aroulho, presidente da SAP Brasil, afirma que é muito difícil inferir quanto do foco em sustentabilidade é por causa da consciência ambiental ou apenas por um ponto de vista mercadológico.
“Mas, olhando para negócios, investir em sustentabilidade é positivo até para atrair talentos. As novas gerações se engajam com propósitos. As empresas também passam a atrair mais investimentos se olharem para sustentabilidade. É um ciclo virtuoso e que se ficar apenas no discurso, não se sustenta”, frisa ela.
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Gustavo Conrado, CFO da SAP, concorda ao dizer que nenhuma empresa tem dinheiro para gastar em uma iniciativa apenas porque é “legal”. Mas pondera ao dizer que se é genuíno, o fluxo é mais fácil. “Todo mundo quer ajudar, mas o mundo é movido por investimentos que tenham retorno não só ao planeta, mas para a longevidade da empresa.”
O estudo também revela que estimar os impactos ambientais possui grande influência na tomada de decisão para 53,8% dos entrevistados, e relevância moderada para outros 38,5%. Isso tem levado as empresas brasileiras a adotarem medidas como o uso de matéria-prima reciclada (52,3%), aumento do uso de matérias renováveis ou biodegradáveis (49,7%), a gestão do ciclo de vida dos produtos (47%) e a automação de processos internos (44,3%).
Parte dos entrevistados (23,6%) reportaram mapear as emissões geradas por terceiros em suas cadeias produtivas com alto grau de confiabilidade, enquanto 40,2% mapeiam as emissões com grau moderado de confiança. A dificuldade em aferir dados na cadeia de suprimento esbarra em questões como a falta de infraestrutura tecnológica para a troca de dados de forma confidencial e aferível (31,9%), limitações na troca de dados sobre impacto ambiental (30,6%) e a falta de fontes de dados precisas e aferíveis (29,6%). As empresas brasileiras estão buscando contornar esses empecilhos por meio de obrigações contratuais sobre aferição e compartilhamento de dados para os seus parceiros de manufatura (46,8%), fornecedores de matéria prima (36,9%) e parceiros de logística (36,2%).
Os graus de maturidade dependem também da vertical no qual a empresa atua. Na área de tecnologia, a executiva acredita que – não só em sustentabilidade, mas em todas as siglas do ESG – as companhias nativas digitais estejam mais maduras, pois os novos players já nascem com outro olhar e compromisso.
“No quesito de pegada de carbono, manufatura passa na frente nessa corrida da sustentabilidade. O agronegócio também está se destacando. É uma indústria consciente, com métricas e posicionamento. São empresas que já estão em outro estágio”, pondera Junior Freitas, vice-presidente de Business Technology Platform da SAP Brasil.
Apesar de todos os esforços na aferição dos impactos ambientais, as empresas brasileiras ainda encontram empecilhos para uma aferição detalhada e confiável. 24,9% dos entrevistados citam a falta de automação nos processos de coleta de dados como um desafio significativo na jornada ESG. 20,3% citaram a dificuldade de coletar e analisar dados para fins regulatórios, e 17,6% alegam não terem clareza sobre como criar os relatórios.
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