Lições da perda de dados do Mypace e da Pixar

As medidas básicas de segurança ainda não são prioridade para um grande numero de empresas no mundo

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11:14 am - 26 de março de 2019

Na semana passada, uma nova notícia envolvendo perda de dados ganhou as manchetes no mundo de TI ao revelar que o Myspace, uma das maiores redes sociais da última década, perdeu 12 anos de arquivos musicais, totalizando mais de 50 milhões de músicas de 14 milhões de bandas e artistas, além de fotos e vídeos dos usuários. O motivo: uma falha na migração de servidores deletou todo o conteúdo armazenado entre os anos de 2003 e 2015.

No ambiente altamente competitivo e dinâmico que caracteriza o cenário atual de uma economia cada vez mais globalizada, o Myspace já havia sofrido com a chegada de competidores como o Spotify e a Apple Music. O problema ocorrido agora pode comprometer definitivamente o futuro da empresa.

Esse é mais um caso emblemático de como as empresas se colocam em situações tão críticas nas quais a própria sobrevivência fica em jogo, relegando a um segundo plano medidas básicas de segurança e de proteção de seus dados.

Histórias como a do Myspace não faltam. Décadas atrás, mais precisamente em 1998, a empresa de animação digital Pixar descobriu que todos os arquivos do desenho Toy Story 2 tinha sido apagados. Ed Catmull, um dos fundadores do estúdio, relata em seu livro “Creativity” que 90% da animação foi deletada por engano por um colaborador. O sistema de backup falhou e só o fator sorte salvo o trabalho realizado até o momento do acidente. Uma funcionária grávida tirou uma cópia para continuar trabalhando em casa…Não era um backup integral, mas minimizou em muito a perda.

Infelizmente, nem sempre na vida real o final é tão feliz quanto em um desenho. E, ainda assim, segundo pesquisa realizada pela Arcserve, 50% dos usuários das soluções da empresa não sabem calcular o custo efetivo de um desastre. E não é mesmo um cálculo simples, uma vez que outros prejuízos podem ser relacionados ao custo para subir todo o ambiente em caso de desastre: os gastos na substituição de hardware, o valor funcionário/hora e a parada de sistemas críticos, como por exemplo o de faturamento. Isso sem mencionar um prejuízo impossível ser dimensionado: os danos à imagem e à credibilidade da marca junto aos clientes e ao mercado como um todo.

No Brasil, o cenário também é preocupante. Pesquisa realizada pela Diretoria de Tecnologia da Informação (DTI), vinculada à Secretaria Executiva do Ministério da Educação, revelou que cerca de 70% das empresas brasileiras que perderam todos os seus dados encerram suas atividades até dezoito meses após o ocorrido.

E o mais intrigante é que o valor do investimento em soluções eficientes capazes de garantir a proteção e rápida disponibilidade de dados vem caindo ao longo dos anos de forma significativa, não sendo mais privilégio apenas das grandes organizações.

Temos sempre a tendência a achar que todos esses problemas podem ocorrer com as outras empresas, nunca com as nossas. Os dois exemplos acima citados servem como evidência da importância de se disseminar por toda a organização uma cultura que priorize a importância da segurança dos dados e de sua rápida volta à disponibilidade no caso de alguma parada não programada.

* Daniela Costa é vice-presidente para a América Latina da Arcserve

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