Lições da perda de dados do Mypace e da Pixar
As medidas básicas de segurança ainda não são prioridade para um grande numero de empresas no mundo
Na semana passada, uma nova notícia envolvendo perda de dados ganhou as manchetes no mundo de TI ao revelar que o Myspace, uma das maiores redes sociais da última década, perdeu 12 anos de arquivos musicais, totalizando mais de 50 milhões de músicas de 14 milhões de bandas e artistas, além de fotos e vídeos dos usuários. O motivo: uma falha na migração de servidores deletou todo o conteúdo armazenado entre os anos de 2003 e 2015.
No ambiente altamente competitivo e dinâmico que caracteriza o cenário atual de uma economia cada vez mais globalizada, o Myspace já havia sofrido com a chegada de competidores como o Spotify e a Apple Music. O problema ocorrido agora pode comprometer definitivamente o futuro da empresa.
Esse é mais um caso emblemático de como as empresas se colocam em situações tão críticas nas quais a própria sobrevivência fica em jogo, relegando a um segundo plano medidas básicas de segurança e de proteção de seus dados.
Histórias como a do Myspace não faltam. Décadas atrás, mais precisamente em 1998, a empresa de animação digital Pixar descobriu que todos os arquivos do desenho Toy Story 2 tinha sido apagados. Ed Catmull, um dos fundadores do estúdio, relata em seu livro “Creativity” que 90% da animação foi deletada por engano por um colaborador. O sistema de backup falhou e só o fator sorte salvo o trabalho realizado até o momento do acidente. Uma funcionária grávida tirou uma cópia para continuar trabalhando em casa…Não era um backup integral, mas minimizou em muito a perda.
Infelizmente, nem sempre na vida real o final é tão feliz quanto em um desenho. E, ainda assim, segundo pesquisa realizada pela Arcserve, 50% dos usuários das soluções da empresa não sabem calcular o custo efetivo de um desastre. E não é mesmo um cálculo simples, uma vez que outros prejuízos podem ser relacionados ao custo para subir todo o ambiente em caso de desastre: os gastos na substituição de hardware, o valor funcionário/hora e a parada de sistemas críticos, como por exemplo o de faturamento. Isso sem mencionar um prejuízo impossível ser dimensionado: os danos à imagem e à credibilidade da marca junto aos clientes e ao mercado como um todo.
No Brasil, o cenário também é preocupante. Pesquisa realizada pela Diretoria de Tecnologia da Informação (DTI), vinculada à Secretaria Executiva do Ministério da Educação, revelou que cerca de 70% das empresas brasileiras que perderam todos os seus dados encerram suas atividades até dezoito meses após o ocorrido.
E o mais intrigante é que o valor do investimento em soluções eficientes capazes de garantir a proteção e rápida disponibilidade de dados vem caindo ao longo dos anos de forma significativa, não sendo mais privilégio apenas das grandes organizações.
Temos sempre a tendência a achar que todos esses problemas podem ocorrer com as outras empresas, nunca com as nossas. Os dois exemplos acima citados servem como evidência da importância de se disseminar por toda a organização uma cultura que priorize a importância da segurança dos dados e de sua rápida volta à disponibilidade no caso de alguma parada não programada.
* Daniela Costa é vice-presidente para a América Latina da Arcserve