Lançamentos de smartphones dividem o caminho da segurança móvel

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3:10 pm - 10 de março de 2014

Dispositivos móveis que entregam dados e voz de maneira
segura emergiram como tema dominante em discussões recentes do Mobile World
Congress, em Barcelona – embora de um grupo surpreendente de companhias
oferecendo abordagens radicalmente distintas.

Dois anúncios em particular capturaram o interesse crescente
por segurança muito reforçada dentro do segmento de governo, bem como
indústrias reguladas nas quais a elasticidade de preço permanece alta.

A Boeing anunciou um aparelho ultra seguro, o Boeing Black,
enquanto uma joint venture nova no cenário, chamada SGP Technologies, anunciou
o Blackphone.

A Boeing revelou seu primeiro smartphone no mercado, com
Android, projetado para ser um “hardware de segurança”. Ele possui
armazenamento criptografado FIPS 140-2 e sistema operacional configurável com sistemas
de segurança. Parece também aderir aos vários requerimentos de segurança do
pacote de mobilidade da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA,
na sigla em inglês) e de seu programa associado de Soluções Móveis
Classificadas como Comerciais (CSfC).

Rebecca Yeamans, diretora de comunicações para soluções
eletrônicas e de informática da Boeing, disse que o novo aparelho é “baseado em
segurança por meio de uma combinação de componentes de hardware e software e fabricado
de maneira segura nos Estados Unidos”, utilizando a arquitetura PureSecure da
Boeing. Ela se recusou a falar sobre preço, mas ouvi que será em torno de US$
1.600.

Já a joint venture SGP Technologies, formada pela empresa de
Maryland Silent Circle e a espanhola Geeksphone, anunciou o Blackphone, visando
aqueles que buscam um telefone premium com privacidade. A gigante de
telecomunicações holandesa KPN será a primeira a lançar parceria para o dispositivo,
que deve custar US$ 630 desbloqueado – com US$ 250 em softwares embarcados,
gratuitamente.

Os serviços da empresa são baseados na Suíça (um país conhecido
por sua valorização da privacidade). Ele é embarcado com o sistema operacional da
própria Geeksphone, o PrivateOS, que também é construído em cima do Android, e
contém a suíte de produtos de privacidade e proteção da Silent Circle, como o
Silent Phone, Silent Text e Silent Contacts. Ele também inclui um navegador
anônimo, VPN, e armazenamento seguro em nuvem da SpiderOak.

Ferramentas como a Silent Text incluem a capacidade de
destruir mensagens, arquivos, fotos, vídeos ou gravações de voz, até mesmo estabelecer
um times para eles se autodestruírem. Similarmente, o Silent Phone permite aos
usuários realizar chamadas VoIP anonimamente. A companhia alega que ninguém
pode ouvir ou grampear uma chamada.

A Silent Circle tomou a abordagem de colocar a privacidade
em primeiro lugar em suas ofertas. Isso é radicalmente diferente de agentes tradicionais
e estabelecidos na área de smartphones, como BlackBerry, Apple, e outras
fabricantes que trabalham com o Android, pois está direcionando esforços para a
privacidade individual em detrimento de padrões de um país. A Blackphone
emprega um host de tecnologias que buscam tornar as comunicações anônimas –
tentando selar a porta contra indivíduos ou nações em busca de espionagem.

Toby Weir Jones, diretor geral da SGP Technologies, disse
que “sabe que esse device não te deixa fora do radar, mas aumenta muito a
privacidade e é certamente um passo na direção correta”. Ele adicionou ainda
que sua companhia busca oferecer aos clientes uma base de privacidade de uma
maneira que não dependa de nenhum estado.

De fato, o produto é desenhado para apelar a indivíduos e
companhias que não necessariamente se importam com tecnologias específicas, padrões,
ou governos. “Nós desenvolvemos um produto feito para usuários que não precisam
saber o que é Elliptical Curve Cryptography, nem querem saber”, diz Jones.

Dan Ford, um membro do conselho do Capitol College IA e professor
líder para segurança móvel, compartilhou comigo suas observações sobre o Boeing
Black e sobre o Blackphone. “Claramente ambas empresas elevaram o nível de
segurança. Contudo, elas fizeram isso de maneiras diferentes. O Blackphone, da
Silent Circle-Geeksphone, é essencialmente um aparelho comercial, fora da
estante, embarcado com milhares de dólares em serviços de privacidade, o que o
faz um aparelho Android significativamente mais seguro e com preço atrativo”.

Ford ainda não usou o Boeing Black, mas comentou sobre o
aparelho “selado e resistente”. “Eu imagino como isso vai funcionar com as
operadoras… se o celular quebrar ou precisar de reparo”. Para ele, as operadoras
estarão em uma situação de missão crítica, sem sorte.

Esses dois aparelhos visam usuários finais radicalmente
distintos. Enquanto a Boeing busca uma abordagem tradicional, sancionada pelo
governo americano, a SGP tem uma abordagem “individual, priorizando a privacidade”
sem nenhuma chancela governamental.

Estratégias competitivas provavelmente serão boas para
governos. Ambas as companhias prometem futuros anúncios. Dado o estado da
segurança móvel hoje, será interessante ver qual delas ganha mais seguidores.

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