Google e Apple travam batalha em mais um mercado
As notícias em torno do mercado de streaming de música têm ficado cada vez mais quentes. Será que o Google vai mesmo comprar o Spotify? Será que o gigante da internet ainda quer o maior serviço de streaming de música depois de ter adquirido o Songza?
A compra do app Swell pela Apple é mais curiosa. Tanto o Swell
quanto o Beats se enquadram na categoria de transmissão de rádio, mas eles são
atraentes para a empresa, uma vez que seu conteúdo e métodos de curadoria são
muito diferentes. O Beats se descreve como algo parecido com um DJ do século
21, unindo experts e sua tecnologia para escolher quais músicas tocar. Já o Swell
trata-se mais de um serviço de streaming de rádio de notícias e programas de
discussão que usa algoritmos para construir um fluxo personalizado de podcasts.
Os métodos utilizados pelos dois são muito diferentes. O app
Swell não existe mais. Ele encerrou seu streaming em 30 de julho, no mesmo dia
que a Apple confirmou a compra. Isso ressalta um ponto muito importante: as
grandes do mundo de tecnologia não estão comprando produtos acabados. Elas
estão comprando blocos de construção para o futuro do streaming de áudio.
De fato, há muitas possibilidades a serem feitas quando se junta meios de entrega de conteúdo de áudio tradicional com o poder da Internet. E o
que temos visto até agora mal arranha a superfície. Lançar mão de conceitos de
mídia social, como colocar em evidência os assuntos “trending”, pode tornar o produto
de serviço de streaming ainda mais poderoso.
Imagine a Billboard fazendo sua transmissão pelo Twitter: “Olá?
Tem alguém na escuta?”. Mas a gigante de mídia social ainda não conseguiu construir
uma forma de gerenciar playlists e sugestões musicais fomentadas por uma multidão
de pessoas em sua rede. Na verdade, o Twitter até agora ainda está longe de
garantir sua posição no streaming de música. Depois que encerrou o serviço #Music
no início deste ano, a empresa considerou comprar o SoundCloud. Mas deixou a
oportunidade passar.
Outro ponto importante incide sobre as aquisições da Apple
relacionadas com rádio: há espaço para mais de um vencedor. Isso pode parecer
contraintuitivo no mundo em que um vencedor concentre sozinho todos os serviços
de internet. Contudo, quando o apelo de um serviço é o seu público, então é
provável que você opte pelo serviço que seus amigos e familiares já estão
usando, naturalmente.
Os vencedores
Como saber quem serão os vencedores nessa batalha pelos nossos
tímpanos? Investigando se os aplicativos disponíveis conseguem identificar nichos
únicos e atraentes e observando suas estratégias para construção de uma massa
crítica de usuários. Essa segunda parte é fundamental, e isso é algo que ainda
tem sido subestimado, se não completamente esquecido.
É fácil entender por que tantos desenvolvedores de
aplicativos de streaming esquecem do componente social – porque ouvir streaming
de música no smartphone e nos fones de ouvido parece uma atividade que fazemos
sozinhos. Como resultado, a maior parte do esforço foi canalizada para
encontrar maneiras de descobrir o que cada um quer ouvir.
O segmento ainda jovem de dispositivos wearables capazes de
monitorar nossas atividades físicas, apesar de ser uma área a totalmente
diferente, é uma grande ilustração de como o componente social pode construir
novos produtos na era da internet. Diversos fabricantes pioneiros trouxeram opções impressionantes de pulseiras vestíveis para o mercado este ano, mas eles ainda não conseguiram colocar os dentes no mercado dominado pela FitBit.
O motivo: eles se esqueceram do componente social. Não é
difícil ver por que fizeram isso: as atividades fitness são tipicamente uma ocupação
individual. A FitBit conseguiu essa imunidade porque socializou uma atividade individual.
Com o seu aplicativo, ela conseguiu reunir uma comunidade.
Você pode muito bem estar sozinho enquanto corre uma trilha usando
uma pulseira inteligente de outro fabricante. Mas você vai estar mais sozinho
ainda se estiver correndo com seus fones de ouvido, ouvindo uma música que uma
máquina escolheu só para você. Será que as pessoas querem isso ou querem
experiência diferente?