Google e Apple travam batalha em mais um mercado

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11:47 am - 01 de agosto de 2014
Google e Apple travam batalha em mais um mercado

As notícias em torno do mercado de streaming de música têm ficado cada vez mais quentes. Será que o Google vai mesmo comprar o Spotify? Será que o gigante da internet ainda quer o maior serviço de streaming de música depois de ter adquirido o Songza?

Por que a Apple quer comprar o aplicativo de rádio Swell? E o que significa a empresa ter desembolsado US$3 bilhões na compra do Beats – anunciada oficialmente hoje, sexta-feira (1), em seu site? São muitos os movimentos nessa indústria – e isso que estamos falando apenas das duas empresas. 

O streaming é o próximo campo de batalha na guerra de bilhões de dólares entre as gigantes da internet para ganhar nossa atenção – afinal, elas precisam disso para lucrar dinheiro. O streaming é atrativo pois é uma maneira óbvia dessas empresas manterem contato conosco quando não estamos realmente olhando para as nossas telas. Na verdade, essas companhias estão sempre olhando para formas de ganhar dinheiro inserindo seus conteúdos (e claro, publicidade) nos momentos de “ruído” – aqueles que passamos ouvindo música, lendo notícias, escutando rádio –, que deslizam sutilmente para o primeiro plano de nossa consciência.
De modo geral, as propriedades de streaming caem sobre duas categorias: serviços que mostram músicas dos quais eles acham que você vai gostar e serviços que reproduzem faixas específicas que você escolheu. É análogo ao contraste entre rádio e coleções privadas de música. Eles são muito diferentes, e há espaço para ambos em nossas vidas. 
E os gigantes da tecnologia têm um caminho long a percorrer até aumentarem sua presença nas propriedades de streaming de música. Além disso, devem ficar de olho no que pode valorizar seus serviços à medida que a gama de ativos digitais para streaming diminui. Portanto, se você pensou que desembolsar US$ 3 bi pelo Beats era muita coisa, você ainda não viu nada. 
A aquisição do serviço de rádio Songza não deve ter qualquer influência sobre o interesse do Google no Spotify, que permite tocar as listas de reprodução dos próprios usuários. Sem delongas: o Google faria bem em comprar o Spotify. Na verdade, muitas das gigantes da internet fariam bem em comprar o Spotify. Então alguém vaio precisar ganhar essa batalha, e isso vai custar muito.  

A compra do app Swell pela Apple é mais curiosa. Tanto o Swell
quanto o Beats se enquadram na categoria de transmissão de rádio, mas eles são
atraentes para a empresa, uma vez que seu conteúdo e métodos de curadoria são
muito diferentes. O Beats se descreve como algo parecido com um DJ do século
21, unindo experts e sua tecnologia para escolher quais músicas tocar. Já o Swell
trata-se mais de um serviço de streaming de rádio de notícias e programas de
discussão que usa algoritmos para construir um fluxo personalizado de podcasts.

Os métodos utilizados pelos dois são muito diferentes. O app
Swell não existe mais. Ele encerrou seu streaming em 30 de julho, no mesmo dia
que a Apple confirmou a compra. Isso ressalta um ponto muito importante: as
grandes do mundo de tecnologia não estão comprando produtos acabados. Elas
estão comprando blocos de construção para o futuro do streaming de áudio.

De fato, há muitas possibilidades a serem feitas quando se junta meios de entrega de conteúdo de áudio tradicional com o poder da Internet. E o
que temos visto até agora mal arranha a superfície. Lançar mão de conceitos de
mídia social, como colocar em evidência os assuntos “trending”, pode tornar o produto
de serviço de streaming ainda mais poderoso.

Imagine a Billboard fazendo sua transmissão pelo Twitter: “Olá?
Tem alguém na escuta?”. Mas a gigante de mídia social ainda não conseguiu construir
uma forma de gerenciar playlists e sugestões musicais fomentadas por uma multidão
de pessoas em sua rede. Na verdade, o Twitter até agora ainda está longe de
garantir sua posição no streaming de música. Depois que encerrou o serviço #Music
no início deste ano, a empresa considerou comprar o SoundCloud. Mas deixou a
oportunidade passar. 

Outro ponto importante incide sobre as aquisições da Apple
relacionadas com rádio: há espaço para mais de um vencedor. Isso pode parecer
contraintuitivo no mundo em que um vencedor concentre sozinho todos os serviços
de internet. Contudo, quando o apelo de um serviço é o seu público, então é
provável que você opte pelo serviço que seus amigos e familiares já estão
usando, naturalmente.

Os vencedores

Como saber quem serão os vencedores nessa batalha pelos nossos
tímpanos? Investigando se os aplicativos disponíveis conseguem identificar nichos
únicos e atraentes e observando suas estratégias para construção de uma massa
crítica de usuários. Essa segunda parte é fundamental, e isso é algo que ainda
tem sido subestimado, se não completamente esquecido.

É fácil entender por que tantos desenvolvedores de
aplicativos de streaming esquecem do componente social – porque ouvir streaming
de música no smartphone e nos fones de ouvido parece uma atividade que fazemos
sozinhos. Como resultado, a maior parte do esforço foi canalizada para
encontrar maneiras de descobrir o que cada um quer ouvir.

O segmento ainda jovem de dispositivos wearables capazes de
monitorar nossas atividades físicas, apesar de ser uma área a totalmente
diferente, é uma grande ilustração de como o componente social pode construir
novos produtos na era da internet. Diversos fabricantes pioneiros trouxeram opções impressionantes de pulseiras vestíveis para o mercado este ano, mas eles ainda não conseguiram colocar os dentes no mercado dominado pela FitBit.

O motivo: eles se esqueceram do componente social. Não é
difícil ver por que fizeram isso: as atividades fitness são tipicamente uma ocupação
individual. A FitBit conseguiu essa imunidade porque socializou uma atividade individual.
Com o seu aplicativo, ela conseguiu reunir uma comunidade.

Você pode muito bem estar sozinho enquanto corre uma trilha usando
uma pulseira inteligente de outro fabricante. Mas você vai estar mais sozinho
ainda se estiver correndo com seus fones de ouvido, ouvindo uma música que uma
máquina escolheu só para você. Será que as pessoas querem isso ou querem
experiência diferente? 

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