Gigantes do Vale do Silício investem pesado no mercado indiano

Investimento de bilhões de dólares de empresas como Facebook e Google vai ao encontro da tentativa do governo local de impedir a entrada da China

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10:00 am - 30 de julho de 2020

O braço de telecomunicações e digitais do conglomerado indiano Reliance Industries, Jio Platforms, já recebeu bilhões de dólares em investimentos de gigantes da tecnologia como Facebook e Google, com investimentos de US$ 5,7 bilhões e US$ 4,5 bilhões, respectivamente.

Gigantes do Vale do Silício veem a oportunidade de entrar com tudo no mercado promissor indiano, sobretudo com a investida do governo local de impedir o crescimento da invasão chinesa no setor.

Empresas como as fabricantes de chips Qualcomm e Intel também fecharam acordos no país, juntamente com uma série de empresas líderes de private equity nos EUA com foco em tecnologia, de acordo com reportagem do Financial Times.

“Essas empresas agora estão apostando agressivamente na Índia, para que não se encontrem em uma situação em que o mercado cresça nos próximos 10 anos e estejam fora”, disse ao FT, Satish Meena, Analista da Forrester Research. “Eles estão comprando acesso futuro”.

Segundo o jornal, com os investimentos, a Jio pretende dominar a economia digital da Índia ampliando os segmentos no setor, de comércio eletrônico até streaming antes de um IPO dentro de cinco anos. Nos últimos quatro anos, a Jio cresceu no maior operador de telecomunicações da Índia, com 388 milhões de usuários.

Facebook e Google

A Índia é o maior mercado do Facebook, com mais de 300 milhões de usuários e mais de 400 milhões no WhatsApp. Na investida da gigante de redes sociais de avançar no mercado de pagamentos digitais, desde abril, quando investiu na empresa indiana, as duas empresas já lançaram uma plataforma para conectar milhões de clientes a varejistas locais que vendem itens de mercearia e itens essenciais. De acordo com o jornal, analistas dizem que essa união permitirá explorar o mercado em rápido crescimento para transações on-line.

“Sempre há uma conversa sobre ‘as próximas 300m, 400m, 500m pessoas podem ficar on-line?’ Mas, igualmente relevante, é importante focar no outro lado da equação… Como liberamos totalmente o potencial ao colocar os próximos 60 milhões de pequenas empresas on-line também?”, disse ao FT, Ajit Mohan, Diretor Administrativo do Facebook na Índia. “Para muitas pequenas empresas estar on-line na Índia hoje significa ter o número deles no WhatsApp”, disse ele.

Atualmente, menos de 20% da receita do Facebook vem da região da Ásia-Pacífico, em parte porque o mercado de publicidade on-line da Índia é comparativamente pequeno, ressalta a reportagem.

O braço de mensagens do Facebook também anunciou na semana passada planos de ramificar os serviços para ofertar seguros e crédito no país, o mesmo anunciado no Brasil recentemente. Este mês a empresa também lançou o Instagram Reels, para ganhar o espaço da concorrente chinesa TikTok, proibida na Índia em junho.

A Google, por sua vez, quer aproveitar a fatia de milhões de indianos que ainda não possuem um smartphone. A Reliance tem recorde de ganhar participação de mercado com produtos de baixo custo e grandes descontos, segundo a reportagem, e a Índia possui 500 milhões de usuários de smartphones, podendo crescer para 700 milhões até 2022; 350 milhões atualmente usam telefones não inteligentes.

Para aproveitar esse potencial, ao unir forças com a Jio, a Google pretende lançar produzir smartphones de baixo custo com sistemas operacionais baseados no Android.

“Vemos a chance de ter um impacto ainda maior do que qualquer empresa sozinha”, disse Sundar Pichai, CEO do Google e da controladora Alphabet, neste mês.

Intel/Qualcomm

A Intel e a Qualcomm assumiram participações menores na Jio através de seus braços de investimento, por US$ 253 milhões e US$ 97 milhões, respectivamente. Mas os acordos dão aos fabricantes de chips uma vantagem estratégica, principalmente depois que Ambani anunciou este mês que a Jio estava desenvolvendo seu próprio conjunto de serviços 5G, diz o jornal.

A reportagem ressalta que a Índia se tornou um mercado de experimentação das empresa de tecnologia, que propõe experiências de mercado para tornar soluções escaláveis em outras partes do mundo depois.

“Essa população massiva na Índia é um dos melhores motivos para provar algo escalável, acessível e, ainda assim, lucrativo”, disse Rajen Vagadia, Presidente da Qualcomm Índia. “Acho que todas as empresas já viram isso”.

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