Foco é estratégia do novo presidente da Atos na América do Sul

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1:05 pm - 08 de março de 2016
O francês Yves Guillaumot ostenta em seu passaporte 40 carimbos de viagens ao Brasil. Na mais recente delas, em setembro de 2015, veio para ficar e liderar a operação da Atos para a América do Sul. Em cinco meses no comando da empresa, o executivo aprendeu sozinho a falar português (fluente) com base em sua “vontade de compartilhar ideias com as pessoas”, como ele mesmo definiu em entrevista exclusiva ao IT Forum 365.
“Vim sozinho, mas conquistei 3 mil amigos”, brincou, referindo-se aos colaboradores da empresa no Brasil. Sua relação com o País e a América Latina, no entanto, é de longa data. Na França, o serviço militar podia ser trocado por outro serviço civil. Então, Guillaumot optou por trabalhar na Embaixada da França na Argentina. Fez um mochilão pela América Latina e ficou um mês no Rio de Janeiro, onde caiu nas graças do Brasil.
Alguns anos depois, passou a atuar como consultor da Atos América do Sul e o trabalho foi tão bem-sucedido que foi convidado para comandar a operação da região com a saída de Alexandre Gouvêa, que deixou a empresa para seguir novos rumos profissionais. 
O desafio da sua gestão agora, disse, é manter o foco em três áreas estratégicas: alta tecnologia, posicionar-se como parceiro de confiança dos clientes e ajudar companhias na jornada rumo à transformação digital. “Estou organizando a empresa e levando os negócios para essa direção”, sintetizou, completando que está feliz com o progresso da companhia nos últimos meses.
O executivo lembrou que a aquisição da Bull contribuiu para reforçar a estratégia da Atos no quesito alta tecnologia e um dos resultados claros dessa união foi a instalação em meados de 2015 do maior supercomputador da América Latina em Petrópolis, no Rio de Janeiro, que ajudará a comunidade científica em seus estudos.
Sobre o segundo ponto, Guillaumot assinalou que mais do que uma relação fornecedor-cliente, a organização quer manter uma parceria com seus clientes. “A Atos é muito mais do que uma empresa de tecnologia, é um consultor que as companhias podem confiar”, destacou.
Assim como para boa parte da indústria, transformação digital é tema-chave da Atos para este ano. Contudo, o executivo assinalou que o desenho da oferta é diferenciado. “Todos falam de digitalização, mas nossa aposta é em entender o foco do cliente para então depois definir por onde começar. Temos obsessão por ajudar nossos clientes nos objetivos de negócios”, explicou, relatando que a maioria das companhias que tem conversado busca na transformação digital aumento de receita e de market share. 
Na esteira da digitalização, prosseguiu, está a nuvem que, segundo ele, ainda encontra muito espaço para crescer no mercado. Além disso, a companhia olha com atenção áreas como analytics, big data e indústria 4.0 para ampliar a atuação. 
Crescimento satisfatório
Sem citar número regionais, Guillaumot relatou que globalmente 2015 foi um ano positivo para a empresa. O resultado consolidado ainda não foi divulgado, mas o executivo apontou que algumas das aquisições foram importantes no período, como a da Bull. Segundo ele, a combinação da capacidade de inovação da Bull com a capacidade de gerenciamento do Grupo Atos tem feito grande diferença para os negócios. 
Outros exemplos citados por ele foram a aquisição da Xerox ITO, que potencializou especialmente negócios na América do Norte, e da Unify, que fortaleceu o portfólio de comunicações unificadas (UC, na sigla em inglês). “Foi uma adição bem-vinda e importante para ampliar a convergência de soluções de TI e telecom”, assinalou.
A finalização da aquisição da Unify aconteceu em janeiro deste ano. Contudo, o executivo apontou que ainda não há planos detalhados de integração e atuação na América Latina. As conversas com a corporação, no entanto, já começaram e serão comunicadas ao mercado no momento oportuno, de acordo com ele. O que é certo, por enquanto, é que as operações seguem separadas.
Guillaumot relatou que com a compra da Unify, a Atos é agora número um em serviços de TI na Europa, passando à frente da Capgemini e número cinco em todo o mundo, com potencial para se tornar a terceira em breve. “Temos uma força grande no mercado e capacidade única de entrega”, garantiu.
Expectativas
O executivo indicou que as expectativas da corporação para a América do Sul seguem altas apesar da instabilidade econômica e política de alguns países da região. “Considerando dados da IDC, vejo crescimento no mercado brasileiro.” O ano é também promissor para a empresa em razão dos Jogos Olímpicos, dos quais a Atos é uma das principais parceiras
O presidente da Atos contou que o nível de preparação está maduro e todos os testes foram realizados, sendo necessário agora finalizar apenas pequenas simulações. “Estamos preparados”, garantiu, ressaltando o desafio de montar uma infraestrutura em apenas dois anos para o equivalente a uma empresa de 200 mil pessoas. “O evento será importante para nossos clientes se certificarem da nossa capacidade de entrega e inovação tecnológica.”
Os próximos meses prometem ser de muito trabalho para a Atos, mas se depender de Guillaumot e de seus 3 mil amigos será um sucesso. “Sou impaciente, prezo pela qualidade, mas quero ver os resultados acontecerem o quanto antes”, avisou o executivo ao mercado promissor. 

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