Facebook compra Giphy por cerca de US$ 400 milhões e levanta preocupações sobre práticas antitruste

Valor real do repositório de gifs não estaria nas animações e sim em seus dados e interações com outros aplicativos

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8:15 am - 19 de maio de 2020

O Facebook anunciou a compra do popular repositório de GIFs, o Giphy, na última sexta-feira (15). O valor total da transação é estimado em cerca de US$ 400 milhões, de acordo com informação do site Axios, que também apurou através de fontes próximas, que as negociações entre as duas empresas já andavam adiantadas antes da pandemia. A aquisição levará o Giphy aos usuários do Instagram.

Criado em 2013, o Giphy é a enorme plataforma onde as pessoas podem compartilhar GIFs e stickers. E é uma velha conhecida dos usuários das plataformas do Facebook, como lembrou a empresa em sua nota à imprensa.

“Muitas pessoas em nossa comunidade já conhecem e amam o Giphy. De fato, 50% do tráfego do Giphy vem da família de aplicativos do Facebook, metade do tráfego somente do Instagram. Ao reunir o Instagram e o Giphy, podemos facilitar que as pessoas encontrem os GIFs e adesivos perfeitos em Stories e Direct. Ambos os nossos serviços são grandes apoiadores da comunidade de criadores e artistas, e isso continuará”, informou a companhia.

De acordo com as informações da Axios, a empresa pretende manter a própria marca. Pelo anunciado, pouco muda na operação da empresa. “As pessoas ainda poderão fazer o upload de GIFs; desenvolvedores e parceiros de API continuarão a ter o mesmo acesso às APIs da Giphy; e a comunidade criativa da Giphy ainda poderá criar um ótimo conteúdo”.

Acusações antitruste

A aquisição do Giphy, entretanto, levantou preocupações acerca do poder e alcance digital que o Facebook tem criado para si nos últimos anos. Mark Zuckerberg, cofundador e CEO do Facebook, já depôs intensas horas no Senado norte-americano na ocasião do vazamento de dados da consultoria Cambridge Analytica e foi questionado por representantes da Casa se o Facebook não teria criado para si um monopólio.

A compra do Giphy vai nesta direção. Como apontou o Business Insider, o valor real do Giphy para o Facebook não é uma coleção abundante de GIFs animados divertidos. Ele está integrado a vários outros serviços de mensagens usados pelos concorrentes no Facebook, do iMessage da Apple e até mesmo ao Signal, ferramenta cujo foco está na privacidade do usuário. Ao adquiri-lo, o Facebook obterá acesso a uma rica informação sobre como os consumidores estão usando os produtos de mensagens de seus rivais.

O acordo também prejudicaria as empresas concorrentes do Facebook, que poderiam ter o acesso ao Giphy dificultado. Nos Estados Unidos, representantes tanto da ala democrática quanto republicana se posicionaram. “O Facebook continua procurando ainda mais maneiras de obter nossos dados. Assim como o Google comprou a DoubleClick devido à sua presença generalizada na Internet e à capacidade de coletar dados, o Facebook quer o Giphy para que ele possa coletar ainda mais dados sobre nós. O Facebook não deve adquirir nenhuma empresa enquanto estiver sob investigação antitruste de suas compras anteriores”, comunicou Josh Hawley, senador dos Estados Unidos pelo partido Republicano.

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