Especialistas indicam rumos da Internet das Coisas no mundo

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9:16 am - 20 de outubro de 2014
Especialistas indicam rumos da Internet das Coisas no mundo
A Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês) está cada vez mais presente na vida das pessoas. Com 10 bilhões de dispositivos conectados à internet atualmente em todo o mundo, e expectativa de atingir 50 bilhões até 2020, segundo dados da Cisco, o mercado passa por um momento único para aproveitar essa demanda e apresentar novas soluções e produtos. A tese foi defendida por executivos das principais companhias do setor de tecnologia da informação e telecomunicação (TIC) durante debate realizado na Futurecom na última semana em São Paulo.

Para ressaltar a enorme quantidade de possibilidades que surgiu a partir da mobilidade e do aumento da conectividade, o presidente da Qualcomm na América Latina, Rafael Steinhauser, aponta como exemplo o processo de modernização na Inglaterra. Lá, 50 milhões de casas foram conectadas a uma rede inteligente para que a distribuição de energia elétrica fosse feita com mais eficiência. “O mundo avança com uma série de dispositivos que podem servir para a humanidade em diversos âmbitos, como saúde, transporte ou entretenimento.”

A preocupação com aspectos de mobilidade é o futuro das telecomunicações, acredita o diretor de Solutions & Marketing Alcatel-Lucent, Antônio Augusto Firmato Glória. O executivo destacou que IoT está crescendo rapidamente tanto no mercado pessoal quanto no corporativo. Em razão disso, surgirão aplicações que podem ser exploradas, mas que precisarão de cuidado especial. “Apesar de elas serem muito interessantes, ainda falta descobrir como integrar todas essas aplicações. Com o surgimento do smartphone, a transformação foi enorme em apenas seis anos”, avalia. 

O diretor-executivo de Serviços Digitais da Telefônica/Vivo, Roberto Piazza, afirmou que o Brasil está em fase de crescimento no que diz respeito à Internet das Coisas. Assim como Glória, o executivo também salientou a importância de aproveitar todos os aspectos da tendência. “Quando falamos de IoT, pensamos em dispositivos, mas é um conceito que pode ser aplicado em vários segmentos. Nós, por exemplo, desenvolvemos uma aplicação que faz o controle do processamento da cadeia alimentícia de uma parceira do setor de agronegócio”, exemplifica.

O vice-presidente de Estratégia e Marketing da Ericsson, João Yazlle, concordou com Piazza no que diz respeito às diferentes aplicações e afirmou que o volume de dispositivos estimado pelas empresas de consultoria e pesquisa de 50 bilhões de dispositivos até 2020 já é uma realidade, não apenas uma projeção otimista. “Criamos uma rede de monitoramento de tráfego em São José dos Campos [no interior de São Paulo] que resultou em uma queda na média de homicídios de 12 para nove pessoas”, comemora. 

Para o secretário do Ministério das Comunicações, Maximiliano Martinhão, o País vive um momento muito semelhante ao de 1995, quando começou a surgir a internet no Brasil. “É uma ferramenta importante, mas na ocasião não estava claro para onde iria. Atualmente, todos veem oportunidade na ferramenta e isso está claro. É preciso criar um fórum de discussão para que as pessoas tragam suas ideias, assim poderemos ter noção das necessidades das companhias.”

É importante que as empresas fiquem de olho no que precisa ser feito para que esse ciclo aconteça, opina o diretor de tecnologia da TIM, Leonardo Capdeville. O executivo apontou que o Brasil ainda enfrenta dificuldades para conectar as pessoas, e que conectar dispositivos será um desafio ainda maior. “Será fundamental aumentar o número de antenas, só assim será possível atender a essa demanda. Se compararmos o Brasil com mercados mais maduros, ainda há muito a percorrer”, destaca.

Já para o membro do conselho diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Rodrigo Zerbone Loureiro, essas mudanças irão representar aumento de produtividade da indústria brasileira. Ele citou a recente expansão na cobertura de radiofrequência realizada pela Anatel para exemplificar os investimentos que são realizados para fomentar economias de regiões mais remotas. “O plano não foi só projetado para permitir que o produtor rural tenha acesso à internet e celulares, mas também para que ele comece a se preparar para a IoT e as facilidades que surgirão por meio da comunicação M2M. O mercado não se desenvolve se isso não acontecer.”

A Internet das Coisas é a evolução do que aconteceu em 2006 com a internet, na opinião do presidente da HITSS Brasil, Mário Rachid. Para colocar máquinas conversando, será preciso criar uma rede gigante de dados em tráfego constante, o que poderá resultar em uma falha de privacidade grande. “Como a sociedade e as empresas irão abordar essa questão é muito importante para a evolução do assunto e da tecnologia em si. Em pouco tempo, teremos transformações que empresas precisarão discutir e abordar de forma mais clara.”

Martinhão ressaltou que será preciso que as empresas sejam transparentes para que o uso e a análise dos dados obtidos a partir da IoT forneçam apenas conclusões reais, e não presumidas. “É preciso ter um cuidado muito grande com o que se faz com os dados que são utilizados”, conclui. 

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