Entre legado e mundo digital, integração segue como desafio

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4:30 pm - 03 de maio de 2014

Num passado recente, o problema era o hardware. Depois, a evolução dos aplicativos – pessoas e empresariais – trouxe para a pauta do dia o software e uma série de possibilidades que ele trazia, passando por automação de processos, agilidade na tomada de decisões e até transformação de modelos de gestão. Hoje, com o mundo do hardware comoditizado e o software corporativo consolidado, integrar volta a ser uma palavra no dicionário dos desafios dos executivos de TI. Isso porque, o mundo onde duas opções imperavam (infraestrutura própria ou terceirizada) foi totalmente transformado pelo modelo de computação em nuvem, fazendo com que DC próprio, outsourcing, colocation e dados e sistemas armazenados e rodando em algum lugar pelo mundo passassem a conviver e a exigir monitoramento e integrações antes inimagináveis.

“Vejo muitos desafios quando falo em ambientes externos, sobretudo, provedores de nuvem. Quando pensamos em ambientes desse tipo, temos desafios inerentes como telecom e outros como segurança. Já temos exemplos recentes sobre eventos de segurança. Temos que entender se nosso ambiente interno está seguro, qual nível temos e os desafios do próprio ambiente corporativo. O usuário quer disponibilidade e é um desafio tão grande quanto segurança, envolve ainda privacidade de funcionários e clientes”, refletiu Augusto Carelli, CIO da Pif Paf, convidado a debater o tema Integração, durante o IT Forum 2014, ao lado de Paulo Cezar Imelk, da Azul Seguros.

À frente da TI de uma empresa com oito mil funcionários e sistemas que vão desde centros de criação até fábrica e distribuição, Carelli entendeu que a melhor forma de lidar com a complexidade de trabalhar com os dois mundos era a partir de um alinhamento do plano de TI ao plano estratégico da companhia e também com a criação de frameworks que facilitam a integração e implantação de algumas plataformas. “Na Pif Paf, a estratégia é crescer via fusão e aquisições, por isso, buscamos padronização e criamos templates para implantar um novo abatedouro rapidamente. A tendência dos sistemas é um ciclo de vida amplo, mas deprecia integração e resulta em mais custo. Balancear com CFO se compensa aumento de custo pelo alinhamento empresarial ou se parte para uma nova plataforma é algo também necessário”, aconselha.

Criação de templates para padronização da área de sistemas e facilitar integrações de todos os tipos, especialmente quando existe uma estratégia forte de crescimento via aquisições, tem sido uma prática recorrente de CIOs representantes das 500 maiores empresas do País. Existem cases em diversos setores e tal estratégia tem se mostrado bastante eficiente. Mas como lembrou o próprio Carelli, em alguns momentos, é preciso refletir se vale a pena seguir com integrações ou abandonar um sistema legado por mais estável que ele seja e partir para uma plataforma mais digital, até por questões de custos.

“O problema de mexer no legado é: quem terá peito de mudar isso? Mas não precisa mexer de uma vez, é questão de estratégia. Tem que fazer conta, as vezes vale a pena levar muita coisa pra nuvem e as vezes não”, comentou Imelk, da Azul Seguros, empresa de um segmento altamente regulado e que lida com sistemas dos mais diversos tipos. O executivo, ao fazer uma analogia com a padronização de tomadas, lembrou que diversos fornecedores têm buscado desenvolver um padrão que facilitaria a integração entre diferentes nuvens e infraestruturas próprias fornecidas por vários provedores de tecnologia. “O ideal é partir para padrão de mercado para essa convergência e existe uma preocupação nesse sentido. E da mesma forma que a indústria precisa, as empresas têm que trabalhar internamente a sopa de sistemas para se adaptar ao padrão. Troco tudo que é arriscado e demorado ou crio adaptações para meus sistemas conversarem, dando sobrevida e um fôlego para pensar em trocas?”, provocou, lembrando do dilema citados por muitos participantes do debate.

Presente na plateia do debate, Cristiano Barbieri, CIO da SulAmérica Seguros, empresa reconhecida por suas experiências com cloud computing, lembrou que nuvem está presente na companhia há pelo menos três anos, mostrando que, embora existam sim desafios na integração e até em disponibilidade, os pontos positivos, pelo menos pelo ponto de vista da seguradora, acabam por suplantar os riscos. “Temos pelo menos 100 projeto no mundo nuvem, portal com 1,5 milhão de acesso e não para nunca. O problema que tive foi falta de link redundante em vários lugares. Minha experiência tem sido fantástica, não para e com zero incidência de segurança. Não conseguíamos fazer nada com menos de seis meses e hoje fazemos coisas muito mais rápido. Tem empresa que implanta versão nova a cada 15 e 20 dias por conta da nuvem, temos várias experiências no mercado”, compartilhou.

Ao final do bate papo, foi pedido para Imelk e Carelli darem alguma dica do que eles têm feito em suas companhias para melhor lidar com a complexidade que o mundo digital traz, que é um mix de revisão de estratégia, pressão das áreas de negócios e necessidade de atualização tecnológica. O CIO da Pif Paf reforçou a premissa de que manutenção sempre é onerosa e quando envolve sistemas antigos as integrações são sempre mais complexas. “Se vai trabalhar com mobilidade, você pode criar padrões em webservices, APNs específicas, mecanismos de auditoria até para adquirir e integrar novos sistemas. Facilita a compra, a integração e a manutenção”, pontuou Carelli. Já Imelk, da Azul Seguros, lembrou que integrar pode ser nuvem, DC próprio, sistemas de empresas adquiridos e que muitas vezes isso esbarra até na entrega do serviço de telecom. “Algumas operadoras não conseguem entregar a depender da região. Na Azul temos sistemas legados e também o desejo da área de negócio de caminhar para frente. Mas não podemos simplesmente nos levar apenas pelo modismo, apesar de muitas vezes sermos altamente influenciados.”

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