Empresas do século XXI: quem não investir em talentos de tecnologia será engolido

Por que esperar que o sistema de educação tradicional forme profissionais se você pode capacitar seus próprios talentos?

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8:07 am - 17 de agosto de 2023
Foto: Shutterstock

A falta de profissionais de tecnologia capacitados tem sido o principal problema enfrentado pelas empresas que querem expandir os negócios. O cenário é desafiador e o avanço da transformação digital colocou uma pressão ainda maior para as companhias, que são obrigadas a reinventar e adotar soluções inovadoras para continuar operando com eficiência.

Existe um conjunto de fatores que são responsáveis pelo caos da mão de obra qualificada, mas antes, é preciso entender o contexto.

De acordo com uma pesquisa da McKinsey, no Brasil, 68% dos recrutadores encontram dificuldades na hora de preencher vagas de nível básico em TI devido à falta de profissionais preparados para assumir essas posições. Os dados da Brasscom são ainda mais alarmantes: haverá um déficit de 530 mil especialistas em TI até 2025.

De um lado, temos um alto número de desempregados de diversas áreas no país (segundo o IBGE, entre dezembro de 2022 a fevereiro de 2023, a taxa de desocupação subiu para 8,6% e atingiu 9,2 milhões de pessoas), do outro, temos organizações com oportunidades de emprego disponíveis sofrendo com o gap de talentos. A análise desse cenário é simples: não falta gente, falta capacitação!

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Como muitos contratantes não encontram experts ou não têm interesse em manter uma equipe de TI, elas optam por contratar um “profissional de empreitada”, que trabalha por um curto período de tempo focando apenas em solucionar uma complicação pontual. O fato é que, com o avanço constante das tecnologias, as organizações que só contratam especialistas esporádicos sempre estarão atrasadas em relação à concorrência.

A ausência de experts de TI no mercado se dá, principalmente, pela falta de investimento em formação de talentos por parte das empresas. Existe uma gama de profissionais interessados em se aperfeiçoar, mas falta oportunidade. Os cursos tradicionais só oferecem o nível básico de conhecimento, e, para o mercado, isso já não é mais suficiente.

Sistema educacional atual ultrapassado

O atual sistema de ensino tem muitas dificuldades em oferecer o nível de instrução suficiente para o aluno se destacar no mercado. Os métodos tradicionais focam em desenvolver profissionais que sabem um pouco de tudo, ao invés de capacitá-los para se tornarem especialistas.

Vamos fazer uma analogia com a construção de uma casa. Um profissional de formação generalista tem uma certa noção do que precisa ser feito e até consegue erguer uma casa do zero, mas e se der algum problema na parte elétrica? Será que ele é o mais indicado para resolver esse gargalo? Provavelmente não, e precisará ser substituído por alguém especializado em circuitos elétricos. O mesmo acontece no mercado de TI, as lideranças precisam de especialistas, não um “faz-tudo”.

Atividades mais cognitivas

A digitalização foi um marco para o mercado de trabalho, que precisou se adaptar para investir em tecnologias, buscando oferecer um portfólio maior e mais completo de produtos e serviços. Nesse processo, as atividades cognitivas passaram a ter lugar de destaque e a busca por especialistas para preencher essas vagas aumentou.

A globalização quebrou as barreiras em relação à concorrência. Empresas de vários países utilizam tecnologias semelhantes e competem pelos mesmos locais de destaque no mercado. A escassez de profissionais preparados para realizar essas atividades tornou essa disputa ainda mais acirrada. Daqui para frente, as tarefas serão mais cognitivas, e as marcas precisarão de talentos capacitados que acompanhem as novas demandas.

Neste contexto, estimular o desenvolvimento intelectual dos funcionários deverá ser obrigatório para as empresas. Esse investimento pode trazer resultados interessantes tanto para profissionais quanto para os negócios e pode acontecer por meio de treinamentos internos ou apoio de cursos de capacitação.

Invista dentro de casa

Se o sistema de educação tradicional não capacita suficientemente os alunos e não os fornece na velocidade para suprir as suas necessidades de mão-de-obra, coloque a mão na massa e invista nos seus próprios talentos. Educar um aluno dentro das suas diretrizes e instruí-lo para ocupar um cargo específico dentro da sua equipe pode ser um processo mais trabalhoso e dispendioso num primeiro momento, mas o retorno a longo prazo é indiscutível.

Da mesma forma que apoiar programas de capacitação de alunos em áreas que demandam maior conhecimento técnico, não deve ser encarado pelas companhias como uma caridade, mas sim um investimento que trará retorno para sua própria organização.

Trabalhe com o que você tem!

Ao invés de esperar que o profissional complete o curso ou tenha o domínio completo da área, as lideranças precisam pensar em desmembrar as atividades complexas em tarefas menores, para que os funcionários consigam exercer com qualidade. Volto a analogia da casa, se o colaborador ainda não está capacitado o suficiente para levantar uma parede sozinho, coloque-o para cimentar os blocos. Conforme o aluno for adquirindo mais conhecimento durante o curso, ele pode receber tarefas mais complexas e “subir de nível”.

O número de profissionais disponíveis na base da pirâmide sempre será maior que o de experts, aprenda a usar isso ao seu favor. Uma equipe diversa com pontos de vista e com níveis de conhecimentos diferentes, por vezes, será bem mais produtiva e eficaz do que uma composta apenas por experts, que não estão dispostos a realizar as atividades “mais simples” e nem estão abertos a aprender coisas novas.

A capacitação de talentos é o segredo para as organizações não serem engolidas pelo mercado. Quando as empresas perceberem que seu maior ativo são as pessoas, e começarem a investir em seus próprios talentos, a melhora nos resultados será imediato.

*Leandro Torres é CEO da BePRO Institute e Smart Coding Lab

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Leandro Torres

Leandro Torres é CEO da BePRO Institute e Smart Coding Lab.

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