Edivaldo Rocha: Claranet quer comprar de 15 a 25 empresas em cinco anos

CEO da operação brasileira da Claranet fala dos planos da companhia para o País, incluindo sobre o IPO programado para 2024

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9:54 am - 05 de setembro de 2023
CEO Claranet Edivaldo Rocha Edivaldo Rocha, CEO da Claranet (Imagem: Divulgação)

Edivaldo Rocha, o CEO da Claranet, tem a típica fala acelerada das pessoas que sabem o que pretendem. E ele pretende muita coisa – incluindo fazer de 15 a 25 aquisições de companhias brasileiras nos próximos cinco anos.

“Estou entrando em duas diligências [para fazer aquisições]. Nosso objetivo é ser a maior empresa de cibersegurança da América Latina e de nuvem privada e pública do Brasil. Queremos ser a maior marca empregadora do País nos próximos cinco anos. Até 2028 terei quase 10 mil colaboradores”, diz o executivo ao IT Forum, tudo na mesma resposta.

A conversa que tivemos é sobretudo motivada pela recente aquisição da ADTsys pela Claranet, anunciada no começo de agosto. A empresa já fiz aquisições substanciais nos últimos anos, incluindo a CredibilIT, a CorpFlex e a Mandic, e em julho último anunciou a intenção de investir R$ 500 milhões para expandir a operação no Brasil – o que inclui fusões e aquisições, como Rocha deixa claro.

A expansão também inclui a contratação de executivos de peso como Rodrigo Guerrero, que assumiu a vice-presidência de vendas após 11 anos na Equinix.

Rocha também ressalta que o IPO da Claranet brasileira deve acontecer entre abril e outubro de 2024, embora não haja pressa. “Não é um fim, é um meio”, ressalta ele. “Eu tenho uma empresa com R$ 120 milhões em Ebtida. Três anos depois [do IPO] eu quero entregar R$ 1 bilhão”.

Confira os melhores momentos da conversa:

 

IT Forum: A Claranet anunciou a aquisição da ADTsys e tem uma estratégia de M&A considerável, com aquisições como a da Mandic em 2021 e da CorpFlex em 2020. Esse movimento deve continuar?

Edivaldo Rocha: Eu sou fundador da CorpFlex lá atrás. A Claranet [global] só tem um sócio em todo o mundo que sou eu. Ela entrou no Brasil via aquisição da CredibilIT em 2017, uma operação de cloud pública. Depois foram três anos de namoro comigo e eles só compram 100% de uma empresa. E para mim isso não fazia sentido.

Aí fizemos um “casamento” e sou o único sócio. Eu comprei a CredibilIT e eles compraram a CorpFlex. Eu fiz a integração e transformei o nome em Claranet Technology S.A. É a única [filial] que tem um sócio no mundo.

Em 2020 eu era a sétima [operação] do grupo [no mundo]. Em 2021 a quarta e agora sou a segunda, caminhando para ser a primeira. Compramos a Mandic e a ADTSys. E não para por aí.

Eu estou entrando em duas diligências para fazer [aquisições]. Nosso objetivo é ser a a maior empresa de cibersegurança na América Latina e de nuvem privada e pública do Brasil. Queremos ser a maior marca empregadora do País nos próximos cinco anos. Até 2028 terei quase 10 mil colaboradores.

A gente vai comprar nos próximos cinco anos entre 15 e 25 companhias. Vamos consolidar esse mercado, que é fragmentado. E a estratégia é cibersegurança, cloud privada e cloud pública. E uma última unidade de negócios que é de dados, DevOps e IoT.

Já estamos listados, e a partir de março do ano que vem fazemos o IPO [oferta pública de ações] da companhia. Isso é público. Estamos listados há oito trimestres.

 

IT Forum: Os R$ 500 milhões que a Claranet anunciou para expandir no Brasil servirão para essas compras?

Rocha: A gente tem entre R$ 500 milhões e R$ 1 bilhão. São aquisições e compras de plataformas. Temos uma plataforma, a RED – Reimaginando a Experiência Digital, que queremos aprimorar. Também queremos ter uma empresa mais interativa em nuvem, com workloads rodando em sincronia.

A gente tem aí uns R$ 50 milhões investidos na operação nos próximos dois anos. E podemos chamar esse capital de até R$ 1 bilhão.

 

IT Forum: Quais as perspectivas para o IPO? Quanto você pretende arrecadar?

Rocha: Fazer um IPO depende da curva de juros caindo. Precisa cair. Os IPOs no Brasil começam a partir de março do ano que vem no setor de tecnologia. Entre abril e outubro vamos fazer o IPO. Vou fazer no melhor momento porque não preciso [do IPO] para obter crescimento.

Não é um fim, é um meio. É um meio para pegar dinheiro e fazer projetos. Eu tenho uma empresa com R$ 120 milhões em Ebtida. Três anos depois [do IPO] eu quero entregar R$ 1 bilhão. Eu quero crescer a empresa em quase oito vezes.

No nosso IPO a gente espera [arrecadar] entre R$ 4,5 bilhões e R$ 8 bilhões. Essa é a expectativa. Porque eu preciso da liquidez.

 

IT Forum: Você está citando números de crescimento bastante elevados. Qual a estratégia para alcançá-los?

Rocha: É um projeto desafiador, mas a gente fez isso no passado. Temos uma equipe muito profissional, que trabalha junto há treze ou quatorze anos. A gente nunca acreditou em moda de crescimento sem geração de caixa. As empresas de sucesso são as geradoras de caixa. Eu sou da economia antiga, da economia real. Empresa que gera caixa e alimenta stakeholders.

Eu não mudei a estratégia, a gente faz isso desde 2004. E eu não vou mudar estratégia. Eu me preocupo com crescimento sim, mas com geração de caixa e valor alimentando o ecossistema para conseguir uma empresa perene. Eu não compro uma empresa se ela não agregar tecnologia e um certo expertise.

Eu sou ex-boia-fria. Nada é por acaso. A história fala por si só. Todas as empresas que cresceram com aporte estão quebradas. Não dá para acreditar em contos de fada.

 

IT Forum: Você falou de ser “a maior marca empregadora do País”, mas o Brasil enfrenta um déficit de profissionais qualificados, sobretudo na área de TI. Como contratar tanta gente?

Rocha: Para mim isso é mito de estatística. Tem que ter treinamento interno e qualificar os profissionais. Eu busco os profissionais nas universidades e treino. Quando se fala de profissionais de tecnologia, se você busca alguém na Amazon vai ter que treinar do mesmo jeito. A minha maior mão de obra está no primeiro ano da faculdade.

A gente não sofre [com a falta de profissionais] nem espero sofrer. Minha empresa é sexy, o cara que vem pode trabalhar com Amazon, Azure, Google… na nuvem privada também todas as tecnologias. Ainda pode trabalhar com dados, transformação. Mas precisa aprender o básico. A gente busca e treina, e o time vai ganhando. Tenho plano de carreira para esses caras.

Eu nunca vou buscar no mercado, só caras estratégicos. Mas a mão de obra em massa a gente forma dentro de casa.

 

IT Forum: Diante das suas perspectivas para a Claranet só posso supor que você está otimista com o cenário macroeconômico brasileiro em 2023 e nos próximos anos, correto?

Rocha: Extremamente otimista. O Brasil é o único país do planeta com a possiblidade de transformar. Temos oportunidades para pessoas físicas e jurídicas. Mas precisa do seguinte: trabalho forte. Só existe uma forma de sucesso: trabalho forte. É a coisa básica.

Eu acredito demais que a gente tem um cenário em que estamos surfando. Eu tenho uma situação favorável. As empresas querem pegar a onda da consolidação e fazer parte [da Claranet, sendo adquiridas]. Eu convido os donos das companhias a fazerem parte de um cenário maior.

Governo vai, governo vem, não importa. É preciso fazer o básico bem-feito. Nossa empresa ama pagar tributo. Amamos pagar impostos! A gente foca na essência do negócio, na automação, em melhorar a qualidade do cliente.

O resultado é consequência, não o inverso.

 

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Marcelo Gimenes Vieira

Editor do IT Forum. Jornalista com 12 anos de experiência nos setores de TI, telecomunicações e saúde, sempre com um viés de negócios e inovação.

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