Economia Digital é fator decisivo para o desenvolvimento do Brasil e toda a América Latina

Brecha de conectividade impede integração adequada para alavancar a região

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7:08 pm - 27 de abril de 2018
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Durante a III Cúpula Empresarial das Américas, realizada neste mês em Lima, no Peru, foi colocada em pauta a importância da economia digital para o desenvolvimento econômico e como as políticas públicas devem ser formuladas para que se adaptem. Para a Associação Brasileira de Infraestrutra para Telecomunicações (Abrintel) esse tema é um instrumento indispensável para o desenvolvimento do Brasil.

O presidente do Peru, Martín Vizcarra, destacou a necessidade de se acabar com a brecha de conectividade para conseguir uma integração adequada e alcançar o desenvolvimento de uma economia digital. “Estamos enfrentando uma falta de infraestrutura física e digital. Entidades como a CEPAL reconhecem que seria necessário investir cerca de 6% do PIB regional se quisermos mudar esse cenário”, disse o peruano.

Vizcarra falou da importância da TI e das telecomunicações como elemento essencial e pediu que governos (com o apoio de empresas privadas) trabalhem para capitalizar o impacto positivo do crescimento da tecnologia. Os cidadãos estão cada vez mais imersos em um ecossistema digital nas suas interações sociais, econômicas e de trabalho.

Estimativas do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) indicam que o sucesso da adoção do financiamento digital poderia gerar um crescimento de 6% (US$ 3,7 bilhões) no PIB das economias emergentes até 2025. Aumentar a inclusão e o acesso à infraestrutura digital continua sendo um grande desafio para a América Latina. Nesse contexto, é vital se prover uma regulamentação que apoie o desenvolvimento e a implantação de infraestrutura.

São Paulo, capital digital da América Latina

Recentemente, a Abrintel produziu um estudo “São Paulo: É possível ser a capital digital da América Latina?”. O levantamento mostra as deficiências da cidade e seu potencial para se tornar referência entre as metrópoles do continente em relação a serviços de dados e telefonia, capazes de suportar a crescente digitalização de atividades econômicas.

Estudos atualizados mostram que, nos últimos anos, mais de R$ 10 bilhões foram investidos em infraestrutura passiva no Brasil, o que não foi suficiente para melhorar o sinal da telefonia paulistana. O município precisaria triplicar o número de torres para melhorar o sinal e, até 2020, há um potencial represado de investimento próximo dos R$ 4 bilhões.

A jornada de licenciamento para aprovação de uma torre no município de São Paulo dura aproximadamente cinco anos. Mais de mil pedidos de instalação aguardam permissão e apenas uma torre de telefonia foi instalada em 2017. Representantes querem atualização de lei para destravar investimentos. O Projeto de Lei (PL 751/2013), em trâmite na Câmara Municipal desde 2013 (que busca diminuir a burocracia para os equipamentos), não tem previsão firme de votação em segundo turno, o que reduz as expectativas de uma solução breve.

“Um dos grandes freios para a implantação adequada de infraestrutura no país são as barreiras criadas pelas legislações municipais, que acabam constrangendo os serviços para todos usuários de telecomunicações e, pior, agravam a situação da população carente, que vive em comunidades periféricas dos grandes centros, onde as regras atuais praticamente proíbem a instalação de infraestrutura”, disse Lourenço Coelho, presidente da Abrintel.

Líderes e empresários presentes na cúpula concordaram que é fundamental trabalhar em uma agenda estratégica “público-privada”, que procure unir esforços da maneira mais eficiente possível para reduzir as grandes brechas ainda existentes na em toda a região.

 

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